15/12/2008

Fecho deste Blogue e passagem para novo local.

Vamos mudar de casa, com nova gente e novos metodos.
Fechamos : http://mirobriga.blogspot.com/ e vamos para: O Menir2 http://marcoisolado.blogspot.com/

14/12/2008

O Banco de Portugal acusou oito ex-gestores executivos do Banco Comercial Português

E agora como vai ser ?
O Banco de Portugal acusou oito ex-gestores executivos do Banco Comercial Português (BCP) de, entre outras coisas, terem prestado informações falsas e incompletas e de terem facultado às autoridades dados contabilísticos errados que não reflectiam o valor real do banco.
Uma situação resultantes da compra de acções próprias por off-shores ligadas ao BCP e que, segundo o supervisor, lhe foram ocultadas. Segundo o PÚBLICO anuncia na edição impressa de amanhã, para além dos três últimos ex-presidentes executivos do BCP, Jorge Jardim Gonçalves, Paulo Teixeira Pinto e Filipe Pinhal, o BdP notificou ainda Cristopher de Beck, António Castro Henriques, António Rodrigues, Alípio Dias e Alexandre Magalhães. Estes têm agora 30 dias para se defenderem das acusações de que são alvo por parte do BdP. O supervisor deixou de fora da acusação três ex-executivos: Alexandre Bastos Gomes, Francisco Lacerda e o polaco Boguslaw Kott.

12/12/2008

FRANZ SCHUBERT - Sonata.

E a propósito de Schubert, nada como uma pequena anedota sobre a sua "Sinfonia Inacabada"
Um administrador adepto de primeira hora da doutrina neoliberal, ganhou um convite para assistir a um concerto da Sinfonia Inacabada de Franz Schubert. Como estivesse impossibilitado de comparecer, deu o convite ao seu gerente de Organização, Sistemas e Métodos. Na manhã seguinte, o administrador perguntou-lhe se tinha gostado do concerto. Ao invés de comentários sobre o que ouvira e vira recebeu o seguinte relatório:

 

Circular Interna nº 13/03

 

De: Gerência de Organização, Sistemas e Métodos

Para: Directoria

 

Ref: Sinfonia Inacabada

 

1-Por um período considerável de tempo, os músicos com oboé, não tinham nada para fazer. O seu número deveria ser reduzido e o seu trabalho redistribuído pelos restantes membros da orquestra, evitando-se assim estes picos de inactividade;

 

2-Todos os violinos da primeira secção, doze ao todo, tocavam notas idênticas. Isso parece ser uma duplicação desnecessária de esforços e o número de violinos nessa secção deveria ser drasticamente reduzido. Se for necessário um volume de som alto, isso poderia ser obtido através do uso de um amplificador;

 

3-Muito esforço foi dispendido ao tocarem semitons. Isto parece ser um preciosismo desnecessário e seria recomendável que as notas fossem executadas no tom mais próximo. Se isso fosse feito, poder-se-iam utilizar estagiários em vez de profissionais;

 

4-Não há utilidade prática em repetir com os metais a mesma passagem já tocada pelas cordas. Se toda esta redundância fosse eliminada, o concerto poderia ser reduzido de duas horas para apenas vinte minutos;

 

5-Enfim, resumindo as observações dos pontos anteriores, poderemos concluir que se Schubert tivesse dado um pouco de atenção a estes pontos, talvez tivesse tido tempo para acabar a sua sinfonia inacabada.

11/12/2008

Farmácia ...

*/A velhinha, com mais de 80 anos, mas toda eléctrica, entra na farmácia.
- Têm analgésicos?
- Temos sim senhora.
- Têm remédio contra reumatismo?
- Temos sim senhora.
- Têm Viagra?
- Temos sim senhora.
- TÊm vaselina?
- Temos sim senhora.
- Têm pomada anti-ruga?
- Temos sim senhora.
- Têm gel para hemorróidas?
- Temos sim senhora.
- Têm bicarbonato?
- Temos sim senhora.
- Têm antidepressivos?
- Temos sim senhora.
- Têm soníferos?
- Temos sim senhora.
- Têm remédio para a memória?
- Temos sim senhora.
- Têm fraldas para adultos?
- Temos sim senhooooora.
- Têm...
- Minha senhora, aqui é uma farmácia, nós temos isso tudo. Qual é o seu problema?
- É que vou casar no fim do mês. Meu noivo tem 95 anos e nós gostaríamos de saber se podemos deixar nossa Lista de Casamento aqui...???/
*


Veja quais são os assuntos do momento no Yahoo! + Buscados: Top 10 - Celebridades - Música - Esportes

10/12/2008

Antitrust: Commission fines car glass producers over ?1.3 billion for market sharing cartel

E em Portugal ?

The European Commission has imposed fines, totalling €1 383 896 000 on Asahi, Pilkington, Saint-Gobain and Soliver for illegal market sharing, and exchange of commercially sensitive information regarding deliveries of car glass in the EEA, in violation of the EC Treaty's and the EEA Agreement's ban on cartels and restrictive business practices (Article 81 of the EC Treaty and Article 53 of the EEA Agreement). Asahi, Pilkington and Saint-Gobain are the three major players in Europe. Between early 1998 and early 2003 these companies discussed target prices, market sharing and customer allocation in a series of meetings and other illicit contacts. The Belgian company Soliver also took part in some of these discussions. These four companies controlled about 90% of the glass used in the EEA in new cars and for original branded replacement glass for cars at that time, a market worth about €2 billion in the last full year of the infringement. The Commission started the cartel investigation on its own initiative following a tip-off from an anonymous source. The Commission increased the fines on St Gobain by 60% because it was a repeat offender. Asahi provided additional information to help expose the infringement and its fine was reduced by 50% under the Leniency Notice. These are the highest cartel fines Commission has ever imposed, both for an individual company (€896 000 000 on Saint Gobain) and for a cartel as a whole.

 

GEOTA: A maior parte dos municípios continua a deixar construir sem planos

Dez anos depois da entrada em vigor da Lei de Bases de Ordenamento do Território e Urbanismo, a situação continua “confrangedora”, construindo-se sem planos na maioria dos municípios, criticou hoje o grupo ambientalista GEOTA.

Odete Santos. Pasmem!

Embora não seja muito de trazer aqui noticias deste tipo, esta pela sua particularidade especial merece-me algum relevo.

Foi retirado do nosso companheiro: Democracia em Portugal
http://democraciaemportugal.blogspot.com/2008/12/odete-santos-milionria-mas-contra-o.html

Declaração de rendimentos da camarada Odete Santos
Declaração de 2005
Deputada e Presidente da Assembleia Municipal de Setúbal
Trabalho dependente - 48.699,48€
Trabalho Independente - 6.860,19€
Rendimentos prediais - 1.369,38€
Património Imobiliário - 1 prédio urbano em Setúbal, 1 fração em Setúbal, 3 prédios rústicos na Guarda, 22 prédios rústico na Guarda
Automóveis- 1 ligeiro Lancia.
Contas Bancárias- Certificados de aforro do instituto de gestão financeira no valor de 2.400.000 mil €.
Mais 5 certificados de aforro no valor de:
300 mil €, ... 621 mil €, ... 400 mil €, .. 1.613.000 mil €, ... 391 mil €

Parece-me uma quantia apreciavel de rendimentos e bens...

Bolo de Mel da Madeira.

Quando a inspiração e a coragem andam de mãos dadas, há dias em que apetece embarcar numa espécie de aventura culinária, sem o compromisso das expectativas, apenas o de cozinhar, por mero prazer... manda a tradição, que o bolo de mel seja preparado no dia 8 de Dezembro, para estar no "ponto" por altura do Natal, festa onde o bolo de mel marca presença obrigatória.

Ingredientes:
250gr de pão em massa, 1,250kg de farinha, 500gr de açúcar, 9dl de mel de cana, 250gr de manteiga, 350gr de banha, 1kg de nozes, 125gr de amêndoas, 50gr de cidrão, 1 cálice de vinho da madeira, 3 colheres de sopa rasas de bicarbonato de sódio, 2 laranjas, 12gr de erva-doce, 25gr de canela, 6gr de cravinho, 6gr de pimenta da Jamaica, 1 colher de chá de sal, meias nozes, amêndoas e cidrão para enfeitar.
De véspera, compra-se o pão em massa, polvilha-se com um pouco de farinha, embrulha-se num pano e coloca-se em local morno. No dia seguinte, peneiram-se para um alguidar a farinha com o açúcar, faz-se uma cova no meio e deita-se aí o pão em massa, amassa-se tudo de modo a obter uma massa homogénea.
Continuando a amassar, adiciona-se o mel morno com as gorduras, depois as frutas grosseiramente picadas, o vinho onde se dissolveu o bicarbonato, o sumo e a raspa da casca das laranjas e finalmente as especiarias. Quando, bem amassada, a massa se separar do alguidar, abafa-se com um cobertor e deixa-se levedar em local temperado durante 3 a 4 dias.
Divide-se então a massa em bocados segundo o tamanho pretendido, que se colocam em formas redondas e baixas, muito bem untadas com manteiga. Enfeita-se a superfície com meias nozes, amêndoas peladas e bocados de cidrão e levam-se os bolos a cozer em forno bem quente. Depois de frios embrulham-se os bolos em papel vegetal ou em película aderente e guardam-se em caixas de folha.

 

 

Constâncio (Governador do Banco de Portugal) ganha mais do dobro que Bernanke.

Além de "não ter competências" para verificar a miséria que é o nosso sistema bancário, de não saber de nada ..

"Vítor Constâncio é um dos governadores de banco central mais bem pagos do mundo. Em termos absolutos, Constâncio ganha mais do dobro do presidente do Federal Reserve dos EUA, Ben Bernanke: 250 mil euros anuais contra 140 mil. Comparando com o rendimento de cada país, a diferença é ainda mais gritante: Constâncio ganha 18 vezes o rendimento per capita de Portugal, contra 4,2 vezes de Bernanke. Os dados são do Jornal de Negócios.

O ranking estabelecido pelo Jornal de Negócios tem no topo o presidente do banco central de Hong Kong, com 896 mil euros/ano e 38,8 vezes o rendimento nacional per capita, seguido do presidente do Banco Central da Itália, com 650 mil euros e 26,6 vezes o rendimento nacional (dados de 2003, já que o valor deixou de ser divulgado). Constâncio vem em 3º lugar.

É importante, porém, dizer que os salários dos presidentes dos bancos centrais de sete países europeus não são divulgados: Malta, Grécia, Itália, Áustria, Chipre, Espanha, Eslovénia.

Depois de Constâncio, porém, figuram países muito mais ricos do que Portugal. O próprio presidente do banco central Europeu, Jean-Claude Trichet, apesar de ganhar mais que Constâncio em termos absolutos (345 mil euros/ano), ganha 13 vezes o rendimento per capita da Europa.

O mais "pobre" é Swein Gjedrem, da Noruega, que ganha 189 mil euros/ano ou 3,4 vezes a média do rendimento nacional.

 

 

O Benfica.

O Benfica é como os tomates, pois:

Também é vermelho, participa na festa, mas nunca chega a entrar...

P:Como é que se sabe, se um automóvel é antigo?
R:Se houver um autocolante no vidro traseiro a dizer "Benfica Campeão"

P: Porque é que o Benfica vai passar a ser patrocinado pela BP
R: Porque a BP dá pontos.

P: Porque é que os benfiquistas vão começar a plantar batatas nas margens do relvado.
R: Para terem algo no final da época.

P: O que é que o general Pinochet e o Benfica têm em comum?
R: Ambos juntam as pessoas em estádios de futebol para as torturarem.

P: O que é um adepto do Benfica abandonado no espaço?
R: Um problema

P: O que são dois adeptos do Benfica abandonados no espaço?
R: Um problema ainda maior.

P: O que são todos os adeptos do Benfica abandonados no espaço?
R: A solução do problema.

P: O que é que o treinador do Benfica diz quando a equipa marca um golo?
R: "Fantástico. Agora vamos tentar marca na outra baliza..."

