31/12/2007

O Engenheiro

João Cabral de Melo Neto
A Antônio B. Baltar
A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
superfícies, tênis, um copo de água.
O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.
(Em certas tardes nós subíamos
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro).
A água, o vento, a claridade
de um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.

Publicado no livro O engenheiro (1945). In: MELO NETO, João Cabral de. Obra completa: volume único. Org. Marly de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p.69-70. Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira)

29/12/2007

Da Opus Dei à maçonaria: a incrível história do BCP

Como sou um adepto, embora condicional, do Miguel Sousa Tavares, exponho aqui a sua cronica desta semana, no Expresso.
"Em países onde o capitalismo, as leis da concorrência e a seriedade do negócio bancário são levados a sério, a inacreditável história do BCP já teria levado a prisões e a um escândalo público de todo o tamanho. Em Portugal, como tudo vai acabar sem responsáveis e sem responsabilidades, convém recordar os principais momentos deste "case study", para que ao menos a falta de vergonha não passe impune.
1 Até ao 25 de Abril, o negócio bancário em Portugal obedecia a regras simples: cada grande família, intimamente ligada ao regime, tinha o seu banco. Os bancos tinham um só dono ou uma só família como dono e sustentavam os demais negócios do respectivo grupo. Com o 25 de Abril e a nacionalização sumária de toda a banca, entrámos num período 'revolucionário' em que "a banca ao serviço do povo" se traduzia, aos olhos do povo, por uns camaradas mal vestidos e mal encarados que nos atendiam aos balcões como se nos estivessem a fazer um grande favor. Jardim Gonçalves veio revolucionar isso, com a criação do BCP e, mais tarde, da Nova Rede, onde as pessoas passaram a ser tratadas como clientes e recebidas por profissionais do ofício. Mas, mais: ele conseguiu criar um banco através de um MBO informal que, na prática, assentava na ideia de valorizar a competência sobre o capital. O BCP reuniu uma série de accionistas fundadores, mas quem de facto mandava eram os administradores - que não tinham capital, mas tinham "know-how". Todos os fundadores aceitaram o contrato proposto pelo "engenheiro" - à excepção de Américo Amorim, que tratou de sair, com grandes lucros, assim que achou que os gestores não respeitavam o estatuto a que se achava com direito (e dinheiro).2 Com essa imagem, aliás merecida, de profissionalismo e competência, o BCP foi crescendo, crescendo, até se tornar o maior banco privado português, apenas atrás do único banco público, a Caixa Geral de Depósitos. E, de cada vez que crescia, era necessário um aumento de capital. E, em cada aumento de capital, era necessário evitar que algum accionista individual ganhasse tanta dimensão que pudesse passar a interferir na gestão do banco. Para tal, o BCP começou a fazer coisas pouco recomendáveis: aos pequenos depositantes, que lhe tinham confiado as suas poupanças para gestão, o BCP tratava de lhes comprar, sem os consultar, acções do próprio banco nos aumentos de capital, deixando-os depois desamparados perante as perdas em bolsa; aos grandes depositantes e amigos dos gestores, abria-lhes créditos de milhões em "off-shores" para comprarem acções do banco, cobrindo-lhes, em caso de necessidade, os prejuízos do investimento. Desta forma exemplar, o banco financiou o seu crescimento com o pêlo do próprio cão - aliás, com o dinheiro dos depositantes - e subtraiu ao Estado uma fortuna em lucros não declarados para impostos. Ano após ano, também o próprio BCP declarava lucros astronómicos, pelos quais pagava menos de impostos do que os porteiros do banco pagavam de IRS em percentagem. E, enquanto isso, aqueles que lhe tinham confiado as suas pequenas ou médias poupanças viam-nas