João Cabral de Melo Neto
A Antônio B. Baltar
A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
superfícies, tênis, um copo de água.
O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.
(Em certas tardes nós subíamos
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro).
A água, o vento, a claridade
de um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.
Publicado no livro O engenheiro (1945). In: MELO NETO, João Cabral de. Obra completa: volume único. Org. Marly de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p.69-70. Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira)
31/12/2007
O Engenheiro
Colocado por Anónimo na segunda-feira, dezembro 31, 2007 0 comentários
29/12/2007
Da Opus Dei à maçonaria: a incrível história do BCP
Como sou um adepto, embora condicional, do Miguel Sousa Tavares, exponho aqui a sua cronica desta semana, no Expresso.
"Em países onde o capitalismo, as leis da concorrência e a seriedade do negócio bancário são levados a sério, a inacreditável história do BCP já teria levado a prisões e a um escândalo público de todo o tamanho. Em Portugal, como tudo vai acabar sem responsáveis e sem responsabilidades, convém recordar os principais momentos deste "case study", para que ao menos a falta de vergonha não passe impune.
1 Até ao 25 de Abril, o negócio bancário em Portugal obedecia a regras simples: cada grande família, intimamente ligada ao regime, tinha o seu banco. Os bancos tinham um só dono ou uma só família como dono e sustentavam os demais negócios do respectivo grupo. Com o 25 de Abril e a nacionalização sumária de toda a banca, entrámos num período 'revolucionário' em que "a banca ao serviço do povo" se traduzia, aos olhos do povo, por uns camaradas mal vestidos e mal encarados que nos atendiam aos balcões como se nos estivessem a fazer um grande favor. Jardim Gonçalves veio revolucionar isso, com a criação do BCP e, mais tarde, da Nova Rede, onde as pessoas passaram a ser tratadas como clientes e recebidas por profissionais do ofício. Mas, mais: ele conseguiu criar um banco através de um MBO informal que, na prática, assentava na ideia de valorizar a competência sobre o capital. O BCP reuniu uma série de accionistas fundadores, mas quem de facto mandava eram os administradores - que não tinham capital, mas tinham "know-how". Todos os fundadores aceitaram o contrato proposto pelo "engenheiro" - à excepção de Américo Amorim, que tratou de sair, com grandes lucros, assim que achou que os gestores não respeitavam o estatuto a que se achava com direito (e dinheiro).2 Com essa imagem, aliás merecida, de profissionalismo e competência, o BCP foi crescendo, crescendo, até se tornar o maior banco privado português, apenas atrás do único banco público, a Caixa Geral de Depósitos. E, de cada vez que crescia, era necessário um aumento de capital. E, em cada aumento de capital, era necessário evitar que algum accionista individual ganhasse tanta dimensão que pudesse passar a interferir na gestão do banco. Para tal, o BCP começou a fazer coisas pouco recomendáveis: aos pequenos depositantes, que lhe tinham confiado as suas poupanças para gestão, o BCP tratava de lhes comprar, sem os consultar, acções do próprio banco nos aumentos de capital, deixando-os depois desamparados perante as perdas em bolsa; aos grandes depositantes e amigos dos gestores, abria-lhes créditos de milhões em "off-shores" para comprarem acções do banco, cobrindo-lhes, em caso de necessidade, os prejuízos do investimento. Desta forma exemplar, o banco financiou o seu crescimento com o pêlo do próprio cão - aliás, com o dinheiro dos depositantes - e subtraiu ao Estado uma fortuna em lucros não declarados para impostos. Ano após ano, também o próprio BCP declarava lucros astronómicos, pelos quais pagava menos de impostos do que os porteiros do banco pagavam de IRS em percentagem. E, enquanto isso, aqueles que lhe tinham confiado as suas pequenas ou médias poupanças viam-nas sistematicamente estagnadas ou até diminuídas e, de seis em seis meses, recebiam uma carta-circular do engenheiro a explicar que os mercados estavam muito mal.3 Depois, e seguindo a velha profecia marxista, o BCP quis crescer ainda mais e engolir o BPI. Não conseguiu, mas, no processo, o engenheiro trucidou o sucessor que ele próprio havia escolhido, mostrando que a tímida "renovação" anunciada não passava de uma farsa. E descobriu-se ainda uma outra coisa extraordinária e que se diria impossível: que o BCP e o BPI tinham participações cruzadas, ao ponto de hoje o BPI deter 8% do capital do BCP e, como maior accionista individual, ter-se tornado determinante no processo de escolha da nova administração... do concorrente! Como se fosse a coisa mais natural do mundo, o presidente do BPI dá uma conferência de imprensa a explicar quem deve integrar a nova administração do banco que o quis opar e com o qual é suposto concorrer no mercado, todos os dias... 4 Instalada entretanto a guerra interna, entra em cena o notável comendador Berardo - o homem que mais riqueza acumula e menos produz no país - protegido de Sócrates, que lhe deu um museu do Estado para ele armazenar a sua colecção de arte privada. Mas, verdade se diga, as brasas espalhadas por Berardo tiveram o mérito de revelar segredos ocultos e inconfessáveis daquela casa. E assim ficámos a