P:Sabe quando é que o Benfica vai ser campeão?
R: Quando o Estado acabar com as listas de espera

P:Sabe porque é que o Quique Flores veio para o Benfica?
R: Porque os médicos mandaram-no afastar do Futebol.

P:Qual a semelhança entre o Benfica e o Pai Natal?
R:Os dois são vermelho, aparecem uma só vez no ano e só os parvos acreditam nele..

09/12/2008

O Estatuto dos Açores e a chicana

Cavaco Silva tem toda a razão no que diz respeito ao Estatuto dos Açores. Mais do que a razão, Cavaco tem do seu lado o bom senso, a lei e a defesa de um conceito de país que é - estou em crer - o da maioria dos portugueses. Acontece, porém, que a anestesia geral em que se tornou a política não permite que os eleitores percebam inteiramente o que está em jogo.

Mas o que está em jogo, para se ser claro nesta matéria, é razoavelmente simples e pode resumir-se assim:

 

1) A ideia de autonomia, que confere um poder excessivo aos governos regionais, tornou-se uma espécie de 'bacalhau a pataco' para os eleitores das regiões autónomas. Assim, tanto o PS nos Açores como o PSD na Madeira reivindicam mais autonomia;

2) Os dois maiores partidos ficam reféns dos respectivos líderes regionais, para poderem contar com os seus votos no Parlamento e nas autárquicas;

3) O PS, para satisfazer o desejo de Carlos César, aprovou um Estatuto que reduz os poderes do Presidente, ou se preferirem, os poderes do Estado português em matéria de política regional;

4) O PSD alinhou com o PS;

5) O Presidente não gostou e vetou o diploma;

6) O PS prepara-se para o confirmar, votando assim a redução do controlo por parte do poder central sobre o poder regional.

 

Já agora adiante-se que a esmagadora maioria dos constitucionalistas - de Jorge Miranda, a Marcelo Rebelo de Sousa passando por Vital Moreira - é contra este Estatuto que o PS quer confirmar e dá razão às objecções do Presidente. O mesmo se passa, por exemplo, com o insuspeito António Vitorino, ou até com outros deputados do PS como Paulo Pedroso ou Vera Jardim. Mas tal não comove a direcção do PS e, em particular, José Sócrates. Parece que para ele tudo é redutível à luta política independentemente dos danos que se possa causar à sã convivência entre as regiões e o Continente. Acresce que o PS, ao sentir que esta é uma oportunidade para afrontar Cavaco e tentar 'partir' o PSD, estica a corda ainda mais.

É tempo de alguém mais do que o Presidente ter um sobressalto com esta matéria. Porque motivo havemos de dar tantos poderes aos Governos regionais? Porque motivo o Presidente, que pode dissolver o Parlamento Nacional, fica tolhido para dissolver os regionais? Porque motivo a República não há-de ter representantes nas regiões da Madeira e Açores?

Não há respostas políticas a estas perguntas. Há apenas chicana; uma rendição ao pior que a política tem.

 

Henrique Monteiro

 

 

Frases

"Se o PSD fosse um filme de terror seria daqueles tão implausíveis que passaríamos o tempo todo a ridicularizar o realizador: 'Mas como é que é possível que ele queira que nós acreditemos nisto?'"

João Miguel Tavares, "Diário de Notícias", 09-12-2008

 

 

08/12/2008

A IMAGEM MEDIÁTICA DOS MEDIA

João César das Neves
Professor universitário naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
Ninguém emenda um erro que não reconhece. Quem acha que tudo vai bem só corrige o mal demasiado tarde. A recente crise financeira mostra muitos casos destes. Em Portugal, onde vários sectores se reconhecem em graves dificuldades, há um que se julga em sucesso. Por isso é esse que tem realmente problemas graves. Não por serem grandes, mas por não serem assumidos.
Hoje o jornalismo reina soberano. Faz e desfaz poderes, promove e derruba personalidades, decreta juízos, recebe vassalagem de todos os interesses. Para um sector que ainda há anos passou por turbulências sérias, dificilmente se imaginaria situação mais vantajosa. Precisamente por isso, o jornalismo português vive um dos momentos mais perigosos da sua história.
A nossa imprensa traz pouca informação. Muita análise, intriga, provocação, boato, emoção, combate, mas pouca informação. O público não quer jornalismo, quer entretenimento. Para ter sucesso o repórter precisa de ter graça, ser espirituoso, ver o aspecto insólito. Assume uma atitude de suposta cumplicidade com o leitor, ouvinte ou espectador desmontando para gáudio mútuo o ridículo que achou que devia reportar. Antecipa no relato o que assume ser o veredicto popular, condenando ou absolvendo aqueles que devia apenas retratar.
Assiste-se a uma verdadeira caça ao deslize, empolado até à hilaridade. Só triunfa se apanhar desprevenido e atrapalhar o entrevistado. Enquanto descreve o que vê quase às gargalhadas, não se dá conta da perda de dignidade profissional. Tem sucesso, mas não rigor. Quem segue a notícia fica com a sensação de ouvir aquele que, dos presentes, menos entendeu o que se passou no acontecimento.
Aliás, relatar o sucedido é o que menos interessa. O jornalista vai ao evento para impor a agenda mediática que levou da sede. A inauguração de um projecto revolucionário, por exemplo, só importa pela oportunidade de fazer a pergunta incómoda ao governante sobre o escândalo do momento. Investimentos de milhões, trabalho de multidões, avanços e benefícios notáveis são detalhes omitidos pela intriga picante que obceca o periódico.
É significativo que existam em Portugal muitos analistas famosos e respeitados, mas poucos jornalistas reputados pelo facto de serem jornalistas. Os directores de informação costumam ser também colunistas. As referências da classe são comentadores. Parece que informação e reportagem é actividade menor.
O mais curioso é que, embora a imprensa escrita e falada seja intensamente opinativa, nunca se assume em termos políticos. Não existe em Portugal o alinhamento ideológico explícito de jornais e emissoras de referência que existe em todos os países. O público não é informado da orientação do meio que escolheu, porque todos dizem apenas a verdade. Todos os repórteres têm opinião, mas todos são isentos de orientações e partidarismos. Os resultados são caricatos.
O actual Governo goza de clara benevolência jornalística. Apesar da contestação e inevitáveis "gafes", o tratamento não se compara com o dos antecessores. Por outro lado a imprensa já decidiu que Manuela Ferreira Leite não tem hipóteses. Não interessa o que pensa ou propõe, apenas que não sabe lidar com os media, o pecado supremo.
Suspeita-se de campanhas organizadas, mas talvez não seja manipulação política, até porque o PS já sofreu o mesmo tratamento. A regra da imprensa é que "mais vale cair em graça que ser engraçado". O Bloco de Esquerda é sempre fresco e interessante, por muitos chavões bafientos que repita, enquanto PCP e PP são desprezados, por vezes sem disfarce. A culpa disto é em boa medida dos sujeitos, mas os mensageiros não são neutros.
Existe muita gente honesta e bem-intencionada no jornalismo. Mas é evidente (e paradoxal) que a imprensa tem hoje uma má imagem. Também é verdade que existe uma falta de imprensa verdadeira, objectiva, respeitada, idónea. Muitos dos que relatam o jogo participam nas equipas. Quando o jogo se suja, avolumam-se as suspeitas. Isto ainda não afecta o poder da imprensa, mas já degrada a classe.
DN.Sapo

O Mundo é Bárbaro

Sub titulo: o que Nós Temos a Ver Com Isso
Autor: Luis Fernando Verissimo
Do meio ambiente à política,passando pela economia e pelo comportamento bárbaro das pessoas no dia-a-dia, as crônicas reunidas em "O Mundo É Bárbaro" discutem a ascensão chinesa, a guerra contra o terror, a candidatura de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos e o passado e o futuro do Brasil e da América Latina, sempre com textos curtos e o olhar crítico aguçado de Luis Fernando Veríssimo.

CAMPEONATO BRASILEIRO

E em Portugal como estamos de "apitos" e outros...
Palmeiras contra-ataca o São Paulo por acusações e escancara a rixa entre os clubes
Os são-paulinos apontaram suposto favorecimento ao time alviverde em decisões da federação paulista de futebol.

Palabras en el viento

Jorge Olivera Castillo, Sindical Press

Tanto Obama como Castro han manifestado su disposición de allanar el camino a la recomposición de las relaciones bilaterales.