sistematicamente estagnadas ou até diminuídas e, de seis em seis meses, recebiam uma carta-circular do engenheiro a explicar que os mercados estavam muito mal.3 Depois, e seguindo a velha profecia marxista, o BCP quis crescer ainda mais e engolir o BPI. Não conseguiu, mas, no processo, o engenheiro trucidou o sucessor que ele próprio havia escolhido, mostrando que a tímida "renovação" anunciada não passava de uma farsa. E descobriu-se ainda uma outra coisa extraordinária e que se diria impossível: que o BCP e o BPI tinham participações cruzadas, ao ponto de hoje o BPI deter 8% do capital do BCP e, como maior accionista individual, ter-se tornado determinante no processo de escolha da nova administração... do concorrente! Como se fosse a coisa mais natural do mundo, o presidente do BPI dá uma conferência de imprensa a explicar quem deve integrar a nova administração do banco que o quis opar e com o qual é suposto concorrer no mercado, todos os dias... 4 Instalada entretanto a guerra interna, entra em cena o notável comendador Berardo - o homem que mais riqueza acumula e menos produz no país - protegido de Sócrates, que lhe deu um museu do Estado para ele armazenar a sua colecção de arte privada. Mas, verdade se diga, as brasas espalhadas por Berardo tiveram o mérito de revelar segredos ocultos e inconfessáveis daquela casa. E assim ficámos a saber que o filho do engenheiro fora financiado em milhões para um negócio de vão de escada, e perdoado em milhões quando o negócio inevitavelmente foi por água abaixo. E que havia também amigos do engenheiro e da administração, gente que se prestara ao esquema das "off-shores", que igualmente viam os seus créditos malparados serem perdoados e esquecidos por acto de favor pessoal.5 E foi quando, lá do fundo do sono dos justos onde dormia tranquilo, acorda inesperadamente o governador do Banco de Portugal e resolve dizer que já bastava: aquela gente não podia continuar a dirigir o banco, sob pena de acontecer alguma coisa de mais grave - como, por exemplo, a própria falência, a prazo.6 Reúnem-se, então, as seguintes personalidades de eleição: o comendador Berardo, o presidente de uma empresa pública com participação no BCP e ele próprio ex-ministro de um governo PSD e da confiança pessoal de Sócrates, mais, ao que consta, alguém em representação do doutor "honoris causa" Stanley Ho - a quem tantos socialistas tanto devem e vice-versa. E, entre todos, congeminam um "take over" sobre a administração do BCP, com o "agréement" do dr. Fernando Ulrich, do BPI. E olhando para o panorama perturbante a que se tinha chegado, a juntar ao súbito despertar do dr. Vítor Constâncio, acharam todos avisado entregar o BCP ao PS. Para que não restassem dúvidas das suas boas intenções, até concordaram em que a vice-presidência fosse entregue ao sr. Armando Vara (que também usa 'dr.') - esse expoente político e bancário que o país inteiro conhece e respeita.7 E eis como um banco, que era tão independente que fazia tremer os governos, desagua nos braços cândidos de um partido político - e logo o do Governo. E eis como um banco, que era tão cristão, tão "opus dei", tão boas famílias, acaba na esfera dessa curiosa seita do avental, a que chamam maçonaria.8 E, revelada a trama em todo o seu esplendor, que faz o líder da oposição? Pede em troca, para o seu partido, a Caixa Geral de Depósitos, o banco público. Pede e vai receber, porque há 'matérias de regime' que mesmo um governo com maioria absoluta no parlamento não se atreve a pôr em causa. Um governo inteligente, em Portugal, sabe que nunca pode abocanhar o bolo todo. Sob pena de os escândalos começarem a rolar na praça pública, não pode haver durante muito tempo um pequeno exército de desempregados da Grande Família do Bloco Central.Se alguém me tivesse contado esta história, eu não teria acreditado. Mas vemos, ouvimos e lemos. E foi tal e qual."