saber que o filho do engenheiro fora financiado em milhões para um negócio de vão de escada, e perdoado em milhões quando o negócio inevitavelmente foi por água abaixo. E que havia também amigos do engenheiro e da administração, gente que se prestara ao esquema das "off-shores", que igualmente viam os seus créditos malparados serem perdoados e esquecidos por acto de favor pessoal.5 E foi quando, lá do fundo do sono dos justos onde dormia tranquilo, acorda inesperadamente o governador do Banco de Portugal e resolve dizer que já bastava: aquela gente não podia continuar a dirigir o banco, sob pena de acontecer alguma coisa de mais grave - como, por exemplo, a própria falência, a prazo.6 Reúnem-se, então, as seguintes personalidades de eleição: o comendador Berardo, o presidente de uma empresa pública com participação no BCP e ele próprio ex-ministro de um governo PSD e da confiança pessoal de Sócrates, mais, ao que consta, alguém em representação do doutor "honoris causa" Stanley Ho - a quem tantos socialistas tanto devem e vice-versa. E, entre todos, congeminam um "take over" sobre a administração do BCP, com o "agréement" do dr. Fernando Ulrich, do BPI. E olhando para o panorama perturbante a que se tinha chegado, a juntar ao súbito despertar do dr. Vítor Constâncio, acharam todos avisado entregar o BCP ao PS. Para que não restassem dúvidas das suas boas intenções, até concordaram em que a vice-presidência fosse entregue ao sr. Armando Vara (que também usa 'dr.') - esse expoente político e bancário que o país inteiro conhece e respeita.7 E eis como um banco, que era tão independente que fazia tremer os governos, desagua nos braços cândidos de um partido político - e logo o do Governo. E eis como um banco, que era tão cristão, tão "opus dei", tão boas famílias, acaba na esfera dessa curiosa seita do avental, a que chamam maçonaria.8 E, revelada a trama em todo o seu esplendor, que faz o líder da oposição? Pede em troca, para o seu partido, a Caixa Geral de Depósitos, o banco público. Pede e vai receber, porque há 'matérias de regime' que mesmo um governo com maioria absoluta no parlamento não se atreve a pôr em causa. Um governo inteligente, em Portugal, sabe que nunca pode abocanhar o bolo todo. Sob pena de os escândalos começarem a rolar na praça pública, não pode haver durante muito tempo um pequeno exército de desempregados da Grande Família do Bloco Central.Se alguém me tivesse contado esta história, eu não teria acreditado. Mas vemos, ouvimos e lemos. E foi tal e qual."
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 29, 2007 0 comentários
Fabricante indiano lançará automóvel por 1.700 euros em 2008
O fabricante indiano «Tata» lançará em finais de 2008 aquele que será o automóvel mais barato do mundo e que custará 1.700 euros, informa a revista especializada alemã «Autor, Motor e Desporto»
A empresa pretende apresentar o seu protótipo na feira do automóvel de Nova Deli, que decorrerá de 10 a 17 de Janeiro.
Trata-se de um veículo pequeno, à semelhança do lendário «Carocha» da Volkswagen, de quatro portas, com um motor de 30 PS e com 660 centímetros cúbicos, para o modelo a gasolina, ou de 700 para gasóleo.
Na primeira fase, a «Tata» propõe-se fabricar 250.000 veículos por ano, para passar ao milhão anual posteriormente.
De acordo com esta publicação, o veículo não será exportado para a Europa ocidental, porque não se adaptará aos seus padrões ambientais, sendo objectivo distribuí-lo na América Latina, África, Europa do Leste e Malásia.
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 29, 2007 0 comentários
Banco de Portugal abre novo processo contra o BCP
Acordaram agora ?
"É a segunda contra-ordenação aberta pelo regulador do sector financeiro. O primeiro tinha a ver com as dívidas de 12,5 milhões de euros não cobradas pelo BCP a um dos filhos de Jardim Gonçalves."
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 29, 2007 0 comentários
PECADO É PECADO...
Um Lisboeta, trabalhando no duro, suado, fato e gravata, vê um Alentejano deitado numa rede, na maior folga.
O Lisboeta não resiste e diz:
-Você sabia que a preguiça é um dos sete pecados capitais?
E, o Alentejano, sem se mexer, responde:
-Pois, a inveja também!!!
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 29, 2007 0 comentários
Calendários ao longo da História!
A humanidade desenvolveu diversos calendários, ao longo dos séculos. O objectivo inicial era prever as estações, determinar épocas ideais para plantio e colheitas ou mesmo estabelecer quando deveriam ser comemorados feitos militares ou realizadas actividades religiosas. Alguns desses calendários continuam a ser usados, tais como o Judeu, o Muçulmano e o Chinês.Para medir os ciclos, muitos povos valeram-se da lua, outros do sol. Em ambos os casos defrontaram-se com dificuldades. O Ano Trópico, intervalo de tempo em que a Terra leva para completar o seu trajecto orbital completo em torno do sol, corresponde a 365,242199 dias.Como nos calendários o ano é estabelecido em anos inteiros, surge uma diferença (0,242199 dias se o calendário for de 365 dias), que vai se acumulando ao longo do tempo, transformando-se em erro de dias inteiros ou semanas.Para corrigi-los são incluídos de tempos em tempos, dias extras (29 de fevereiro, em anos bissextos) ou mesmo meses, caso do calendário Judeu.