A actual geração de líderes europeus só sabe pensar em termos nacionais

Excelente artigo de Teresa de Sousa, no Publico
"Crítico da falta de liderança europeia, o antigo vice-chanceler da Alemanha diz que esta crise veio sublinhar a necessidade de um Governo económico europeu. E faz figas para que a UE esteja à altura de Obama.
Exasperação é talvez a palavra que melhor define a reacção do antigo líder dos "Verdes" alemães que foi vice-chanceler e chefe da diplomacia alemã desde 1998 até 2005. Exasperação, entenda-se, perante a incapacidade da União Europeia para enfrentar unida os tempos difíceis e fazer deles uma oportunidade. Joschka Fischer veio ao Estoril proferir uma conferência sobre desenvolvimento sustentável. A crise, com os seus desafios e as suas oportunidades, foi o seu tema. Nesta entrevista ao PÚBLICO, falou da crise de liderança na Europa sem poupar ninguém. E avisou: se os europeus não responderem positivamente ao desafio de Obama, a América desinteressar-se-á.
Disse na sua conferência que atravessamos uma tremenda crise económica mundial que pode ser também uma enorme oportunidade para gerir de outra maneira a globalização e o desenvolvimento. Tem sido muito crítico da forma tímida e desarticulada como a Europa está a lidar com esta crise. Os europeus arriscam-se a perder a oportunidade?
Sim. Este devia ser o momento da unidade. Tenho criticado duramente o meu próprio Governo por isso. Não sou totalmente a favor das propostas de Nicolas Sarkozy, na sua substância, porque tende a agir, às vezes, mais como Presidente da França, com as suas ideias proteccionistas que não me parecem muito boas, do que como presidente da União Europeia. Mas a sua ideia original de que o Eurogrupo precisa de uma melhor e mais forte coordenação das suas políticas económicas está absolutamente certa. E não compreendo porque é que a Alemanha responde que não. Mas, do meu ponto de vista, o que precisamos mais neste momento é de uma liderança europeia forte, e é isso precisamente que não há. A Comissão não está a ser capaz de assumir essa liderança.
Na última vez que falei consigo, há dois anos, disse que a maior das crises europeias era a de liderança. Nada mudou?
É a mesma coisa.
Mas como é que explica que toda a gente considerava Angela Merkel uma verdadeira líder europeia há apenas seis meses, e hoje ela desapareceu?
Toda a gente menos eu.
Lembro-me das suas críticas. Mas a chanceler tem agido, face a esta crise, como uma líder apenas alemã. Como é que explica isto?
A única coisa que lhe posso dizer é que a tenho criticado muito, porque a Alemanha é a maior economia europeia, é a locomotiva europeia, e o Governo e a chanceler não estão a agir de uma forma que vá no sentido do reforço da Europa, o que é lamentável. O debate começou agora na Alemanha [sobre a resposta à crise], mas a verdade é que isso também faz parte da crise de liderança de que falei.
Também tem sido muito crítico da Comissão Europeia.
A Comissão foi quase inexistente nesta crise. Começou agora a fazer alguma coisa, muito devagar. Compreendo os problemas da Comissão. Tornou-se demasiado grande com o alargamento. Ainda não temos as reformas institucionais do Tratado de Lisboa, que poderiam melhorar as coisas. Percebo tudo isto, mas, ao mesmo tempo, a Comissão deveria ter desempenhado um papel mais corajoso e deveria ter avançado com uma ideia de governação económica europeia que, pelo menos, obrigaria a um debate alargado. A tradição da Comissão é defender o interesse comum europeu e não vejo isso.
Não pensa que isso se deve também ao facto de os Estados, sobretudo os grandes, quererem uma Comissão fraca?
Infelizmente, muitos governos europeus estão muito satisfeitos com a fraqueza da Comissão, e isso é lamentável. Mas não me interprete mal, eu não tenho nada contra José Manuel Barroso, nem do ponto de vista político e partidário, nem do ponto de vista pessoal, nem o critico por qualquer ambição pessoal. É apenas uma análise sobre o que ele faz e o que não faz, a partir daquilo que eu defendo e que é uma Europa forte. A Comissão não esteve à altura do desafio.
É verdade que a presidência francesa [da UE] tem sido uma presidência forte. Não posso criticar Nicolas Sarkozy no caso da Geórgia ou na forma como lidou com a crise financeira. Mas o que falta na presente geração de líderes europeus é aquilo que podíamos ver na geração de Kohl e de Mitterand. Tinham um espírito europeu. Eram políticos duros a defender os seus poderes e os seus interesses, também queriam ganhar eleições nos seus países, mas tinham uma inspiração, uma visão europeia. Gerhard Schroeder e Jacques Chirac já foram diferentes, mas, pelo menos, não cometeram erros demasiado graves do ponto de vista europeu, a não ser o referendo à Constituição europeia na França. As suas decisões sobre o alargamento, sobre a Turquia, até sobre o Iraque, foram no bom sentido. Mas já não tinham o mesmo espírito.
A desunião entre Berlim e Paris pode ajudar a explicar esta falta de liderança europeia?
Não. É o resultado dela. Esta desunião sempre existiu. A França e a Alemanha sempre foram como dois irmãos muito diferentes que passam a vida a discutir. Nunca é fácil, portanto, mas as lideranças sabem ultrapassar isto. No fundo, Merkel e Sarkozy também vão ter de encontrar uma qualquer forma de se entenderem, porque isso é absolutamente necessário.
Não lhe parece que esta crise seria a grande oportunidade de mostrar aos europeus para que é que realmente serve a União?
Isso é o que eu percebo menos. Se fosse ainda um político no activo, o meu símbolo neste momento seria o euro [tira um do bolso e mostra-o].
Isto somos nós, é o nosso poder, a nossa protecção. Onde é que estaríamos - incluindo a Alemanha, não falo apenas de pequenos países - sem isto? A Irlanda teria caído no abismo. Mas ninguém diz isso, que era tão fácil de perceber.
Como vê o relacionamento da UE com a Rússia? Muitos acordos com a Gazprom e pouca estratégia?
Há uma coisa que é preciso dizer: temos interesses muito fortes na Rússia. Especialmente a Alemanha. E devemos deixar isso muito claro. O problema não é a França e a Alemanha, a Itália ou o Reino Unido terem grandes interesses na Rússia. O problema é que o Governo alemão está a rejeitar um mercado europeu do gás e, ao fazê-lo, está a rejeitar uma política energética integrada que deixaria imediatamente a Rússia com muito menos poder. A força da Rússia é a fraqueza europeia. A Rússia não é assim tão poderosa. Nós é que somos fracos. Não devemos culpar a Rússia, devemos culpar-nos a nós próprios.
Mas precisamos também de uma Rússia, já não digo democrática, mas politicamente fiável, que não ande a ameaçar os vizinhos.
Para o cidadão russo normal, esta é a melhor Rússia que alguma vez conheceu. Não é perfeita, mas é melhor do que alguma vez foi. Não devemos subestimar este sentimento. Não estou a defender Putin, apenas a lembrar que é isto que as pessoas sentem. Em segundo lugar, e como já disse, a Europa tem um interesse estratégico em ter uma boa relação com a Rússia. Mas isso não pode ser conseguido a qualquer preço, sobretudo permitindo que ela regresse à política imperial. É essa a linha vermelha.
Fui a favor do alargamento anterior da NATO, mas não estou a favor do alargamento à Ucrânia e à Geórgia. Está mal concebido e é prematuro. O que eu digo é que não devemos, por um lado, permitir que a Rússia tenha um veto sobre as decisões dos seus vizinhos, mas, por outro, devemos compreender que trazer agora a Geórgia e a Ucrânia para dentro da NATO é prematuro. Penso que devíamos equilibrar os nossos interesses contraditórios e, sobretudo, reforçar a Europa.
Chega sempre aí.
É verdade, posso tornar-me aborrecido, mas esta é a verdade nua e crua. Estamos a dar os incentivos errados à Rússia com a nossa fraqueza e a nossa divisão.
Ainda não sabemos qual vai ser o impacte desta recessão. Ainda admite o cenário mais negativo: de proteccionismo, nacionalismos, conflitos, revoltas sociais...
Bem, revoltas sociais, confrontos, terrorismo, tudo isso vai continuar. O proteccionismo seria uma desgraça, mas creio que não é muito provável que se vá por aí. Como disse na minha conferência, havia 2,3 mil milhões de pessoas no mundo aquando da crise de 1929. Hoje, somos 6,7 mil milhões. Nessa altura, não havia televisão nem Internet e a esmagadora maioria das pessoas vivia fora do processo político. Isto mudou dramaticamente. Hoje, a grande maioria das pessoas faz parte do processo político. As condições para travar a globalização e regressar ao proteccionismo são muito menos propícias. O que precisamos é de um novo conjunto de regras para agir de uma forma responsável e controlada num mundo globalizado.
Um dos maiores desafios que enfrentamos é integrar a China. O G20 é a boa direcção?
É. Se vai ser o G20 ou o G16, não sei. Mas será esse o futuro. O G8 já não pode dirigir o mundo, é tão simples como isso. Temos de partilhar poder com o Oriente e o mundo vai pender muito mais para esse lado. Mas isto significa também - voltamos sempre ao mesmo - que a Europa ficará mais fraca em termos relativos e, por isso, ainda mais necessitada de união para pesar num espaço geopolítico muito diferente.
"A força da Rússia é a fraqueza europeia. Não devemos culpar a Rússia, devemos culpar-nos a nós próprios"

France blasts China's 'psychodrama'

A cobardia dos nossos governantes (portugueses) é interessante...
A French minister has told China that there is no need to turn her president's meeting with the Dalai Lama "into a psychodrama".
Rama Yade, the junior minister for human rights, said on RTL radio on Sunday that the French government could meet "whomever it wants" and that it had no plans to change its relations with China.
Yade said China and France should be pooling their efforts to tackle the global financial crisis instead of feuding over Tibet.
"We need to co-operate, calmly," she said.
China's foreign ministry summoned Herve Ladsous, the French ambassador, to strongly protest against Saturday's 30 minute meeting between Nicolas Sarkozy and the Dalai Lama in the Polish city of Gdansk, on the sidelines of a gathering of Nobel Peace prize winners.
Beijing said the meeting was an "unwise move" and warned of broader damage to relations with the European Union, of which France holds the rotating presidency.
China had earlier pulled out of its 11th summit with the EU over the meeting.
'Undermined political foundations'
He Yafei, China's vice-foreign minister, said Sarkozy's meeting "grossly interfered in China's internal affairs and undermined the political foundations of Sino-French and Sino-European relations".
"This wrong action harmed the bilateral political trust, all round co-operation, and bright future, hard won in the 45-year establishment of Sino-French relationship," He said.
Liu Jianchao, a Chinese foreign ministry spokesman, said it was up to France to repair ties.
Sarkozy said the private meeting posed no threat to Beijing, but he defended his right to set his own agenda and also said there was "no need to dramatise things".
Bernard Kouchner, the French foreign minister, had said before the meeting that "we cannot have France's conduct dictated to, even by our friends".
Christine Lagarde, the economy minister, had earlier stressed that economic relations should be spared from reprisals.
"There are many French businesses working in China and I believe that it is in everyone's interest that this relationship continues, despite what China considers to be a minor incident," she said.
However, some in China's online community have already called for a boycott of French goods.
Boycott threat
Yade said France was free to meet "whomever it wants" [AFP]
"I am going to boycott French goods for my whole life. I will never use French brands or any product made in France," said one internet user, who identified himself as Yan Zhongjie.
Angry Chinese boycotted French products after pro-Tibet protests in April marred the Olympic torch relay in Paris and Sarkozy threatened to stay away from the opening ceremonies of the Beijing Olympics.
The French leader in the end attended the Olympics ceremony and
sent his wife, Carla Bruni-Sarkozy, and Kouchner to meet the Dalai Lama when he visited France in August.
China has argued that the Dalai Lama is seeking full independence, something the Tibetan spiritual leader in exile dismissed on Friday as "totally baseless".
"When China becomes more democratic, with freedom of speech, with rule of law and particularly with freedom of the press … once China becomes an open, modern society, then the Tibet issue, I think within a few days, can be solved," the Dalai Lama said.
Addressing the European parliament in Brussels on Thursday, he said China lacked the moral authority to be a true superpower.

Avaliação professoral...

O Publico faz esta pergunta: Acha que Maria de Lurdes Rodrigues deixou de ter condições para continuar à frente do Ministério da Educação?
Quando votei estava em 72% contra a Ministra, e os restantes, tal como eu a favor.
A votação maciça de professores e outros por outras razões, no sim, significa que as pessoas na maioria não estão a ver o obvio. Todos somos avaliados nesta vida. Os professores são os que melhor o sabem. Então porque estão contra ele? Por se vir a descobrir aquilo que todos sabemos. Que existe muita incompetencia e muita negligência? Só quem não tem ou teve filhos a estudar em escolas publicas não sabe o que se lá passa. Faltas durante semanas e chega a meses, mudança de dois e três professores, etc, etc. A mobilização feita pelo PCP, via do seu sindicato, trouxe alguns frutos, mas neste caso por via dos professores apoiantes do partido e na maioria pelos que de facto não querem, por medo, ser avaliados e assim desmascarados, da sua incompetencia ou má-vontade. Como em todas as profissões há aqueles que são cumpridores, preocupados com os alunos e com o estado geral do país, mas esses nas suas escolas fizeram o seu trabalho e deixaram de fazer manifestações para assim cumprirem o dever.
Aquela "fantochada" de auto-avaliação que era a folha A4, e que depois ninguém ligava nenhum...que saudades que estes Srs tem desses tempos!
Se o ano correr mal para a esmagadora maioria dos alunos, os respectivos pais só terão que pedir responsabilidades a esses Srs.! Já fizeram um pouco de marcha-atráz, mas vamos ver se foi o suficiente.

Taxas Euribor voltam a descer

As taxas Euribor registaram esta segunda-feira uma nova descida, com o prazo a três meses a cair mais de sete pontos para 3,488%, atingindo o valor mais baixo dos últimos dois anos.
Estas descidas refelctem a baixa de juros efectuada pelo Banco Central Europeu (BCE), que na passada semana determinou mais um corte de 75 opontos para 2,50%.
Assim, a Euribor a seis meses, à qual estão indexados a maioria dos créditos à habitação, desceu hoje para os 3,563%, o nível mais baixo desde Outubro de 2006.
No prazo dos 12 meses, a Euribor cotava hoje a 3,661%.