Fabricante indiano lançará automóvel por 1.700 euros em 2008

O fabricante indiano «Tata» lançará em finais de 2008 aquele que será o automóvel mais barato do mundo e que custará 1.700 euros, informa a revista especializada alemã «Autor, Motor e Desporto»
A empresa pretende apresentar o seu protótipo na feira do automóvel de Nova Deli, que decorrerá de 10 a 17 de Janeiro.
Trata-se de um veículo pequeno, à semelhança do lendário «Carocha» da Volkswagen, de quatro portas, com um motor de 30 PS e com 660 centímetros cúbicos, para o modelo a gasolina, ou de 700 para gasóleo.
Na primeira fase, a «Tata» propõe-se fabricar 250.000 veículos por ano, para passar ao milhão anual posteriormente.
De acordo com esta publicação, o veículo não será exportado para a Europa ocidental, porque não se adaptará aos seus padrões ambientais, sendo objectivo distribuí-lo na América Latina, África, Europa do Leste e Malásia.

Banco de Portugal abre novo processo contra o BCP

Acordaram agora ?
"É a segunda contra-ordenação aberta pelo regulador do sector financeiro. O primeiro tinha a ver com as dívidas de 12,5 milhões de euros não cobradas pelo BCP a um dos filhos de Jardim Gonçalves."

PECADO É PECADO...

Um Lisboeta, trabalhando no duro, suado, fato e gravata, vê um Alentejano deitado numa rede, na maior folga.
O Lisboeta não resiste e diz:
-Você sabia que a preguiça é um dos sete pecados capitais?
E, o Alentejano, sem se mexer, responde:
-Pois, a inveja também!!!

Calendários ao longo da História!

A humanidade desenvolveu diversos calendários, ao longo dos séculos. O objectivo inicial era prever as estações, determinar épocas ideais para plantio e colheitas ou mesmo estabelecer quando deveriam ser comemorados feitos militares ou realizadas actividades religiosas. Alguns desses calendários continuam a ser usados, tais como o Judeu, o Muçulmano e o Chinês.Para medir os ciclos, muitos povos valeram-se da lua, outros do sol. Em ambos os casos defrontaram-se com dificuldades. O Ano Trópico, intervalo de tempo em que a Terra leva para completar o seu trajecto orbital completo em torno do sol, corresponde a 365,242199 dias.Como nos calendários o ano é estabelecido em anos inteiros, surge uma diferença (0,242199 dias se o calendário for de 365 dias), que vai se acumulando ao longo do tempo, transformando-se em erro de dias inteiros ou semanas.Para corrigi-los são incluídos de tempos em tempos, dias extras (29 de fevereiro, em anos bissextos) ou mesmo meses, caso do calendário Judeu.
Estes são os calendáriso conhecidos!
Calendário asteca
Calendário babilônico
Calendário chinês
Calendário egípcio
Calendário grego
Calendário gregoriano
Calendário hindu
Calendário indígena
Calendário judaico
Calendário juliano
Calendário lunar
Calendário maçônico
Calendário maia
Calendário muçulmano
Calendário permanente
Calendário positivista
Calendário revol. francesa
Calendário romano
Calendário solar
Calendário universal

CALENDÁRIO ASTECA

O calendário asteca era basicamente igual ao dos maias. O ano possuí início no solstício de inverno com um ciclo de 18 meses de 20 dias cada e mais um curto período, ou mês diminuto de 5 dias. Com 104 anos comuns tinha-se um grande ciclo no qual intercalavam 25 dias. Laplace, matemático, dizia que o ano-trópico asteca era mais exato do que o de Heparco. Essa exactidão do ciclo de 260 anos sagrados em relação ao exacto movimento do Sol, possuía uma diferença de apenas 0,01136 de dia, ou seja, um pouco mais de um centésimo de dia.
O calendário asteca dava aos dias nomes próprios que correspondiam a números de ordem no decorrer do mês.Os dias corriam de 1 a 20, e os festivais eram comemorados no último dia do mês.A escrita da data informava o ano em curso, o número e o nome do dia, sem mencionar o dia do mês e o próprio mês. Para citar uma ocorrência de longa duração, os astecas informavam apenas o ano em curso.
Nomes no calendário asteca
Dias correspondentesno mês
Cipactili Ehecatl Calli Cuetzpalin Coatl
Miquiztli Mazat Tochtli Atl Itzcuintli
Ozimatili l Mallinalli Acatl Ocelotl Quauhtli
Cozcaquauhtli Ollin Tecpatl Quiauitl Xochitl
4 5 1 2 3
9 1 0 6 7 8
14 15 11 12 13
19 20 16 17 18
Os meses no calendário asteca eram 18, totalizando 360 dias, mais cinco dias suplementares, denominados Nemotemi ou "dias vazios"