Estes são os calendáriso conhecidos!
Calendário asteca
Calendário babilônico
Calendário chinês
Calendário egípcio
Calendário grego
Calendário gregoriano
Calendário hindu
Calendário indígena
Calendário judaico
Calendário juliano
Calendário lunar
Calendário maçônico
Calendário maia
Calendário muçulmano
Calendário permanente
Calendário positivista
Calendário revol. francesa
Calendário romano
Calendário solar
Calendário universal
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 29, 2007 0 comentários
CALENDÁRIO ASTECA
O calendário asteca era basicamente igual ao dos maias. O ano possuí início no solstício de inverno com um ciclo de 18 meses de 20 dias cada e mais um curto período, ou mês diminuto de 5 dias. Com 104 anos comuns tinha-se um grande ciclo no qual intercalavam 25 dias. Laplace, matemático, dizia que o ano-trópico asteca era mais exato do que o de Heparco. Essa exactidão do ciclo de 260 anos sagrados em relação ao exacto movimento do Sol, possuía uma diferença de apenas 0,01136 de dia, ou seja, um pouco mais de um centésimo de dia.
O calendário asteca dava aos dias nomes próprios que correspondiam a números de ordem no decorrer do mês.Os dias corriam de 1 a 20, e os festivais eram comemorados no último dia do mês.A escrita da data informava o ano em curso, o número e o nome do dia, sem mencionar o dia do mês e o próprio mês. Para citar uma ocorrência de longa duração, os astecas informavam apenas o ano em curso.
Nomes no calendário asteca
Dias correspondentesno mês
Cipactili Ehecatl Calli Cuetzpalin Coatl
Miquiztli Mazat Tochtli Atl Itzcuintli
Ozimatili l Mallinalli Acatl Ocelotl Quauhtli
Cozcaquauhtli Ollin Tecpatl Quiauitl Xochitl
4 5 1 2 3
9 1 0 6 7 8
14 15 11 12 13
19 20 16 17 18
Os meses no calendário asteca eram 18, totalizando 360 dias, mais cinco dias suplementares, denominados Nemotemi ou "dias vazios"
p://puccamp.aleph.com.br/1999/calendario/asteca.html
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 29, 2007 0 comentários
ALHO: UM SANTO REMÉDIO
Alho (Allium sativum L.), membro da família das cebolas, tem sido cultivado desde á milhares de anos e, é usado largamente pelos seus ambos atributos, culinário e medicinal. À medida que nos tornamos mais acostumados ao sabor do alho, e nos tornamos conhecedores dos múltiplos benefícios que comer alho traz à saúde, a popularidade desta especiaria tem crescido.
A maioria das espécies de alho cresce em clima ameno. As espécies nativas em clima amenos e transportadas para clima frio, normalmente não se desenvolvem bem e quase sempre apresentam um sabor excessivamente forte. O alho é uma espécie de planta adaptável a diversos climas, entretanto, e ao longo de milhares de anos, foram desenvolvidas variedade que crescem bem em clima frio e sempre com um sabor melhor.
O alho está disponível o ano inteiro, e sob diversas formas além do alho fresco, como em pó, em flocos, óleo ou puré.
Benefícios à saúde
As propriedades medicinais e os benefícios que o alho traz à saúde são de há muito conhecidas. O alho tem sido considerado a “maravilha das drogas” herbáticas, com a reputação folclórica de “curar desde um simples resfriado até a peste bubônica”. Tem sido muito usado na medicina herbática (fitoterapia). Cru, tem sido aplicado no tratamento de alguns sintomas da acne, e há algumas evidencias de que pode ajudar na administração dos níveis de colesterol. Pode ser usado até como repelente natural de mosquitos.
Em geral, quanto mais forte o sabor do alho maior o teor de enxofre, portanto, maior o seu valor medicinal. Algumas pessoas sugerem que o alho orgânico tende a ter mais enxofre ainda.
Alguns preferem consumir os suplementos do alho (pílulas e cápsulas) o que evita o hálito de alho.
A ciência moderna mostrou que o alho é um poderoso antibiótico, embora de acção generalizado, não específica a algum tipo de infecção, com a grande vantagem de que o organismo parece não desenvolver resistência conta ele, o que possibilita um benefício à saúde e capacidade curativa contínua, ao longo do tempo.
Antioxidante
Dois estudos mostram que o alho – especialmente o envelhecido – podem ter um poderoso efeito antioxidante. Os antioxidantes ajudam a proteger o corpo contra os “radicais livres”.
Anticoagulante
Pela sua característica anticoagulante, é recomendável para pessoas com pressão arterial elevada, não sendo recomendado o seu consumo p'ra pessoas recém submetidas a cirurgias.
Desobstrui as vias respiratórias
Por na boca um dente de alho cru, levemente ferido, desobstrui as vias respiratórias, sendo possível até que sejam repelidas crises de asma.