Obama está mesmo a preparar o Big Bang do regresso da América

O novo Presidente dos Estados Unidos desinteressar-se-á da Europa se os aliados não conseguirem fazer o que é preciso, diz Fischer.
Há dois anos, quando o entrevistei, disse-me que nunca deveríamos subestimar a América, porque ela tinha sempre a capacidade de se regenerar. Já aconteceu e da maneira mais extraordinária. Quais são as suas expectativas?
É precisamente o oposto do que se passa na Europa.
Eles avançam. Nós recuamos.
É. Neste momento, conseguir um voto favorável na Irlanda e avançar com o tratado seria o nosso momento Obama. É por isso que não consigo entender porque é que os nossos líderes não estão a lutar por isso e a esforçar-se ao máximo por explicar o que está em causa.
Mencionou, na sua conferência, o gigantesco programa para estimular a economia que Barack Obama vai assinar no primeiro dia da sua presidência, considerando que será já voltado para o futuro. Espera muito da nova administração?
Espero muito. Mas não é só isso. Ele vai restaurar a credibilidade moral da América, vai fechar Guantánamo, os EUA vão regressar ao respeito pela lei internacional. Vai envolver-se de novo no Médio Oriente, justamente porque vai retirar-se do Iraque.
E vai conseguir responder às enormes expectativas que há no mundo em relação a ele?
Não tem outra alternativa senão responder-lhes, porque tudo o que não seja isso será visto como um falhanço. Creio que ele compreende isso. Se olhar para o que está a fazer, o que tem dito, a sua equipa, vê que já está a fazer um trabalho extraordinário. Olhe a equipa. Por mais que o trabalho seja extraordinariamente difícil, eles estão mesmo a preparar o Big Bang do regresso a América.
Pensa que a Europa estará à altura de Obama? Daquilo que Obama espera dos aliados europeus, que será bastante?
Vai pedir-nos para fazer o que é preciso ser feito. Em todos os domínios. Energia, economia, Afeganistão. E, se não soubermos responder à altura, a América desinteressar-se-á da Europa e virará as suas expectativas para o Pacífico, onde estão os seus principais credores - Japão, China, Coreia do Sul. Onde se verificam as taxas de crescimento mais altas. E a América pode tornar-se uma nação mais do Pacífico do que do Atlântico. O que quero dizer é que quase tudo dependerá de nós. Ou a Europa consegue ser um parceiro fiável e mantém a América numa perspectiva transatlântica, ou...
Se a nova administração pedir mais recursos para o Afeganistão, pensa que a Europa responderá de uma forma positiva?
Não vejo alternativa. Considerar o contrário seria admitir que iríamos empurrar de novo a administração americana para o unilateralismo. Seria irresponsável da nossa parte. Espero que sim. Faço figas para isso. A alternativa seria a irrelevância.
Tenciona voltar à vida política?
Não.
E à vida europeia? Não quer ser o próximo alto representante?
Não e não. Isso está passado. É por isso que sou livre de criticar quem quero quando quero.
T.de S. jornal.publico

Frases

"Depende da conjuntura económica em 2009. Mas dava-lhe jeito [a Sócrates], de facto, antecipar as legislativas. O problema é que dificilmente o Presidente da República lhe fará a vontade".
António Costa Pinto (politólogo), "Jornal de Notícias", 08-12-2008

Portugal está entre os 12 Estados-membros da UE que importaram carne de porco da Irlanda

Perfeitamente normal! Tudo o que é mau, faz mal, etc, nós importamos, nós copiamos, nós extrapolamos...
"A Comissão Europeia indicou hoje que Portugal se encontra entre 12 Estados-membros da União Europeia que importaram carne de porco da Irlanda, actualmente a ser retirada do mercado devido à possível contaminação com dioxinas tóxicas."
Publico

Fellini - Amarcord

Para quem gosta do Fellini, um das cenas mais engraçadas do Amarcord (em HQ):

http://www.youtube.com/watch?v=aMvGTiU1o0o

05/12/2008

Ferreira Leite questiona bancada sobre ausência de deputados na votação de hoje

Fizeram bem, neste caso!
A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, decidiu hoje chamar o líder a bancada parlamentar, Paulo Rangel, para explicar na sede social-democrata quem foram os 30 deputados do seu partido que faltaram hoje às votações na Assembleia da República. Um projecto do CDS-PP que defendia a suspensão do processo de avaliação dos professores poderia ter sido aprovado, não fossem as ausências de 35 deputados da oposição.

Dias Loureiro e Jorge Coelho accionistas de gestora de um fundo financiado por fraude ao IVA

Mais comentários para quê ?
Manuel José Dias Loureiro e Jorge Coelho são accionistas da Valor Alternativo, uma sociedade anónima gestora que administra e representa o Fundo de Investimento Imobiliário Valor Alcântara, que foi constituído com imóveis adquiridos com o produto de reembolsos ilícitos de IVA, no montante de 4,5 milhões de euros. A Valor Alternativo e o Fundo Valor Alcântara têm a mesma sede social, em Miraflores, Algés, e os bens deste último já foram apreendidos à ordem de um inquérito em que a Polícia Judiciária e a administração fiscal investigam uma fraude fiscal superior a cem milhões de euros.
Publico

 

Ronaldo admits he was 'within an inch' of signing for Arsenal

Cristiano Ronaldo has said he was "within an inch" of joining Arsenal before signing for Manchester United. The Ballon d'Or winner joined Sir Alex Ferguson's side from Sporting Lisbon in 2003 and has gone on to win the Premier League and the Champions League with the club, but could have been turning out at the Emirates Stadium rather than Old Trafford.

"I was within an inch of [joining Arsenal]," Ronaldo told France Football. "I have a lot of respect for Arsène Wenger, he is a very clever man."

Wenger has previously pointed out that his club were first in the queue for the Portuguese winger. "I knew about him, yes," the Arsenal manager said earlier this year. "We were very close and we had him here. He was here much earlier."

Ronaldo was awarded France Football's Ballon d'Or this week, becoming the sixth England-based player to win the award following Michael Owen, Bobby Charlton, Stanley Matthews, George Best and Denis Law.

"I think I have gone down in history. And I am only 23," Ronaldo said. "But I think I have to work even more. I never relax ... I want to do as much next year and even more. Since I arrived at Manchester United, I have always improved year after year. I have always achieved something more season after season ... I want more titles, more awards and another Ballon d'Or."

Ronaldo also defended himself against accusations of diving. "You know Hercules? He was hefty and muscular but sometimes he fell," he said.

Sir Alex Ferguson today spoke of his admiration for the player who cost United £12m when he signed from Sporting. "It is brilliant for Ronaldo to win the Ballon D'Or," said the United manager. "I will be going to see him receive his award on Sunday and it is well deserved. The percentage of votes he got made it an almost unanimous decision. It is good to know he wants to improve. I think he will improve."

Ronaldo is likely to return to the United line-up for the visit of Sunderland to Old Trafford tomorrow after serving a one-match ban following his red card against Manchester City last weekend.

The Guardian

 

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Versão Popular de Frei Betto

 

Todos nascemos livres e somos iguais em dignidade e direitos.

Todos temos direitos à vida, à liberdade e à segurança pessoal e social.

Todos temos direito de resguardar a casa, a família e a honra.

Todos temos direito ao trabalho digno e bem remunerado.

Todos temos direito ao descanso, ao lazer e às férias.

Todos temos à saúde e assistência médica e hospitalar.

Todos temos direito à instrução, à escola, à arte e à cultura.

Todos temos direito ao amparo social na infância e na velhice.

Todos temos direito à organização popular, sindical e política.

Todos temos direito de eleger e ser eleito às funções de governo.

Todos temos direito à informação verdadeira e correta.

Todos temos direito de ir e vir, mudar de cidade, de Estado ou país.

Todos temos direito de não sofrer nenhum tipo de discriminação.

Ninguém pode ser torturado ou linchado. Todos somos iguais perante a lei.

Ninguém pode ser arbitrariamente preso ou privado do direito de defesa.

Toda pessoa é inocente até que a justiça, baseada na lei, prove a contrário.

Todos temos liberdade de pensar, de nos manifestar, de nos reunir e de crer.

Todos temos direito ao amor e aos frutos do amor.

Todos temos o dever de respeitar e proteger os direitos da comunidade.

Todos temos o dever de lutar pela conquista e ampliação destes direitos.

 

 

Evolução da Espécie

Muito interessante.

1987 and now

Back in 1987 Financial Crash it was said that some Wall Street Stockbrokers and Bankers JUMPED from their office windows and committed suicide when confronted with the news of their firms and clients financial ruin . . . many people were said to almost feel a little sorry for them . . .
In 2008 the attitude has changed somewhat:
Em Portugal seria de todo impensável!

Gestor milionário deixa buraco de 50 milhões no BPN

Comprou Air Luxor quando saiu do Grupo SLN

Após ser descoberto um buraco de 50 milhões na auditoria à BPN-Créditus, que obrigou Óscar Silva, presidente do Conselho de Administração da empresa, a sair pela porta pequena e que motivou, em 2003, buscas ao banco com vista à apreensão dos contratos fictícios, o empresário, hoje com um património que o torna milionário, partiu para outros voos: no Verão de 2006 acompanhou o administrador da Air Luxor Vítor Pinto da Costa na compra da companhia

Ver Correio da Manhã

 

 

04/12/2008

MATEMÁTICA DE MENDIGO

Tenho que dar meus parabéns ao estagiário que elaborou esta pesquisa, porque o resultado que  obteve é muito interessante.
Prestem atenção ao desenvolvimento da pesquisa do estagiário de Matemática :
Um sinal de trânsito muda de estado em média a cada 30 segundos (trinta segundos no vermelho e trinta no verde). Num sinal de transito concorrido, em cada minuto um mendigo tem 30 segundos para faturar pelo menos € 0,10, o que numa hora dará 60 x 0,10 = € 6,00.
Se ele trabalhar 8 horas por dia, 25 dias por mês, num mês terá faturado: 25 x 8 x 6 = € 1.200,00. 
Será que isto é uma conta maluca?
Bom, 6 euros por hora é uma conta bastante razoável para quem está num sinal, uma vez que, quem doa nunca dá somente 10 centimos e mas sim 20, 50 e às  vezes até 1,00 euro.
Mas, admitamos que ele fatura só metade ou seja  € 3,00 por hora. Terá € 600,00 no final do mês, que é o salário de um estagiário com carga de 35 horas semanais ou 7 horas por dia.
Ainda assim, quando ele consegue uma moeda de € 1,00 (o que não é raro), ele pode descansar tranquilo debaixo de uma árvore por mais 9 mudanças do sinal de trânsito, sem nenhum chefe a "sarnar-lhe o juizo" por causa disso.
Mas considerando que é apenas teoria, vamos ao mundo real.
De posse destes dados fui entrevistar uma mulher que pede esmolas, e que sempre vejo trocar seus rendimentos numa  padaria próxima donde moro. Perguntei-lhe quanto ela faturava por dia. Imagine o que ela respondeu?
Cerca de 35 a 40 euros em média por dia o que dá (25 dias por mês) x 35 = 875 ou 25 x 40 = 1000,
Ou seja uma média de € 937,50 e ela disse mais  que  não mendigava 8 horas por dia.
Moral da História :
É melhor ser mendigo do que estagiário (e muito menos PROFESSOR, ), e pelo visto, ser estagiário e professor, é pior que ser Mendigo...
Esforce-se como mendigo e ganhe mais do que um estagiário ou um professor.
Estude a vida toda e peça esmolas; é mais fácil e melhor ser mendigo dum emprego!!!
Lembre-se :
Mendigo não paga 1/3 do que ganha pra sustentar um bando de ladrões.

O fim último da vida não é a excelência. (Excelente)

O autor deste texto é João Pereira Coutinho , jornalista. Vale a pena ler!

"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.

Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.

Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.

Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"

Notícia do Dia.

A situação dos Mercados Financeiros é tão má que as Mulheres estão outra vez a casar por Amor

a frase

"É altura de acabar com os pequeninos poderes que esmagam o cidadão e ir às questões que fragilizam a cidadania".

Paula Teixeira da Cruz, "Correio da Manhã", 04-12-2008

 

 

03/12/2008

Quot capĭta, tot sensus!

BPN, BPP, etc

 

A ponte mais alta do mundo


A Ponte Mais Alta do Mundo

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A Ponte Mais Alta do Mundo
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Assembleia da Madeira retarda emissões em directo na internet para poder cortar "cenas desprestigiantes"

É indigno uma autoridade que faça isto!!!
A emissão online do plenário da Assembleia Legislativa da Madeira (ALRAM) voltou ontem a ser retardada cinco minutos para permitir o corte de "cenas desprestigiantes" para este primeiro órgão do governo da região.