p://puccamp.aleph.com.br/1999/calendario/asteca.html

ALHO: UM SANTO REMÉDIO

Alho (Allium sativum L.), membro da família das cebolas, tem sido cultivado desde á milhares de anos e, é usado largamente pelos seus ambos atributos, culinário e medicinal. À medida que nos tornamos mais acostumados ao sabor do alho, e nos tornamos conhecedores dos múltiplos benefícios que comer alho traz à saúde, a popularidade desta especiaria tem crescido.
A maioria das espécies de alho cresce em clima ameno. As espécies nativas em clima amenos e transportadas para clima frio, normalmente não se desenvolvem bem e quase sempre apresentam um sabor excessivamente forte. O alho é uma espécie de planta adaptável a diversos climas, entretanto, e ao longo de milhares de anos, foram desenvolvidas variedade que crescem bem em clima frio e sempre com um sabor melhor.
O alho está disponível o ano inteiro, e sob diversas formas além do alho fresco, como em pó, em flocos, óleo ou puré.
Benefícios à saúde
As propriedades medicinais e os benefícios que o alho traz à saúde são de há muito conhecidas. O alho tem sido considerado a “maravilha das drogas” herbáticas, com a reputação folclórica de “curar desde um simples resfriado até a peste bubônica”. Tem sido muito usado na medicina herbática (fitoterapia). Cru, tem sido aplicado no tratamento de alguns sintomas da acne, e há algumas evidencias de que pode ajudar na administração dos níveis de colesterol. Pode ser usado até como repelente natural de mosquitos.
Em geral, quanto mais forte o sabor do alho maior o teor de enxofre, portanto, maior o seu valor medicinal. Algumas pessoas sugerem que o alho orgânico tende a ter mais enxofre ainda.
Alguns preferem consumir os suplementos do alho (pílulas e cápsulas) o que evita o hálito de alho.
A ciência moderna mostrou que o alho é um poderoso antibiótico, embora de acção generalizado, não específica a algum tipo de infecção, com a grande vantagem de que o organismo parece não desenvolver resistência conta ele, o que possibilita um benefício à saúde e capacidade curativa contínua, ao longo do tempo.
Antioxidante
Dois estudos mostram que o alho – especialmente o envelhecido – podem ter um poderoso efeito antioxidante. Os antioxidantes ajudam a proteger o corpo contra os “radicais livres”.
Anticoagulante
Pela sua característica anticoagulante, é recomendável para pessoas com pressão arterial elevada, não sendo recomendado o seu consumo p'ra pessoas recém submetidas a cirurgias.
Desobstrui as vias respiratórias
Por na boca um dente de alho cru, levemente ferido, desobstrui as vias respiratórias, sendo possível até que sejam repelidas crises de asma.
Efeitos colaterais
1. Quando consumido cru e em grande quantidade pode trazer problemas ao sistema digestivo.
2. Pela sua característica anticoagulante, não é recomendado o seu consumo p'ra pessoas recém submetidas a cirurgias.
3. Alergias ao alho podem apresentar resseca mento da pele, elevação da temperatura do corpo (estado febril) e dor de cabeça.
Você sabia?
O alho elefante não é realmente alho e seu sabor é muito mais moderado que o do alho branco.
por: felipex

A vida é muito exigente

A vida é muito exigente
Nada sente, nada espera
trata da gente exatamente
como a gente trata dela

E é tão preeminente
que se a gente não sorrir pra ela
ela fica de mal com a gente

Então, dialogue com ela
de agora em diante, aja diferente
pense e plante nela
diariamente do sorriso a semente

Nunca desista dela
e ela será sempre complacente
e muito condescendente
trazendo alegria corrente

Lute por ela
e ela jamais será resistente
Seja insistente
creia nela
e ela será sempre surpreendente!

Big Bang

Em 1927 foi formulada por George Lemaitre a teoria de que o universo se originou a partir de uma grande explosão, o Big Bang. Hoje já não é assim ?

Vidas Entrelaçadas...