Efeitos colaterais
1. Quando consumido cru e em grande quantidade pode trazer problemas ao sistema digestivo.
2. Pela sua característica anticoagulante, não é recomendado o seu consumo p'ra pessoas recém submetidas a cirurgias.
3. Alergias ao alho podem apresentar resseca mento da pele, elevação da temperatura do corpo (estado febril) e dor de cabeça.
Você sabia?
O alho elefante não é realmente alho e seu sabor é muito mais moderado que o do alho branco.
por: felipex
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 29, 2007 0 comentários
A vida é muito exigente
A vida é muito exigente
Nada sente, nada espera
trata da gente exatamente
como a gente trata dela
E é tão preeminente
que se a gente não sorrir pra ela
ela fica de mal com a gente
Então, dialogue com ela
de agora em diante, aja diferente
pense e plante nela
diariamente do sorriso a semente
Nunca desista dela
e ela será sempre complacente
e muito condescendente
trazendo alegria corrente
Lute por ela
e ela jamais será resistente
Seja insistente
creia nela
e ela será sempre surpreendente!
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 29, 2007 0 comentários
Big Bang
Em 1927 foi formulada por George Lemaitre a teoria de que o universo se originou a partir de uma grande explosão, o Big Bang. Hoje já não é assim ?
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 29, 2007 0 comentários
Vidas Entrelaçadas...
A chuvinha fina da esperança
Plantamos a dourada semente de vida
Escrevemos nosso livro de lembranças,
podemos fechar o romancemesmo sem um último capítulo
Nossa imaginação tinha navegadoatravés de lagos e oceanos
agora estamos na beira de um riacho
que parou de correr, falta de ninguém
Foi tudo tão maravilhoso
quando os sonhos voavam livres.
Felizmente o céu continua azul
nossas asas ainda pedem mais vento
sem feridas nem cicatrizes.Levamos corações mais afinados
para dançar outras valsas
Pelas imutáveis regras do universo,você continuará a ser parte de mim
e eu parte de você para sempre
no ciclo de vidas entrelaçadas...
Autor: Joseph E. de Sousa
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 29, 2007 0 comentários
Penhora online de veículos disponível a partir de segunda-feira
pois, então será para os "suspeitos" do costume...
"A penhora de veículos através da Internet passa a ser possível a partir de segunda-feira, uma medida que vai permitir a redução em 50 por cento do valor actual cobrado em qualquer conservatória, anunciou o Ministério da Justiça.Numa primeira fase, o serviço será disponibilizado, a título experimental, a alguns solicitadores de execução, seleccionados pela Câmara dos Solicitadores. A partir do final de Janeiro de 2008 estará disponível para todos os solicitadores de execução do país. "
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 29, 2007 0 comentários
23/12/2007
CMVM vê sinais de «ilícito criminal» no BCP.
O mais interessante nesta estória, é o facto dos bancos serem obrigados a terem empresas a fazer-lhes auditorias; a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários a superintende-los, etc, etc, e nunca ninguém viu nada de anormal?!
Eu, tal como milhares de pessoas neste país, sou cliente deste banco e como todos os outros andamos a pagar e bem, para estes Srs, que se aproveitam e bem, do lugares que ocupam e da complacencia dos que deviam zelar pela boa organização e cumprimento dos deveres, do banco com a sociedade!
"(CMVM) já finalizou as suas investigações preliminares à gestão do Grupo BCP, «tendo concluído pela existência de indícios seguros de ilícitos criminais», avança o jornal Público na edição deste sábado."
Colocado por Anónimo na domingo, dezembro 23, 2007 0 comentários
22/12/2007
Lobos e cordeirinhos
De: Miguel Sousa Tavares
No Expresso.
Publico-o pois concordo com ele!
"1 Por causa das gravuras supostamente paleolíticas de Foz Coa (algumas desenhadas há 30 anos) deixou de se fazer uma barragem que era importante para a regularização do Douro; e, por não se ter feito essa barragem, vai avançar-se agora com a respectiva compensação, que é uma barragem no Sabor - um dos últimos rios despoluídos e em estado natural do país - que terá consequências ambientais desastrosas. Mas, na altura, Guterres e Carrilho queriam inaugurar o seu Governo com uma caução 'cultural', cavalgando uma onda de demagogia imaginada por uma inteligente máquina propagandística de interessados em arranjar um 'tacho' no futuro Parque Paleolítico do Coa. "As gravuras não sabem nadar", gritavam eles. E, porque as gravuras não sabem nadar, destrói-se o rio Sabor.