Francisco Louçã: A Madeira aprisionada pela irresponsabilidade

Abro os jornais de hoje da Madeira e leio. O Diário de Notícias (do Funchal) garante que cada agricultor vai receber um prémio, que pode chegar a mil euros num ano, pelo seu trabalho no contributo para a paisagem. Escreve ainda o DN que "O Pavilhão da Escola Secundária Francisco Franco é novo e já mete água". Em contrapartida, uma boa notícia: há um "almoço na Quinta Vigia (sede do Governo Regional) só para deputados do PSD". O Jornal da Madeira cita o presidente do governo regional: na inauguração de casas em Água de Pena, Alberto João Jardim garante que 20% das habitações existentes na Madeira "são do Governo Regional ou tiveram uma intervenção pública". Jardim tem por isso todas as razões para se irritar com quem não compreende a sua generosidade. Incluindo, diz agora, alguns dos seus colegas da direita: numa entrevista à Lusa, vitupera os "solilóquios dos meninos queques" de Lisboa, aparentemente numa alusão à proposta de Santana Lopes de "uma reformulação inevitável do centro-direita" e à ofensiva de Paulo Portas dentro do CDS.
Descansem os leitores: a campanha madeirense não será queque e haverá pelo menos uma inauguração por dia até ao domingo do voto nas eleições regionais. Sempre com bandeiras do PSD e com discursos inflamados contra os adversários eleitorais. A Madeira está assim refém da irresponsabilidade. Haverá mil euros para cada agricultor. Haverá promessas para todos. O plebiscito é a vez de Alberto João Jardim.
Essa irresponsabilidade é partilhada, entendamo-nos. Partilhada pelo Governo Guterres, que pagou toda a conta da dívida de Jardim sem perguntar pelas facturas. Partilhada pelo Governo Sócrates, que impôs uma nova lei para reduzir os fundos regionais, mantendo uma farsa que é o cálculo do produto interno da região considerando os negócios da zona franca, que não criam emprego, não pagam impostos e são portanto dinheiro virtual. Partilhada por Alberto João Jardim, que gasta sem controlo nem regras, que protege os amigos e as famílias.
Ao agendar para o plenário da Assembleia da Republica uma lei obrigando os deputados regionais a cumprirem a regra aplicável em todo o país - excepto até agora na Madeira - definindo as incompatibilidades que o proíbem de ter contratos com o governo, o Bloco pretende acabar, em nome da transparência, o princípio da cumplicidade e da subsidio-dependência dos deputados em relação a Jardim.
Para isso, o Bloco de Esquerda apresenta uma candidatura que defende a autonomia responsável: autonomia porque responde em nome da democracia a toda a tutela inaceitável, razão pela qual rejeitou a lei das finanças regionais, e responsável porque quer mudar as condições de vida e os direitos sociais da população trabalhadora da Madeira e por isso se confronta com o seu governo regional e com as políticas locais e nacionais que prejudicam o emprego ou o direito à saúde. O Bloco será por isso a força combativa de que a esquerda precisa para criar uma alternativa. A questão social, da vida das pessoas, do desemprego, do desperdício, do autoritarismo, da deficiência dos serviços de saúde, do abandono escolar, essa questão é a que vai decidir o resultado das eleições.
Por Francisco Louçã

Despudor

A história do BPP é indecorosa. Importa ter em mente que o namoro, noivado e casamento entre Vítor Constâncio e o governo Sócrates tem sido fecundo. Aliás, fecundíssimo. Não há memória de intervenção pública do governador do Banco de Portugal que não seja consonante e concertada com as conveniências do governo PS. E não há, neste âmbito, medida do governo PS que não ampare e acarinhe os interesses das grandes dinastias financeiras.
Não é o bem estar da sociedade o que preocupa Sócrates. Nem são os mais de 2 milhões de pessoas vítimas de pobreza o que lhe tira o sono. O desassossego de Sócrates brota quando não pode fazer grande coisa para auxiliar a manutenção e a ampliação dos detentores das venerandas fortunas. Excluir a hipótese da criação de um imposto sobre os altos rendimentos ou recusar a ideia de uma estratégia de desmantelamento do off-shore da Madeira, para Sócrates é coisa fácil. O complicado mesmo é quando se tem que explicar aos portugueses porque é que o Estado tem que avançar para salvar da falência um banco desinteressante e marginal como o BPP.
Por Natasha Nunes

BPN financia negócios de homens do futebol do Porto

Segundo o Correio da Manhã, Óscar Silva, convidado em 1998 por Oliveira e Costa para organizar e pôr em funcionamento a sociedade financeira para aquisição de crédito do BPN, a Créditus, foi obrigado a demitir-se três anos depois, após uma auditoria em que se detectou um rombo de dezenas de milhões de euros e que revelou ligações perigosas com o mundo do futebol.
O quadro emprestou a si mesmo 613 mil euros, para comprar uma casa na Foz (Porto), e depois passou-a para propriedade de uma empresa imobiliária.

Dossier Violência contra as mulheres

No Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, o esquerda.net associa-se à campanha "Eu não sou cúmplice" e faz o ponto da situação da realidade portuguesa na entrevista a Elisabete Brasil. Vemos o que se passa em Espanha e França, relatamos uma experiência de plataforma unitária na Catalunha e reproduzimos um relatório da Amnistia Internacional sobre a zona mais perigosa do mundo para mulheres e crianças: a província do Kivu Norte, na RD Congo. A deputada Helena Pinto faz o balanço dos avanços legislativos da última década em Portugal e damos a conhecer alguns vídeos de campanhas e também videoclips de músicas que alertam o mundo para este crime que diz respeito a todos e tarda em desaparecer.
Portugal: Violência doméstica mata uma mulher por semana
A violência doméstica está a aumentar em Portugal e este ano são já 43 mulheres assassinadas por actuais ou antigos companheiros e maridos, mais do dobro que em todo o ano passado. Outras 64 tentativas de homicídio resultaram em marcas para toda a vida no corpo das vítimas. As armas de fogo estão presentes na maior parte dos casos registados pela GNR, seguidos de ferramentas e armas brancas. Mas o envenenamento rivaliza com estas últimas no modo como o agressor tenta acabar com a vítima. Do lado da PSP, os casos identificados até ao fim de Outubro já superam os de todo o ano de 2007. E as vítimas são sobretudo mulheres jovens, entre os 24 e os 35 anos.
Violência doméstica na lei: o que ainda falta mudar
A deputada Helena Pinto faz o balanço da última década de avanço na legislação sobre violência doméstica em Portugal, desde que a Assembleia aprovou por unanimidade torná-la um crime público e o governo passou a definir um Plano Nacional de Combate. Desde então as vítimas ganharam confiança, mas o Estado está longe de lhes garantir a protecção que merecem e têm direito.
Espanha: É necessário continuar a insistir
Vídeos de campanhas contra a violência doméstica em Espanha
Violência contra as mulheres em França: um monstro a abater
RD Congo: Não há fim à vista para a guerra contra as mulheres e crianças
Elisabete Brasil: "Há cada vez mais mulheres refugiadas em casas-abrigo"

O meu nome é ''Sara''

Existem milhões de crianças que assim como a 'Sara' são mortos. E todos podemos ajudá-las.

Tenho 3 anos
Os meus olhos estão inchados,
Não consigo ver.

Eu devo ser estúpida,
Eu devo ser má,
O que mais poderia pôr o meu pai em tal estado?

Eu gostaria de ser melhor,
Gostaria de ser menos feia.
Então, talvez a minha mãe me viesse sempre dar miminhos.

Eu não posso falar,
Eu não posso fazer asneiras,
Senão fico trancada todo o dia.

Quando eu acordo estou sozinha,
A casa está escura,
Os meus pais não estão em casa.

Quando a minha mãe chega,
Eu tento ser amável,
Senão eu talvez levaria
Uma chicotada à noite.

Não faças barulho!
Acabo de ouvir um carro,
O meu pai chega do bar do Carlos.

Ouço-o dizer palavrões.
Ele chama-me.
Eu aperto-me contra o muro.

Tento-me esconder dos seus olhos demoníacos.
Tenho tanto medo agora,
Começo a chorar.

Ele encontra-me a chorar,
Ele atira-me com palavras más,
Ele diz que a culpa é minha, que ele sofra no trabalho.

Ele esbofeteia-me e bate-me,
E berra comigo ainda mais,
Eu liberto-me finalmente e corro até à porta.

Ele já a trancou.
Eu enrolo-me toda em bola,
Ele agarra em mim e lança-me contra o muro.

Eu caio no chão com os meus ossos quase partidos,
E o meu dia continua com horríveis
palavras...

'Eu lamento muito!', eu grito
Mas já é tarde de mais
O seu rosto tornou-se num ódio inimaginável.

O mal e as feridas mais e mais,
'Meu Deus por favor, tenha piedade!
Faz com que isto acabe por favor!'
E finalmente ele pára, e vai para a porta,

Enquanto eu fico deitada,
Imóvel no chão.

O meu nome é 'Sara'
Tenho 3 anos,
Esta noite o meu pai *matou-me*.

Bloco diz que plano de salvação do BPP é disparatado

O Bloco de Esquerda considerou financeiramente disparatado o plano de salvação do Banco Privado Português (BPP). "Para que é que o Estado quer ficar com acções do BCP que não valem nada, enquanto vende acções da Galp, que valem muito?", questiona uma nota de imprensa divulgada neste domingo. O Bloco contrapõe alternativas a esta operação de resgate e anuncia que vai apresentar uma nova lei para "limpar o sistema financeiro".
Na nota divulgada, o Bloco considera que foi agora no Banco Privado Português que se verificaram os efeitos da especulação: "depois de operações ruinosas nas bolsas, a sua dívida tornou-se incobrável e este banco gestor de fortunas cessou os pagamentos esta semana."
O plano de salvação do o Governo e o Banco de Portugal passa pela garantia do Estado a empréstimos de cerca de 600 milhões de euros por seis bancos (CGD, BCP, BES, Santander, BPI, CACM), a acrescer aos 700 milhões de dívida que já tem. Se o empréstimo não for pago, o Estado financia a operação e fica com activos do BPP (acções do BCP, Brisa, Cimpor e Mota-Engil).
"Este plano é financeiramente disparatado. Para que é que o Estado quer ficar com acções do BCP que não valem nada, enquanto vende acções da Galp, que valem muito?", questiona a nota.
Em alternativa, o Bloco de Esquerda propõe que o BPP venda os activos de que dispõe, para obter o financiamento necessário, e que os seus donos reforcem o capital para pagar as dívidas do seu banco.
"Os accionistas receberam 30 milhões em dividendos nos últimos três anos (incluindo metade do lucro do ano passado) e são eles quem tem a responsabilidade de responder pelo banco", observa a nota. "Não é aceitável que o Estado aceite para si e como boas as garantias que os accionistas não querem usar para pagar as suas dívidas."
Para actuar no sentido de conseguir a limpeza do sistema financeiro", o Bloco propõe:
"1. O Banco de Portugal deve conduzir um inquérito que determine todo o lixo tóxico nos bancos portugueses (as acções e títulos desvalorizados na crise especulativa), nomeadamente em fundos de pensões e fundos de investimento."
"2. Os bancos devem ser forçados a reavaliar os seus balanços em função desse registo do lixo tóxico."
"3. Para garantir os rácios de solvabilidade indispensáveis, os accionistas desses bancos devem ser chamados a aumentos de capital no início de 2009."
"4. O BdP e a CMVM devem publicar imediatamente os seus relatórios sobre o BCP, que estavam previstos para Setembro e têm agora mais de dois meses de atraso - se as autoridades mantêm o silêncio, agravam a desconfiança."
Finalmente, o Bloco de Esquerda anuncia que vai propor próxima semana uma nova lei que determine:
a) A proibição de crédito a sociedades offshore de dono incógnito (o que aconteceu no BCP e BPN),
b) A obrigatoriedade do registo das operações internacionais de capitais, para evitar a especulação em offshores,
c) A tributação dos movimentos especulativos de curto prazo, para privilegiar as aplicações seguras de longo prazo,
d) O agravamento da punição de banqueiros que promovam operações ilegais, em particular de branqueamento de capitais,
e) A protecção a testemunhas que denunciem os casos de corrupção e de branqueamento de capitais,
f) A possibilidade de levantamento do segredo bancário dos responsáveis partidários, autárquicos e de outros sectores e empresas particularmente sensíveis.