A chuvinha fina da esperança
Plantamos a dourada semente de vida
Escrevemos nosso livro de lembranças,
podemos fechar o romancemesmo sem um último capítulo
Nossa imaginação tinha navegadoatravés de lagos e oceanos
agora estamos na beira de um riacho
que parou de correr, falta de ninguém
Foi tudo tão maravilhoso
quando os sonhos voavam livres.
Felizmente o céu continua azul
nossas asas ainda pedem mais vento
sem feridas nem cicatrizes.Levamos corações mais afinados
para dançar outras valsas
Pelas imutáveis regras do universo,você continuará a ser parte de mim
e eu parte de você para sempre
no ciclo de vidas entrelaçadas...
Autor: Joseph E. de Sousa

Penhora online de veículos disponível a partir de segunda-feira

pois, então será para os "suspeitos" do costume...
"A penhora de veículos através da Internet passa a ser possível a partir de segunda-feira, uma medida que vai permitir a redução em 50 por cento do valor actual cobrado em qualquer conservatória, anunciou o Ministério da Justiça.Numa primeira fase, o serviço será disponibilizado, a título experimental, a alguns solicitadores de execução, seleccionados pela Câmara dos Solicitadores. A partir do final de Janeiro de 2008 estará disponível para todos os solicitadores de execução do país. "

23/12/2007

CMVM vê sinais de «ilícito criminal» no BCP.

O mais interessante nesta estória, é o facto dos bancos serem obrigados a terem empresas a fazer-lhes auditorias; a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários a superintende-los, etc, etc, e nunca ninguém viu nada de anormal?!
Eu, tal como milhares de pessoas neste país, sou cliente deste banco e como todos os outros andamos a pagar e bem, para estes Srs, que se aproveitam e bem, do lugares que ocupam e da complacencia dos que deviam zelar pela boa organização e cumprimento dos deveres, do banco com a sociedade!
"(CMVM) já finalizou as suas investigações preliminares à gestão do Grupo BCP, «tendo concluído pela existência de indícios seguros de ilícitos criminais», avança o jornal Público na edição deste sábado."

22/12/2007

Lobos e cordeirinhos

De: Miguel Sousa Tavares
No Expresso.
Publico-o pois concordo com ele!