Tempos depois, foi a vez das pegadas da passagem de um dinossauro na CREL. "Achado arqueológico de extrema importância", arranjou logo os seus acérrimos defensores. Fez-se então um túnel, para preservar por cima as marcas indeléveis da passagem do dinossauro excelentíssimo. Tal como em Foz Coa, as boas almas que se encarregam de desbaratar dinheiros públicos a qualquer pretexto juraram que o local seria ponto de permanente romaria de criancinhas das escolas, levadas compulsivamente, e de milhares, milhões de adultos, idos voluntariamente, em súbito fervor histórico-cultural. E só a chegada do défice evitou que ao túnel se juntasse ainda um museu do dinossauro. Mesmo assim, milhões e milhões e milhões depois, duvido que mais de uma dúzia de curiosos por ano se preocupe em ir ver as pegadas do bicho; e, quanto a Foz Coa, retenho a exclamação sentida de uma habitante local, aqui há tempos: "Até agora, ainda não ganhámos nada com as gravuras!" Pois não , minha senhora, mas isto de ganhar dinheiro sem fazer nada, apenas abrindo a torneira do Estado, não acontece todos os dias.
Agora, li aqui que, por cima da A-24, entre Vila do Conde e Vila Pouca de Aguiar, se fez um 'loboduto', para que os distintos animais (que não se sabe ao certo quantos são) não vejam interrompidos os seus supostos territórios de passagem na serra da Falperra. Eu acho o lobo um animal interessante e Deus me livre de não os querer preservar. Mas, francamente, 100 milhões de euros (20 milhões de contos!) por um 'loboduto' - onde, ainda por cima e segundo testemunhos locais, é improvável que venha a passar algum lobo, porque não só não se sabe se eles existem mesmo ali como ainda se sabe que ao lado existe uma pedreira que costuma fazer explosões - parece-me um bocadinho, como direi, talvez exagerado?... Vamos admitir que existem por ali dez lobos, a quem aquilo facilita a vida; vamos mesmo admitir que existem vinte: um milhão de contos por lobo não será de mais? Quantos anos, e sempre com gravíssimos problemas de saúde e assistência, não teria de viver um português para que o Estado gastasse com ele um milhão de contos?
Como se conseguiu chegar a este verdadeiro deboche contabilístico? Segundo conta o 'Expresso', da maneira mais simples e mais habitual: através da contratação de estudos e pareceres técnicos a 'especialistas'. A consultadoria para o Estado - um dos mais prósperos negócios que existem em Portugal.
2 Pela mesma altura de Foz Coa - governava Guterres e era ministro da Economia Pina Moura -, a consultadoria externa levou o Estado a celebrar outro extraordinário negócio. Existia uma empresa privada, a Grão Pará, que parece que tinha o mau hábito de se esquecer de pagar à Segurança Social. Já uma vez tinha conseguido negociar de forma a que o Estado lhe pusesse as dívidas a zero, mas, anos depois, estava outra vez na mesma situação. Como resolver o problema? Por dação em pagamento. Acontece que a dita empresa tinha dois bens, qual deles o mais valioso. Um era um hotel no Funchal, construído ao lado do que dava para imaginar facilmente que um dia seria o prolongamento da pista de aterragem do aeroporto. Quando a pista foi mesmo prolongada, o hotel ficou condenado à falência, porque não há muitos hóspedes que queiram dormir onde aterram aviões. O outro era o Autódromo do Estoril, onde sucessivas injecções de dinheiros públicos não tinham conseguido o milagre de o tornar rentável nem sequer de lá manter a Fórmula 1. E foi com estes dois bens falidos que o Estado se contentou em troca do perdão da dívida. Na altura escrevi um artigo perguntando como é que um Governo que tudo queria privatizar se lembrava de 'nacionalizar' um autódromo e como é que o Estado transformava um crédito num encargo financeiro para si. Respondeu no mesmo jornal o ministro Pina Moura. Dizia que o autódromo era essencial para o turismo e para o 'interesse público' e que, feitas umas pequenas obras de melhoramento, logo regressaria a Fórmula 1 e lucros a perder de vista.
Passaram-se dez anos e o Autódromo do Estoril, depois de dezenas de milhões de euros de dinheiros públicos gastos em melhoramentos, manutenção e honorários dos seus administradores (e, obviamente, sem jamais voltar a ver a Fórmula 1 ou qualquer coisa que se parecesse), foi esta semana posto em leilão público por 35 milhões de euros. Não apareceu nenhum interessado. Pelo que, das duas uma: ou se arrasa e urbaniza tudo aquilo (fazendo mais uma alteração legislativa, porque os terrenos são de construção proibida), ou teremos de continuar a suportar eternamente os custos deste brilhante acto de governação.
3 E sabem porque é que estas coisas acontecem? Porque há um poderosíssimo lóbi de consultadoria instalado à mama do Estado, há anos sem fio, que dita, influencia e condiciona as decisões dos executivos. Para 2008, o Governo orçamentou 370 milhões de euros (!) para gastar com eles em "estudos, pareceres, projectos e consultadoria". Eles, quem? Pois, isso é segredo de Estado, Há um ano que o semanário 'Sol' tenta obter, ao abrigo da Lei de Acesso aos Documentos Administrativos, a lista dos beneficiários deste bodo. Em vão. O Governo fecha-se em copas e os tribunais administrativos protegem-lhe a manha. É que, se visse a público a lista das eminentes personalidades, dos ilustres técnicos e dos influentes escritórios de advogados e consultores que entre si fazem assessoria aos governos - seja para comprar armas, submarinos ou autódromos ou para dar parecer técnico sobre 'lobodutos' ou contratos com Angola -, uma grossa fatia da respeitabilidade pública desabaria por terra.