Quatro anos de governo de Sócrates na economia

por Eugénio Rosa [*]
RESUMO DESTE ESTUDO
Uma das mensagens que Sócrates e todo o governo têm procurado fazer passar, é que o País estava a recuperar, mas que a crise financeira internacional, de que ele não tem culpa, veio estragar tudo. Isso não é verdade pois o agravamento da situação é também anterior à crise.
No período de 2005-2008 com Sócrates, o crescimento económico em Portugal foi, em média, igual a menos de metade da média da União Europeia, pois em quatro anos Portugal cresceu apenas 4,8% enquanto a UE27 aumentou 9,8%. Como consequência o PIB por habitante SPA, ou seja, anulado da diferença de preços, cresceu em Portugal apenas 2.500 euros, enquanto subiu em média na UE27 mais de 3.300 euros. Portugal durante este período afastou-se em todos os anos, em termos económicos, ainda mais da União Europeia.
Mas mesmo crescendo pouco, uma parcela cada vez maior da riqueza criada foi transferida para o estrangeiro, ficando no País para investimento e para melhorar as condições de vida dos portugueses cada vez menos. Em 2004, foram transferidos para o estrangeiro, sob a forma fundamentalmente de juros e de dividendos, 25.943 milhões de euros, ou seja, 18% da riqueza criada nesse ano em Portugal (PIB). Depois de três anos de governo de Sócrates, ou seja, em 2007, e antes da crise se declarar com força, foram já transferidos 33.398 milhões de euros, isto é, 20,5% do PIB. Dividindo este último valor pela população empregada nesse ano obtém-se 6.460 euros por empregado, o que representa mais 27,5% do que em 2004.
Entre 2005 e 2008, o saldo negativo da Balança Corrente, ou seja, das nossas contas com o exterior, aumentou 33%. No conjunto dos quatro anos, o saldo negativo acumulado atingiu 64.081 milhões de euros. Em 2008, ele corresponderá a 11% do PIB, quando em 2005 era 9,5% do PIB. Esta variação negativa do saldo da Balança Corrente é também um indicador importante da crescente falta de competitividade da economia portuguesa. E apesar do défice das contas externas do País ser superior em cerca de 5 vezes ao défice orçamental, este governo apenas se preocupa e fala do défice orçamental ignorando o défice das contas externas do País cujas consequências no desenvolvimento futuro do País serão certamente muito graves.
Em 2005 a divida líquida do País ao estrangeiro atingia 93.510 milhões de euros e, em 2007, já era de 146.592 milhões de euros, ou seja, mais 56,8%. No mesmo período, o PIB cresceu apenas 12,9%. Como consequência a divida externa aumentou, entre 2004 e 2007, de 64,8% do PIB para 90% do PIB. Em todos os anos de governo de Sócrates a divida externa cresceu de uma forma rápida, e não apenas depois de se ter declarado a crise financeira internacional.
Entre 2004 e 2007, a divida das famílias aumentou 30,5%, pois passou de 112.198 milhões de euros para 146.393 milhões de euros, enquanto as remunerações dos trabalhadores, sem incluir contribuições para a Segurança Social, subiram apenas 10,9%, ou seja, praticamente um terço da subida verificada no endividamento das famílias. Em 2007, a divida média por família era já de 40.665 euros quando em 2004 era de 31.100 euros por família.
Em relação às empresas o endividamento foi também rápido e crescente nos anos de governo de Sócrates. Entre 2004 e 2007, passou de 139.804 milhões de euros para 185.728 milhões de euros, ou seja, aumentou 32,8%, com o consequente disparar dos encargos financeiros.
É evidente que Portugal se encontra, como consequência também da politica que tem sido seguida, numa situação extremamente fragilizada para enfrentar a grave crise actual. A politica errada seguida por este governo que definiu como objectivo central da sua politica a redução do défice orçamental subordinando a isso tudo, está-se a revelar um erro estratégico que o País e os portugueses têm pago e vão continuar a pagar caro. Qualquer economista sabe que a chamada "consolidação orçamental" nunca deverá ser feita em período de crise. Em período de crise, como aquele que Portugal vive há mais de quatro anos, era fundamental uma forte intervenção do Estado para dinamizar a economia e defender o tecido social. Recentemente, o premio Nobel da Economia e o novo presidente dos Estados Unidos vieram afirmar que mais importante que a redução do défice é dinamizar a economia. O governo de Sócrates nunca compreendeu isso, tendo sempre seguido o caminho contrário. Mesmo o OE2009 é dominado pela obsessão do défice, já que fixa um défice de 2,2%. O próprio ministro das Finanças, em declarações feitas na Assembleia da República, pôs em causa a possibilidade disso ser cumprido, mas Sócrates, desdizendo-o, veio logo afirmar que não via nada para aquele valor de défice não ser cumprido. Sócrates, com a ignorância e insensibilidade como trata os problemas económicos e sociais também, perante os dados do INE que revelavam um aumento do desemprego, declarou aos órgão de informação que era uma "Boa Noticia". Será que o 1º ministro pensa o mesmo em relação aos dados sobre a economia?
Uma das mensagens que o governo tem procurado fazer passar, e que certamente se vai acentuar com o agravamento da crise e a proximidade de eleições, é que o País estava a recuperar mas que a crise externa, que ninguém esperava e de que o governo não tem culpa, veio estragar tudo. Ora isso não corresponde à verdade pois mesmo antes da crise se ter declarado de forma mais visível o agravamento dos problemas no campo da economia era já evidente, como mostraremos utilizando para isso apenas dados oficiais. Para além disso, o governo manteve-se sempre cego e surdo perante os sinais claros da crise e face a advertências que muitos economistas faziam, incluindo nós próprios, ouvindo apenas os neoliberais defensores da consolidação orçamental a todo o custo
UMA PARTE CRESCENTE DA RIQUEZA CRIADA NO PAÍS É TRANSFERIDA PARA O EXTERIOR
Mas mesmo a riqueza criada resultante daquele reduzido crescimento não fica, na sua totalidade, no País. Como o quadro seguinte, construído com dados do Eurostat e do Banco de Portugal, revela uma parcela crescente dessa riqueza está a ser transferida para o estrangeiro.
Em 2004, foram transferidos para o estrangeiro, sob a forma fundamentalmente de juros e de dividendos, 25.943 milhões de euros, ou seja, 18% da riqueza criada nesse ano em Portugal (PIB). Depois de três anos de governo de Sócrates, ou seja, em 2007, foram transferidos 33.398 milhões de euros, isto é, 20,5% do PIB. Dividindo este último valor pela população empregada nesse ano – 5.169.700 – obtém-se 6.460 euros mais 27,6% do que em 2004. É este o valor médio da riqueza anual criada por empregado em Portugal que é transferido para o estrangeiro.
É evidente, que transferindo-se cada vez mais riqueza para o estrangeiro, menos fica no País para melhorar as condições de vida dos portugueses e para investir. É esta também uma das consequências da politica que tem sido seguida, que não se verificou apenas em 2008, mas em todos os anos de governo de Sócrates.
DÉFICE EXTERNO CINCO VEZES SUPERIOR AO DÉFICE ORÇAMENTAL
Uma das razões desta transferência crescente de riqueza para o exterior, resulta do elevado saldo negativo das contas externas portuguesas que é revelado pela Balança Corrente. O quadro seguinte, construído com dados do Banco de Portugal, mostra a crescente degradação das nossas contas externas.
Entre 2005 e 2008, o saldo negativo da Balança Corrente, que engloba a quase totalidade das relações comerciais e outras com o exterior, aumentou 33%, somando, para os 3 anos um saldo negativo de 64.081 milhões de euros. Em percentagem do PIB, este saldo negativo atingirá, em 2008, cerca de 11%, portanto mais 15,% do que em 2005, que foi de 9,5%. Esta variação negativa do saldo da Balança Corrente é também um indicador importante da crescente falta de competitividade da economia portuguesa.
É revelador da incapacidade deste governo para compreender e resolver os problemas do País, a forma pouca responsável como trata esta questão, pois apesar deste défice ser quase cinco vezes superior ao défice orçamental e de maior gravidade, ele não tem merecido atenção e referência por parte do governo. E como se mostrou este défice não se limitou ao ano de 2008, período em que a crise se acentuou.
O ENDIVIDAMENTO EXTERNO CRESCEU EM TODOS OS ANOS DO GOVERNO DE SÓCRATES
O saldo negativo crescente das nossas contas externas tem determinado o aumento rápido do endividamento do País. É o que revela o quadro seguinte construído com dados do Banco de Portugal.
Em 2005 a divida externa líquida do País atingia 93.510 milhões de euros e, em 2007, já era de 146.592 milhões de euros, ou seja, mais 56,8%. No mesmo período, o PIB cresceu apenas 12,9%. Como consequência, entre 2004 e 2007 a divida externa líquida aumentou de 64,8% para 90% do PIB. Portanto, em todos os anos de governo de Sócrates a divida externa cresceu de uma forma rápida, e não apenas depois de se ter declarado a crise financeira internacional.
AUMENTO RÁPIDO DA DÍVIDA DAS EMPRESAS E DAS FAMÍLIAS
Durante os quatro anos de governo de Sócrates registou-se também um rápido endividamento das empresas e das famílias portuguesas como revela o quadro seguinte construído com dados do Banco de Portugal
Entre 2004 e 2007, as dividas das famílias aumentaram 30,5%, pois passou de 112.198 milhões de euros 146.393 milhões de euros, enquanto as remunerações dos trabalhadores, sem incluir as contribuições para a Segurança Social, subiram apenas 10,9%, ou seja, praticamente um terço da subida verificada na divida das familias .
Em relação às empresas o endividamento foi também rápido e crescente nos anos de governo de Sócrates. Entre 2004 e 2007, passou de 139.804 milhões de euros para 185.728 milhões de euros, ou seja, aumentou 32,8%, com o consequente disparo dos encargos com a divida.
POLÍTICA SEGUIDA FRAGILIZOU MAIS O PAÍS NÃO O PREPARANDO PARA A CRISE ACTUAL
É evidente que Portugal encontra-se, como consequência também da politica seguida por este governo, numa situação extremamente fragilizada para enfrentar a grave crise actual. A análise anterior feita com base em dados oficiais mostrou que a politica seguida, em que a obsessão de reduzir o défice foi o principal, para não dizer mesmo, o único objectivo, subordinando a essa obsessão tudo o resto e, de uma forma particular, a politica económica, agravou a situação económica herdada, fragilizando ainda mais a economia portuguesa, as empresas e as famílias, e não as preparando para enfrentar uma crise como a actual.
A redução continuada do investimento público (entre 2005 e 2009, o investimento previsto no PIDDAC diminuiu, mesmo em valores nominais, em 31%); nos anos 2007 e 2008 apenas foram utilizadas (despesa validada) cerca de 5% das verbas do QREN disponibilizadas pela União Europeia para estes dois anos, associada à contracção imposta nas restantes despesas públicas e a outras medidas, como a chamada "reforma da Administração Pública" etc., bem como à total passividade face a problemas graves, de que é exemplo o crescente défice das nossas contas externas; tudo isto, reduziu o investimento necessário para modernizar o País tendo desorganizado e fragilizado o Estado, e contribuiu para aumentar o endividamento do País, das famílias e das empresas, debilitando-as e tornando a estas mais difícil a tarefa de enfrentar uma crise como a actual.
A redução do défice orçamental feita erradamente em pró-ciclo (numa altura em que o País precisava mais da intervenção do Estado para dinamizar a economia, ela foi reduzida para assim se reduzir o défice) e numa altura em que Portugal procurava sair de uma grave crise, está a custar e vai continuar a custar caro ao País e aos portugueses. Ela poderá pôr em causa mesmo os resultados obtidos no campo orçamental, pois a crise e a situação do País, das famílias e das empresas vai exigir ao Estado uma forte intervenção, naturalmente com custos muito mais elevados (recorde-se os 24.000 milhões de euros para a banca, os mais 1.000 milhões de euros que vão custar a nacionalização de um banco, o BPN) se a politica seguida nestes últimos anos tivesse sido outra, e tivesse contribuído para robustecer o tecido económico e social do País.
Infelizmente Sócrates recusa-se a reconhecer o erro estratégico que cometeu, subestimando a economia, e não consegue ainda perceber essa verdade que a evolução da realidade torna cada vez mais evidente. O próprio ministro das Finanças, na reunião realizada na Assembleia da República em 20/11/2008, para debater o OE2009 afirmou textualmente que as "colunas em que assentava o cenário macroeconómico utilizado na construção do OE2009 estavam a abanar" e, consequentemente (acrescentamos nós), está a abanar todo o OE2009. Só Sócrates, com a ignorância com que fala de problemas económicos, é que parece que ainda não compreendeu isso, continuando a afirmar que o défice de 2,2% é para cumprir.
Economista, edr@mail.telepac.pt

Agora temos mesmo direito à verdade - Voos

publicado por Miguel Portas
A revelação pelo El País de que o governo norte-americano tinha mesmo informado o governo espanhol sobre os voos da CIA - com documentos de prova - recoloca a questão de saber o que se passou em Portugal nos tempos de Durão Barroso e António Guterres. Não se vê porque tenham os norte-americanos avisado Espanha e não Portugal.
O que era óbvio passa agora a ser ainda mais exigível. Temos direito a toda a verdade e a nada menos do que isso.