"1 Por causa das gravuras supostamente paleolíticas de Foz Coa (algumas desenhadas há 30 anos) deixou de se fazer uma barragem que era importante para a regularização do Douro; e, por não se ter feito essa barragem, vai avançar-se agora com a respectiva compensação, que é uma barragem no Sabor - um dos últimos rios despoluídos e em estado natural do país - que terá consequências ambientais desastrosas. Mas, na altura, Guterres e Carrilho queriam inaugurar o seu Governo com uma caução 'cultural', cavalgando uma onda de demagogia imaginada por uma inteligente máquina propagandística de interessados em arranjar um 'tacho' no futuro Parque Paleolítico do Coa. "As gravuras não sabem nadar", gritavam eles. E, porque as gravuras não sabem nadar, destrói-se o rio Sabor.
Tempos depois, foi a vez das pegadas da passagem de um dinossauro na CREL. "Achado arqueológico de extrema importância", arranjou logo os seus acérrimos defensores. Fez-se então um túnel, para preservar por cima as marcas indeléveis da passagem do dinossauro excelentíssimo. Tal como em Foz Coa, as boas almas que se encarregam de desbaratar dinheiros públicos a qualquer pretexto juraram que o local seria ponto de permanente romaria de criancinhas das escolas, levadas compulsivamente, e de milhares, milhões de adultos, idos voluntariamente, em súbito fervor histórico-cultural. E só a chegada do défice evitou que ao túnel se juntasse ainda um museu do dinossauro. Mesmo assim, milhões e milhões e milhões depois, duvido que mais de uma dúzia de curiosos por ano se preocupe em ir ver as pegadas do bicho; e, quanto a Foz Coa, retenho a exclamação sentida de uma habitante local, aqui há tempos: "Até agora, ainda não ganhámos nada com as gravuras!" Pois não , minha senhora, mas isto de ganhar dinheiro sem fazer nada, apenas abrindo a torneira do Estado, não acontece todos os dias.
Agora, li aqui que, por cima da A-24, entre Vila do Conde e Vila Pouca de Aguiar, se fez um 'loboduto', para que os distintos animais (que não se sabe ao certo quantos são) não vejam interrompidos os seus supostos territórios de passagem na serra da Falperra. Eu acho o lobo um animal interessante e Deus me livre de não os querer preservar. Mas, francamente, 100 milhões de euros (20 milhões de contos!) por um 'loboduto' - onde, ainda por cima e segundo testemunhos locais, é improvável que venha a passar algum lobo, porque não só não se sabe se eles existem mesmo ali como ainda se sabe que ao lado existe uma pedreira que costuma fazer explosões - parece-me um bocadinho, como direi, talvez exagerado?... Vamos admitir que existem por ali dez lobos, a quem aquilo facilita a vida; vamos mesmo admitir que existem vinte: um milhão de contos por lobo não será de mais? Quantos anos, e sempre com gravíssimos problemas de saúde e assistência, não teria de viver um português para que o Estado gastasse com ele um milhão de contos?
Como se conseguiu chegar a este verdadeiro deboche contabilístico? Segundo conta o 'Expresso', da maneira mais simples e mais habitual: através da contratação de estudos e pareceres técnicos a 'especialistas'. A consultadoria para o Estado - um dos mais prósperos negócios que existem em Portugal.
2 Pela mesma altura de Foz Coa - governava Guterres e era ministro da Economia Pina Moura -, a consultadoria externa levou o Estado a celebrar outro extraordinário negócio. Existia uma empresa privada, a Grão Pará, que parece que tinha o mau hábito de se esquecer de pagar à Segurança Social. Já uma vez tinha conseguido negociar de forma a que o Estado lhe pusesse as dívidas a zero, mas, anos depois, estava outra vez na mesma situação. Como resolver o problema? Por dação em pagamento. Acontece que a dita empresa tinha dois bens, qual deles o mais valioso. Um era um hotel no Funchal, construído ao lado do que dava para imaginar facilmente que um dia seria o prolongamento da pista de aterragem do aeroporto. Quando a pista foi mesmo prolongada, o hotel ficou condenado à falência, porque não há muitos hóspedes que queiram dormir onde aterram aviões. O outro era o Autódromo do Estoril, onde sucessivas injecções de dinheiros públicos não tinham conseguido o milagre de o tornar rentável nem sequer de lá manter a Fórmula 1. E foi com estes dois bens falidos que o Estado se contentou em troca do perdão da dívida. Na altura escrevi um artigo perguntando como é que um Governo que tudo queria privatizar se lembrava de 'nacionalizar' um autódromo e como é que o Estado transformava um crédito num encargo financeiro para si. Respondeu no mesmo jornal o ministro Pina Moura. Dizia que o autódromo era essencial para o turismo e para o 'interesse público' e que, feitas umas pequenas obras de melhoramento, logo regressaria a Fórmula 1 e lucros a perder de vista.
Passaram-se dez anos e o Autódromo do Estoril, depois de dezenas de milhões de euros de dinheiros públicos gastos em melhoramentos, manutenção e honorários dos seus administradores (e, obviamente, sem jamais voltar a ver a Fórmula 1 ou qualquer coisa que se parecesse), foi esta semana posto em leilão público por 35 milhões de euros. Não apareceu nenhum interessado. Pelo que, das duas uma: ou se arrasa e urbaniza tudo aquilo (fazendo mais uma alteração legislativa, porque os terrenos são de construção proibida), ou teremos de continuar a suportar eternamente os custos deste brilhante acto de governação.
3 E sabem porque é que estas coisas acontecem? Porque há um poderosíssimo lóbi de consultadoria instalado à mama do Estado, há anos sem fio, que dita, influencia e condiciona as decisões dos executivos. Para 2008, o Governo orçamentou 370 milhões de euros (!) para gastar com eles em "estudos, pareceres, projectos e consultadoria". Eles, quem? Pois, isso é segredo de Estado, Há um ano que o semanário 'Sol' tenta obter, ao abrigo da Lei de Acesso aos Documentos Administrativos, a lista dos beneficiários deste bodo. Em vão. O Governo fecha-se em copas e os tribunais administrativos protegem-lhe a manha. É que, se visse a público a lista das eminentes personalidades, dos ilustres técnicos e dos influentes escritórios de advogados e consultores que entre si fazem assessoria aos governos - seja para comprar armas, submarinos ou autódromos ou para dar parecer técnico sobre 'lobodutos' ou contratos com Angola -, uma grossa fatia da respeitabilidade pública desabaria por terra.
Repito o que de há muito venho dizendo: em termos de cidadania, há duas espécies de portugueses - os que vivem a pagar ao Estado e os que vivem a tirar ao Estado. E o resto é conversa de comendadores ou de 'benfeitores'."