Repito o que de há muito venho dizendo: em termos de cidadania, há duas espécies de portugueses - os que vivem a pagar ao Estado e os que vivem a tirar ao Estado. E o resto é conversa de comendadores ou de 'benfeitores'."
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 22, 2007 3 comentários
Ainda o Tratado de Lisboa
vá-se lá saber !
"O que vão pensar os outros líderes europeus de um primeiro-ministro que hesita durante uma semana se deve ou não deixar-se fotografar a assinar o tratado?"
William Hague, político britânico, sobre o facto de Gordon Brown ter assinado sozinho [mais duas horas depois restantes líderes dos 27] o Tratado de Lisboa. Público, 14/12/2007 »
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 22, 2007 0 comentários
DEDICATÓRIA AOS GRANDES DE PORTUGAL (CARTAS CHILENAS)
Ilmos. e Exmos. senhores,
Apenas concebi a idéia de traduzir na nossa língua e de dar ao prelo as Cartas Chilenas, logo assentei comigo que Vv. Exas. haviam de ser os Mecenas a quem as dedicasse. São Vv. Exas. aqueles de quem os nossos soberanos costumam fiar os governos das nossas conquistas: são por isso aqueles a quem se devem consagrar todos os escritos, que os podem conduzir ao fim de um acertado governo.
Dois são os meios por que nos instruímos: um, quando vemos ações gloriosas, que nos despertam o desejo da imitação; outro, quando vemos ações indignas, que nos excitam o seu aborrecimento. Ambos estes meios são eficazes: esta a razão por que os teatros, instituídos para a instrução dos cidadãos, umas vezes nos representam a um herói cheio de virtudes, e outras vezes nos representam a um monstro, coberto de horrorosos vícios.
Entendo que Vv. Exas. se desejarão instruir por um e outro modo. Para se instruírem pelo primeiro, têm Vv. Exas. os louváveis exemplos de seus ilustres progenitores. Para se instruírem pelo segundo, era necessário que eu fosse descobrir o Fanfarrão Minésio, em um reino estranho! Feliz reino e felices grandes que não têm em si um modelo destes!
Peço a Vv. Exas. que recebam e protejam estas cartas. Quando não mereçam a sua proteção pela eloqüência com que estão escritas, sempre a merecem pela sã doutrina que respiram e pelo louvável fim com que talvez as escreveu o seu autor Critilo.
Beija as mãos
De Vv. Exas.
O seu menor criado...
Tomás Antônio Gonzaga
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 22, 2007 0 comentários
Dez réis de esperança
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.
António Gedeão
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 22, 2007 0 comentários
Pedra Filososal
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
António Gedeão
Colocado por Anónimo na sábado, dezembro 22, 2007 0 comentários
04/12/2007
Este ano não vai haver presépio!
Lamentamos mas:
- Os Reis Magos lançaram uma OPA sobre a manjedoura e esta foi retirada do estábulo até decisão governamental ;
- Os camelos estão no governo;
- Os cordeirinhos estão tão magros e tão feios que não podem ser exibidos;
- A vaca está louca e não se segura nas patas;
- O burro está na Escola Básica a dar aulas de substituição;
- Nossa Senhora e São José foram chamados à Escola Básica para avaliar o burro;
- A estrelinha de Belém perdeu o brilho porque o Menino Jesus não tem tempo para olhar para ela;
- O Menino Jesus está no Politeama em actividades de enriquecimento curricular e o tribunal de Coimbra ordenou a sua entrega imediata ao pai biológico ;
- A ASAE fechou temporariamente o estábulo pela falta da manjedoura e, sobretudo, até serem corrigidas as péssimas condições higiénicas do estábulo, de acordo com as normas da UE.
Colocado por Anónimo na terça-feira, dezembro 04, 2007 0 comentários
16/11/2007
Arbitragem portuguesa.
Colocado por Anónimo na sexta-feira, novembro 16, 2007 0 comentários
10/10/2007
Atendimento bancário personalizado.
- Alô? Quem tá falando?
- É o ladrão.
- Desculpe, eu não queria falar com o dono do banco. Tem algum funcionário aí?
- Não, os funcionário tá tudo como refém.
- Eu entendo. Trabalham quatorze horas por dia, ganham um salário ridículo,
Vivem levando esporro, mas não pedem demissão, porque não encontram outro emprego, né? Vida difícil. Mas será que eu não poderia dar uma palavrinha com um deles?
- Impossível. Eles tá amordaçado.
- Foi o que pensei. Gestão moderna, né? Se fizerem qualquer crítica, vão pro olho da rua. Não haverá, então, algum chefe por aí?
- Claro que, não, meu amigo. Quanta inguinorânça! O chefe tá na cadeia, que é o lugar mais seguro pra se comandar um assalto.
- Bom... Sabe o que que é? Eu tenho uma conta...
- Tamo levando tudo, ô bacana. O saldo da tua conta é zero.
- Não, isso eu já sabia. Eu sou professor. O que eu queria mesmo era uma informação sobre juro.