A grande dádiva de terras: Neocolonialismo por convite

Por James Petras, 03/Dez
"O contrato que a Daewoo Logistics da Coreia do Sul está a negociar com o governo de Madagascar parece predatório... Os malgaxes encaram-no como neocolonial... O povo malgaxe prepara-se para perder a metade da sua terra arável". Editorial do Financial Times, 20/Novembro/2008
"O Cambodja está em conversações com vários governos asiáticos e do Médio Oriente para receber até US$3 mil milhões em investimentos agrícolas em troca de milhões de hectares de concessões de terra..." Financial Times, 21/Novembro/2008
"Estamos a morrer de fome no meio de colheitas abundantes e exportações florescentes!" Trabalhadores sem terra desempregados, Pará, Brasil (2003)

A construção de impérios em estilo colonial está a ter uma enorme recuperação, e a maior parte dos colonialistas são recém-chegados, a abrirem o seu caminho depois dos predadores europeus e estado-unidenses bem estabelecidos.
Apoiados pelos seus governos e financiados com enormes lucros do comércio e do investimento, e ainda excedentes orçamentais, as potências económicas neocoloniais agora emergentes (emerging neo-colonial economic powers, ENEP) estão a adquirir o controle de vastas extensões de terras férteis de países pobres na África, Ásia e América Latina, através da intermediação de corruptos locais, em regimes de mercado livre. Milhões de hectares de terra foram concedidos – na maior parte dos casos sem encargos – as ENEP os quais, na maior parte, prometem investir milhões na infraestrutura para facilitar a transferência dos produtos da sua pilhagem agrícola para os seus próprios mercados internos e pagar o salário existente de menos de $1 dólar por dia aos empobrecidos camponeses locais. Projectos e acordos entre as ENEP regimes neocoloniais aquiescentes estão em curso a fim de expandir tomadas imperiais de terra com dezenas de milhões de hectares adicionais no futuro próximo. A grande transferência/liquidação de terra verifica-se num tempo e em lugares em que o número de camponeses sem terra está a aumentar, pequenos agricultores estão a ser deslocados à força pelo estado neocolonial e falidos através da dívida e da falta de crédito acessível. Milhões de camponeses sem terra e trabalhadores rurais organizados a lutarem por terra cultivável são criminalizados, reprimidos, assassinados ou encarcerados e suas famílias são enviadas para favelas urbanas infestadas de doenças. O contexto histórico, os actores económicos e os métodos da construção do império do agrobusiness apresenta semelhanças e diferenças com a construção do império no velho estilo de séculos passados.
Agro-exploração imperial no velho e no novo estilo
Durante os cinco séculos anteriores de dominação imperial a exploração e exportação de produtos agrícolas e minerais desempenhou um papel central no enriquecimento dos impérios euro-norte-americanos. Até o século XIX, plantações em grande escala e latifúndios, organizados em torno de alimentos básicos, repousavam sobre o trabalho forçado – escravos, servos contratados, semi-servos, arrendatários, trabalhadores migrantes sazonais e um conjunto de outras formas de trabalho (incluindo prisioneiros) ara acumular riqueza e lucros para os colonizadores, investidores do país de origem e tesourarias do estado imperial.
Os impérios agrícolas foram adquiridos através da conquista de povos indígenas, importação de escravos e servos contratados, a tomada à força e expropriação de terras comunais e a dominação através de oficiais coloniais. Em muitos casos, os dominadores coloniais incorporavam elites locais ('nobres', monarcas, chefes tribais e minorias favorecidas) como administradores e recrutavam os nativos empobrecidos e despojados para servirem como soldados coloniais dirigidos por oficiais brancos euro-americanos.
O agro-imperialismo estilo colonial passou a ser atacado pelos movimentos de libertação nacional com base de massa ao longo do século XIX e primeira metade do século XX, culminando no estabelecimento de regimes nacionais independentes por toda a África, Ásia (excepto a Palestina) e a América Latina. Desde o início do seu governo, os estados recém-independentes procuraram afastar-se das políticas de propriedade da terra e de exploração da era colonial. Uns poucos regimes radicais, socialistas e nacionalistas finalmente expropriaram, parcialmente ou inteiramente, os proprietários da terra estrangeiros, como foi o caso na China, Cuba, Indochina, Zimbabwe, Guiana, Angola, Índia e outros. Muitas destas 'expropriações' levaram a transferências de terra para a nova burguesia emergente pós-colonial, deixando a massa da força de trabalho rural sem terra ou confinada à terra comunal. Na maior parte dos casos a transição dos regimes colonial para o pós-colonial foi subscrita por uma pacto político que assegurava a continuação dos padrões coloniais de propriedade da terra, cultivo, marketing e relações de trabalho (descritos como um sistema agro-export neocolonial). Com poucas excepções, a maior parte dos governos fracassaram em mudar a sua dependência das culturas de exportação, diversificar mercados de exportação, desenvolver auto-suficiência alimentar ou financiar o assentamento do pobre rural em terras pública férteis não cultivadas.
Onde se verificou distribuição de terra, os regimes fracassaram em investir suficientemente nas novas formas de organização rural (agriculturas familiares, cooperativas ou 'ejidos' comunais) ou em impor empresas do estado de grande escala controladas centralmente, as quais eram dirigidas de forma ineficiente, deixavam de proporcionar incentivos adequados aos produtores directos, e foram exploradas para financiar o desenvolvimento urbano-industrial. Em resultado disso, muitas fazendas estatais e cooperativas acabaram por ser desmanteladas. Na maior parte dos países grandes massas de pobres rurais continuaram sem terra e sujeitas às exigências de colectores locais de impostos, recrutadores militares e prestamistas de dinheiro usurários e foram expulsas por especuladores da terra, promotores imobiliários e responsáveis nacionais ou locais.
O neoliberalismo e a ascensão do novo agro-imperialismo
Emblemático do agro-imperialismo de novo estilo é a tomada pela Coreia do Sul da metade da terra arável de Madagascar (1,3 milhão de hectares) sob um arrendamento de 70-90 anos na qual a Daewoo Logistics Corporation of South Korea espera nada pagar por um contrato para cultivar milho e óleo de palma para exportação. [1] No Cambodja, vários países agro-imperiais emergentes da Ásia e do Médio Oriente estão a 'negociar' (com subornos substanciais e ofertas lucrativas 'parcerias' a políticos locais) a tomada de milhões de hectares de terra fértil. [2] O âmbito e profundidade da nova expansão agro-imperial emergente dentro das zonas rurais empobrecidas de países asiáticos, africanos e latino-americanos ultrapassa de longe o do império colonial primitivo de antes do século XX. Um levantamento pormenorizado dos novos países agro-imperialistas e das colónias neo-coloniais foi compilado recentemente no sítio web do GRAIN [3] .
As forças condutoras da conquista agro-imperialista e da tomada de terras podem ser divididas em três blocos:
1- Os novos ricos dos regimes petrolíferos árabes, sobretudo entre os Estados do Golfo (em parte, através dos seus 'fundos de riqueza soberanos').
2- Os novos países imperiais emergentes da Ásia (China, Índia, Coreia do Sul e Japão) e Israel
3- Os antigos países imperiais (EUA e Europa), o Banco Mundial, bancos de investimento da Wall Street e outras variadas companhias de especuladores financeiros imperiais.