Ainda o Tratado de Lisboa

vá-se lá saber !
"O que vão pensar os outros líderes europeus de um primeiro-ministro que hesita durante uma semana se deve ou não deixar-se fotografar a assinar o tratado?"

William Hague, político britânico, sobre o facto de Gordon Brown ter assinado sozinho [mais duas horas depois restantes líderes dos 27] o Tratado de Lisboa. Público, 14/12/2007 »

DEDICATÓRIA AOS GRANDES DE PORTUGAL (CARTAS CHILENAS)

Ilmos. e Exmos. senhores,
Apenas concebi a idéia de traduzir na nossa língua e de dar ao prelo as Cartas Chilenas, logo assentei comigo que Vv. Exas. haviam de ser os Mecenas a quem as dedicasse. São Vv. Exas. aqueles de quem os nossos soberanos costumam fiar os governos das nossas conquistas: são por isso aqueles a quem se devem consagrar todos os escritos, que os podem conduzir ao fim de um acertado governo.
Dois são os meios por que nos instruímos: um, quando vemos ações gloriosas, que nos despertam o desejo da imitação; outro, quando vemos ações indignas, que nos excitam o seu aborrecimento. Ambos estes meios são eficazes: esta a razão por que os teatros, instituídos para a instrução dos cidadãos, umas vezes nos representam a um herói cheio de virtudes, e outras vezes nos representam a um monstro, coberto de horrorosos vícios.
Entendo que Vv. Exas. se desejarão instruir por um e outro modo. Para se instruírem pelo primeiro, têm Vv. Exas. os louváveis exemplos de seus ilustres progenitores. Para se instruírem pelo segundo, era necessário que eu fosse descobrir o Fanfarrão Minésio, em um reino estranho! Feliz reino e felices grandes que não têm em si um modelo destes!
Peço a Vv. Exas. que recebam e protejam estas cartas. Quando não mereçam a sua proteção pela eloqüência com que estão escritas, sempre a merecem pela sã doutrina que respiram e pelo louvável fim com que talvez as escreveu o seu autor Critilo.
Beija as mãos
De Vv. Exas.
O seu menor criado...

Tomás Antônio Gonzaga

Dez réis de esperança

Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.
António Gedeão

Pedra Filososal

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão

04/12/2007

Este ano não vai haver presépio!

Este ano não vai haver presépio!...
Lamentamos mas:
- Os Reis Magos lançaram uma OPA sobre a manjedoura e esta foi retirada do estábulo até decisão governamental ;
- Os camelos estão no governo;
- Os cordeirinhos estão tão magros e tão feios que não podem ser exibidos;
- A vaca está louca e não se segura nas patas;
- O burro está na Escola Básica a dar aulas de substituição;
- Nossa Senhora e São José foram chamados à Escola Básica para avaliar o burro;
- A estrelinha de Belém perdeu o brilho porque o Menino Jesus não tem tempo para olhar para ela;
- O Menino Jesus está no Politeama em actividades de enriquecimento curricular e o tribunal de Coimbra ordenou a sua entrega imediata ao pai biológico ;
- A ASAE fechou  temporariamente o estábulo pela falta da manjedoura e, sobretudo, até serem corrigidas as péssimas condições higiénicas do estábulo, de acordo com as normas da UE.