- Companheiro, eu sou um ladrão pé-de-chinelo. Meu negócio é pequeno.
Assalto a banco, vez ou outra um seqüestro. Pra saber de juro é melhor tu ligar pra Brasília.
- Sei, sei. O senhor tá na informalidade, né? Também, com o preço que tão cobrando por um voto hoje
- Tu tá pensando que eu tô brincando? Isso é um assalto!
- Longe de mim. Que é um assalto, eu sei perfeitamente. Mas queria saber o número preciso. Seis por cento, sete por cento?
- Eu acho que tu não tá entendendo, ô mané. Sou assaltante.
Trabalho na base da intimidação e da chantagem, saca?
- Ah, já tava esperando. Vai querer vender um seguro de vida ou um título de capitalização, né?
- Não... Eu... Peraí, bacana, que hoje eu tô bonzinho. E vou quebrar o teu galho.(um minuto depois) . Alô? O sujeito aqui tá dizendo que é oito por cento ao mês.
- Puxa, que incrível!
- Tu achava que era menos?
- Não, achava que era isso mesmo. Tô impressionado é que, pela primeira vez na vida, consegui obter uma informação de uma empresa prestadora de serviço, pelo telefone, em menos de meia hora e sem ouvir Pour Elise.
- Quer saber? Fui com a tua cara. Dei umas bordoadas no gerente e ele falou que vai te dar um desconto. Só vai te cobrar quatro por cento, tá ligado?
- Não acredito! E eu não vou ter que comprar nenhum produto do banco?
- Nadica. Tá acertado.
- Muito obrigado, meu senhor. Nunca fui tratado dessa...
- Ih, sujou! (tiros, gritos) A polícia!
- Polícia? Que polícia? Alô? Alô? sinal de ocupado)
- Alô?.. Droga! Maldito Estado!!! Sempre intervindo nas relações entre homens de bem!
Colocado por Anónimo na quarta-feira, outubro 10, 2007 0 comentários
08/08/2007
TESTEMUNHO DE UMAS BOAS (MÁS)HORAS NA BOA HORA
Por: Fernanda Câncio
Tribunal da Boa Hora, esta semana. Convocada como testemunha para as 14 horas, apresento-me, pontualmente (que é como quem diz, muito a tempo para quem conhece o funcionamento dos tribunais portugueses) às 14.07. No foyer do tribunal, uma fila de vinte pessoas, ostentando o BI, espera a vez para receber um cartão de visitante das mãos de uma funcionária estonteantemente lenta. Ainda avento existir uma entrada para público e outra para testemunhas, mas não. Só "advogados, funcionários e magistrados" têm acesso livre, sem necessidade de identificação, revista policial ou sequer um olhar. É levar uma pastinha e entrar em passo assertivo e estugado, e poupa-se um quarto de hora (pelo menos) em pé, mais a necessidade de mostrar o conteúdo do saco, dos bolsos e quaisquer "limas ou corta-unhas" que transporte, assim como da entrega da tampa da garrafa de água que porventura (avisadamente) traga consigo e da submissão ao detector de metais. Qualquer energúmeno que queira entrar de Uzi, bomba ou faca de cozinha se fará passar por advogado, relegando a revista do "povo" para a função de cumprir o regulamento (para além, naturalmente, de pôr o povinho no lugar).
E as regras são sagradas. Quando o casal à minha frente na fila, acompanhado da filha de seis anos, alcança a vez, a funcionária é peremptória: "A criança não pode entrar." Os pais explicam que não tinham onde a deixar e prometem que ela não entrará na sala de audiências. Sem sucesso. Quando o pai diz à filha para se sentar na entrada do tribunal "à espera", a funcionária nem pestaneja.
No país em que toda a gente vibra com a sorte da inglesinha Maddie, há um tribunal que, sem fazer nas convocatórias qualquer referência ao facto, barra a entrada a crianças e se borrifa na sua sorte - até que sejam objecto de um crime, altura em que promete dedicar-lhes horas de reflexão, pesar e rigoroso apuramento de responsabilidades. Há mais perfeita caricatura da relação imperial e mecânica da justiça portuguesa com os cidadãos? Depois disto, talvez nem valha a pena lembrar o desprezo que demonstra pelas testemunhas, ao fazê-las esperar horas perdidas e às vezes dias a fio pelo momento de serem ouvidas, num edifício em que não existe um local para beber água (descontando os lavatórios das casas de banho) nem para comprar alimentos, e onde os lugares sentados são exíguos. E é a justiça, diz a Constituição, administrada em nome do povo, e é este um dos tribunais da capital. O tal que foi há dias notícia por causa de um rato. Num navio tão naufragado, é caso para perguntar se não seria o último.
Colocado por Anónimo na quarta-feira, agosto 08, 2007 0 comentários
DIAS CONTADOS - ABONOS DE FAMÍLIA
Por: Alberto Gonçalves
sociólogo
Cavaco Silva pediu políticas de estímulo à natalidade. O Governo subscreveu o apelo. A Associação de Famílias Numerosas (AFN) aplaudiu-o. E a Associação de Famílias Minúsculas, que fundei anteontem, escusa-se a comentar.