Cada um destes blocos agro-imperiais é organizado em torno de um dos três países 'líderes': Entre os estados imperiais do Golfo, a Arábia Saudita e o Kuwait; na Ásia, a China, Coreia e Japão são os principais apresadores de terra. Entre os predadores EUA-europeus-Banco Mundial há um vasto leque de firmas monopolistas agro-imperialistas a comprarem terras que vão desde a Goldman Sachs e Blackstone nos EUA até a Louis Dreyfuss na Holanda e o Deutschbank na Alemanha. Mais do que as várias centenas de milhares de hectares de terra arável que foram ou estão em processo de serem apropriadas pelos maiores proprietários capitalistas do mundo, trata-se sobretudo de uma das maiores concentrações de propriedade privada da terra na história da construção do império.
O processo de construção do agro-império opera em grande medida através de mecanismos políticos e financeiros, antecedidos em alguns casos por golpes militares, intervenções imperiais e campanhas de desestabilização para impor 'parceiros' neocoloniais flexíveis ou, mais precisamente, colaboracionistas, dispostos a cooperar neste enorme apresamento imperial da terra. Uma vez estabelecidos, os regimes neocoloniais africanos-asiásticos-latino-americanos impõem uma agenda neoliberal, a qual inclui a cessação das terras de propriedade comunal, a promoção de estratégias agro-exportadoras, a repressão de quaisquer movimentos locais pela Reforma Agrária entre agricultores de subsistência e trabalhadores rurais sem terra que pedem a redistribuição de terras públicas e privadas desocupadas. As políticas de mercado livre dos regimes neocoloniais eliminam ou reduzem barreiras tarifárias sobre importações subsidiadas de alimentos dos EUA e da Europa. Estas políticas levam à bancarrota agricultores e camponeses locais, o que aumenta a quantidade de terra disponível para 'arrendamento' ou a sua liquidação junto aos novos países agro-imperiais e multinacionais. Os militares e a polícia desempenham um papel chave na expulsão de agricultores empobrecidos, endividados e famélicos e para impedir invasores de ocuparem e produzirem alimentos em terra fértil para consumo local.
Uma vez instalados os regimes neocoloniais colaboradores e aplicadas as suas agendas de "mercado livre", o cenário está preparado para a entrada e a tomada de vastas extensões de terra pelos países agro-industriais e investidores.
Israel é a principal excepção a este padrão de conquista agro-imperial, pois confia na utilização maciça e contínua da força contra toda uma nação para despojar os agricultores palestinos e capturar território através de ocupantes coloniais armados – no estilo do primitivo imperialismo colonial euro-americano. [4]
Após a liquidação da terras segue-se um ou dois caminhos, ou uma combinação de ambos: Os países imperiais emergentes tomam a condução ou são solicitados pelo regime neocolonial a investirem no "desenvolvimento agrícola". Seguem-se "negociações" unilaterais nas quais quantias substanciais de dinheiro do tesouro imperial são despejadas em contas bancárias dos "parceiros" neocoloniais. Os acordos e os termos dos contratos são desiguais. As commodities alimentares e agrícolas são quase totalmente exportadas para os mercados internos do país agro-imperial, mesmo quando a população do "país hospedeiro" passa fome e está dependente de embarques alimentares de emergência das agências imperiais "humanitárias". O "desenvolvimento", incluindo promessas de investimento em grande escala, é em grande medida dirigido para a construção de estradas, transportes, portos e instalações de armazenagem a serem utilizadas exclusivamente para facilitar a transferência da produção agrícola para além mar por firmas agro-imperiais de grande escala. A maior parte da terra é tomada sem arrendamento ou sujeita a taxas "nominais", as quais vão para os bolsos da elite política ou são reciclados no mercado imobiliário urbano e importações de luxo para a rica elite local. Excepto para os parentes dos colaboracionistas ou os compadres dos dirigentes neocoloniais, quase todos os directores bem pagos, executivos superiores e equipe técnica vem dos países imperiais na tradição do passado colonial. Um exército de "nacionais de terceiros países" com baixos salários e educados entra geralmente como técnicos de nível médio e empregados administrativos – subvertendo completamente qualquer possibilidade de transferência de tecnologia vital ou qualificações para a população local. O principal e muito louvado "benefício" para o país neocolonial é o emprego de trabalhadores agrícolas manuais locais, que raramente são pagos acima de $1 a $2 dólares por dia, são duramente reprimidos e negados ao direito de qualquer representação sindical independente.
Em contrapartida, as companhias e regimes agro-industriais recolhem lucros enormes, asseguram abastecimentos de alimentos a preços subsidiados, exercem influência política ou controle hegemónico sobre elites colaboradoras e estabelecem "cabeças de ponte" económicas para expandir os seus investimentos e facilitar a tomada estrangeira dos sectores financeiros, comerciais e de processamento locais.
Países alvo
Apesar de haver uma grande competição e sobreposição entre os países agro-imperiais na pilhagem dos países alvo, a tendência é para os regime petrolíferos imperiais árabe concentrarem-se em penetrar neocolonias no Sul e no Sudeste Asiático. Os países asiáticos chamados "Tigres económicos" concentram-se na África e América Latina. Ao passo que as multinacionais da Europa e dos EUA exploram os antigos países comunistas da Europa do Leste e antiga União Soviética bem como a América Latina e a África.
O Bahrain capturou terra no Paquistão, na Filipinas e no Sudão para abastecer-se de arroz. A China, provavelmente o mais dinâmico país agro-imperial de hoje, investiu na África, América Latina e Sudeste da Ásia para assegurar abastecimentos de soja a baixo custo (especialmente do Brasil), produção de ar roz em Cuba (5000 hectares), Birmânia, Camarões (10 mil hectares), Laos (100 mil hectares), Moçambique (com 10 mil chineses assentados como trabalhadores agrícolas), Filipinas (1,24 milhão de hectares) e Uganda.
Os Estados do Golfo estão a prever um fundo de mil milhões de dólares para financiar terras capturadas na África do Norte e ao sul do Saara. O Japão comprou 100 mil hectares de fazendas brasileiras para a soja e o milho. Suas corporações possuem 12 milhões de hectares no Sudeste da Ásia e na América do Sul. O Kuwait capturou terra na Birmânia, Cambodja, Marrocos, Yemen, Egipto, Laos, Sudão e Uganda. O Qatar tomou campos de arroz no Cambodja e no Paquistão e de trigo, milho e sementes oleaginosas no Sudão, bem como terra no Vietname para cereais, fruta, vegetais e criação de gado. À Arábia Saudita foram "oferecidos" 500 mil hectares de campos de arroz na Indonésia e centenas de milhares de hectares de terra fértil na Etiópia e no Sudão.
O Banco Mundial (BM) tem desempenhado um papel importante na promoção da captura agro-imperial de terras, destinando US$1,4 mil milhões para financiar tomadas de "terras sub-utilizadas" por parte dos agro-negócios. O BM condiciona seus empréstimos a neocolonias, como a Ucrânia, à abertura de terras à exploração pelos investidores estrangeiros. [5] Aproveitando os regimes neoliberais de "centro-esquerda" na Argentina e no Brasil, investidores agro-imperiais dos EUA e da Europa compraram milhões de hectares de terras férteis e pastos para abastecer seus centros imperiais, enquanto milhões de camponeses sem terra e trabalhadores desempregados são deixados a ver os comboios carregados de carne, trigo e soja dirigirem-se para instalações portuárias controladas por multinacionais estrangeiras e para os mercados internos imperiais na Europa, Ásia e EUA.
Pelo menos dois países imperiais emergentes, Brasil e China, estão sujeitos a tomadas de terra imperiais pelos países imperiais mais "avançados" e tornaram-se "agentes" da colonização da agricultura. Multinacionais japonesas, europeias e norte-americanas exploram o Brasil mesmo quando colonizadores e agro-industriais brasileiros tomaram vastas faixas de terra junto às fronteiras do Paraguai, Uruguai e Bolívia. Um padrão semelhante ocorre na China onde terras agrícolas boas são exploradas por japoneses e capitalistas chineses de além mar ao mesmo tempo que a China está tomar terra fértil nos países mais pobres da África e do Sudeste da Ásia.
Consequências presentes e futuras do agro-imperialismo
A recolonização pelos estados imperialistas emergentes de enormes áreas de terras férteis dos países e regiões mais pobres da África, Ásia e América Latina está a resultar num aprofundamento da bipolarização de classe entre, por um lado, rentistas ricos de estados petrolíferos árabes, bilionários asiáticos, ricos colonizadores judeus financiados pelo estado e especuladores ocidentais e, por outro lado, centenas de milhões de camponeses famélicos, sem terra e despojados no Sudão, Madagascar, Etiópia, Cambodja, Palestina, Birmânia, China, Indonésia, Brasil, Filipinas, Paraguai e alhures.
O agro-imperialismo ainda está nas suas etapas iniciais – tomar posse de enormes extensões de terra, expropriar camponeses e explorar trabalhadores rurais sem terra como trabalhadores ao dia. A fase seguinte, que actualmente está a verificar-se, é ganhar o controle dos sistemas de transportes, da infraestrutura e dos sistemas de crédito, os quais acompanham o crescimento das culturas agrícolas de exportação. Ao monopolizar a infraestrutura, o crédito e os lucros das sementes, fertilizantes, indústrias de processamento, portagens e pagamentos de juros sobre empréstimos mais uma vez concentra-se de facto o controle imperial sobre a economia colonial e estende a influência local sobre políticos, governantes e colaboradores dentro das burocracias.
A estrutura de classe neocolonizada, especialmente em economias predominantemente agrícolas, estão a evoluir para um sistema de quatro camadas nas quais os capitalistas estrangeiros e o seu séquito estão no pináculo da elite representando menos de 1% da população. Na segunda camada, representando 10% da população, está a elite política local e os seus compadres e parentes assim como burocratas e oficiais militares bem colocados, os quais enriquecem-se através de parcerias ("joint ventures) com o neocolonizadores e através de subornos e capturas de terra. A classe média local representa quase 20% e está em perigo constante de cair na pobreza face às crises económicas mundiais. Os camponeses despojados, trabalhadores rurais, refugiados rurais, os sem teto urbanos e camponeses endividados constituem a quarta camada da estrutura de classe com perto de 70% da população.
Dentro do modelo neocolonial emergente de agro-exportação, a "classe média" está a contrair-se e a mudar a sua composição. O número de agricultores familiares a produzirem para o mercado interno está a declinar frente às fazendas possuídas pelo estrangeiro com o apoio do estado a produzirem para os seus próprios "mercados internos". Em consequência, os vendedores do mercado e os pequenos retalhistas estão a ficar para trás, esmagados pelos grandes supermercados de propriedade estrangeira. A perda de emprego para produtores internos de bens e serviços agrícolas e a eliminação de um conjunto de intermediários "comerciais" entre a cidade e o campo está a aguçar a polarização de classe entre as camadas do topo e da base da estrutura de classe. A nova classe média colonial é reconfigurada para incluir um pequeno estrato de advogados, profissionais, publicitários e funcionários de baixo nível das firmas estrangeiras e forças de segurança públicas e privadas. O papel auxiliar da "nova classe média" na prestação de serviços ao poder económico e político colonial torna-a menos orientada para o país e mais colonial nas suas lealdades e perspectivas políticas, mais consumista "free market" no seu estilo de vida e mais propensa à aprovação de soluções internas repressivas (incluindo fascizantes) para inquietações rurais e urbanas e lutas populares pela justiça.
Neste momento, o maior constrangimento ao avanço do agro-imperialismo é o colapso económico do capitalismo mundial, o qual está a minar a "exportação de capitais". O súbito colapso dos preços das commodities está a tornar menos lucrativo investir em terras agrícolas além mar. A secagem do crédito está a minar o financiamento de grandiosas capturas de terra além mar. O declínio de 70% nos rendimentos do petróleo está a limitar os Fundos Soberanos do Médio Oriente e outros veículos de investimento das reservas de divisas dos países do Golfo. Por outro lado, o colapso dos preços agrícolas está a levar à bancarrota a elite dos agro-produtores africanos, asiáticos e latino-americanos, forçando a baixa dos preços da terra e proporcionando oportunidades para agro-investidores imperiais comprarem ainda mais terra fértil a preços de saldo.
A actual recessão capitalista mundial está a acrescentar milhões de trabalhadores rurais desempregados às centenas de milhões de camponeses despojados durante o período de expansão do boom de commodities agrícolas durante a primeira metade da presente década. Os custos do trabalho e da terra estão baratos, ao mesmo tempo que a procura efectiva do consumidor está em qued. Os agro-imperialistas podem empregar todos os trabalhadores rurais do Terceiro Mundo que quiserem a $1 dólar por dia ou menos, mas como podem eles comercializar os seus produtos e obter retornos que cubram os custos dos empréstimos, subornos, transporte, marketing, salários da elite, bonificações, bónus dos presidentes dos conselhos de administração e dividendos dos investidores quando a procura está em declínio?
Alguns agro-imperialistas podem aproveitar-se da recessão para comprar agora muito barato e procurar lucros a longo prazo quando a recuperação financiada pelo estado com muitos milhões de milhões (trillions) tiver efeito. Outros podem reduzir as suas capturas de terra ou mais provavelmente manter vastas extensões de terra valiosa fora da produção até que o "mercado" melhore – enquanto camponeses despojados morrem de fome às margens de campos inaproveitados.
Os novos agro-imperiais estão dependentes dos novos estados imperialistas quanto a recursos (dinheiro e tropas) para reforçar os gendarmes neocoloniais na repressão dos inevitáveis levantamentos dos milhares de milhões de pessoas despojadas, famélicas e marginalizadas no Sudão, Etiópia, Birmânica, Cambodja, Brasil, Paraguai, Filipinas, China e alhures. Está a acabar o tempo para negócios fáceis, transferências de propriedade e arrendamentos a longo prazo consumado por colaboradores neocoloniais e investidores e estados coloniais estrangeiros. Actualmente as guerras imperiais e as recessões económicas internas tanto nos países imperiais antigos como nos emergentes estão a drenar sistematicamente as suas economias e a testar a aceitação das suas populações ao sacrifício da construção do império colonial de novo estilo. Sem apoio militar e económico internacional, o estrato delgado de governantes neocoloniais dificilmente pode aguentar levantamentos em massa do campesinato destituído aliado à classe média a mover-se para baixo e às crescentes legiões de jovens desempregados educados na universidade.
A promessa de uma nova era de construção agro-imperial e de uma nova onda de estados imperiais emergentes pode ter vida curta. Ao invés disso pode haver uma nova de movimentos de libertação nacional com base rural e uma competição feroz entre os novos e os velhos estados imperiais a combaterem por recursos financeiros e económicos cada vez mais escassos. Enquanto o movimento de descida dos trabalhadores e empregados nos centros imperiais do Ocidente gira entre um e outro partido imperial (democrata/republicano, conservador/trabalhista) eles não desempenharão qualquer papel no futuro previsível. Quando e se se libertarem... podem voltar-se para uma direita nacionalista demagógica ou rumo a uma actualmente invisível (pelo menos nos EUA e na Europa) esquerda socialista "nacionalista patriótica". Em qualquer caso, a actual pilhagem neocolonial e a subsequente rebelião em massa começará em outros lugares com ou sem uma mudança nos EUA ou na Europa.

1- Financial Times, November 20, 2008 page 3.
2- Financial Times, November 21, 2008 page 7.
3- Stephen Lendman, “Another Israeli West Bank Land Grab Scheme”, Counterpunch. October 10, 2008; Guardian.co.uk, October 10, 2008.
4- Ver GRAIN.org