Há razões válidas para que Portugal (e a Europa) se aflijam com a baixíssima natalidade
Já a AFN defende os incentivos à natalidade apenas porque sim. Ou, melhor dizendo, porque beneficia os respectivos membros. Em abstracto, nada justifica que as proles abundantes mereçam do Estado simpatia adicional. E é perigoso que o Estado entenda discriminar positivamente (ou negativamente) os agregados em função da sua semelhança quantitativa com o Rancho Folclórico de Penalva do Castelo.
Convinha que as famílias, vastas ou diminutas, resultassem de escolhas livres e não da adaptação interesseira às decisões do Estado. O qual, aliás, não se deveria meter onde não é chamado. Nem, para o caso, onde de facto o chamam. Salvo situações de profunda estupidez, ser mãe solteira ou pai de dezasseis petizes deriva de opções pessoais, sem direito legal a sanção ou recompensa. No máximo, e de acordo com o IRS de cada um, acho legítimo que os filiados na AFN reivindiquem um pequeno subsídio - não para o sustento dos filhos, mas para a aquisição de contraceptivos.
A PALESTINA AINDA NÃO VENCEU
Parece que o momento de maior efervescência da convenção do Bloco de Esquerda, realizado no fim-de-semana, sucedeu quando uma embaixada de agrupamentos palestinianos foi recebida aos gritos de "Palestina vencerá!". Duvido que o entusiasmo seja recíproco. Não consta que os congressos do Hamas e da Fatah se comovam com as causas internas do BE, e que os seus delegados se levantem a berrar "O Zé faz falta!" ou "Não ao offshore da Madeira!".
De resto, a devoção altruista do Ocidente por aquele pedaço específico da Terra não se esgota nos malucos da extrema-esquerda. Antes pelo contrário. Por tudo o que é jornal e noticiário da Europa, o 40º aniversário da Guerra dos Seis Dias viu-se transformado na evocação dos quarenta anos do "sofrimento palestiniano". Mais: a própria guerra terá sido um erro cometido por Israel, o seu desfecho uma vitória de Pirro, e as suas consequências uma "calamidade" até para o "estado judaico". As aspas prendem-se com um recente, e assaz citado, editorial da insuspeita "The Economist", publicação capaz de imprimir uma irracionalidade recorrente face a Israel e manter-se insuspeita.
Não é preciso acenar com documentos recém-descobertos, como fez o historiador Michael Oren, para provar que as pretensões do Egipto (e da Jordânia, e da generalidade dos países mais ou menos vizinhos da "nação sionista") em 1967 se limitavam a um pormenor quase ternurento: a erradicação de Israel e a chacina ou, nas versões humanitárias, a expulsão dos israelitas. Tradução: Israel vencia a guerra ou desaparecia. Israel venceu e permaneceu um estado civilizado no meio da barbárie. Para muitos, eis um erro imperdoável.
G8
Um outro mundo não é possível. Um mundo em que se desconfie de campeões dos oprimidos que ostentam, com orgulho, os símbolos dos piores totalitarismos. Um mundo em que estadistas democraticamente eleitos se possam encontrar na Alemanha ou onde quiserem, sem o acompanhamento de hordas de selvagens. Um mundo em que selvagens com tempo a mais e higiene a menos não atinjam o popular estatuto de "activistas", e no qual a destruição de propriedade e a agressão física não passe por afirmação politica. Um mundo em que, após demorado processo de lavagem e desparatização, haja coragem para acomodar os "activistas" no seu habitat natural: as jaulas. Um mundo em que o presidente dos EUA não solte um apalermado "Bono para presidente!" à passagem de uma vedeta "rock". Um mundo em que se despreze a autoridade de cançonetistas notoriamente boçais para opinar acerca do destino do Homem. Um mundo em que não se condicione o destino do Homem a "ameaças climáticas" e palpites sem fundamento científico. Um mundo em que a globalização seja avaliada pela riqueza global que comparativamente gera e não pela "desigualdade" que as alucinações de tantos lhe atribuem. Um mundo em que as principais conquistas do mundo não fossem odiadas por aqueles que delas mais usufruem. Um mundo que fizesse sentido.
ESCOLA DE RECONDUÇÃO
Com despacho assinado pelo engenheiro Sócrates (duas palavras que não voltarão a ser associadas sem receio de interpretação irónica), o Governo reconduziu a directora regional de Educação do Norte no cargo. Segundo o presidente da distrital socialista do Porto, parece que a decisão se deve à "competência" da senhora. Apesar dos protestos da oposição à direita e dos descrentes de serviço, não vejo que outros motivos tenham fundamentado a recondução.
Que critérios se pode invocar para pôr em causa a competência da senhora? Não serão, decerto, critérios técnicos. Como mostram os testes de aferição de português e matemática, experiências avançadas que premeiam o puro erro, a função prevista do ensino público faleceu há muito, e o cadáver não depende particularmente da DREN. Entidades assim perpetuam-se para que o poder político distribua funcionários e para que os funcionários retribuam o favor. Antes do prof. Charrua, a sra. Margarida Moreira, detentora de um passado impressionante enquanto educadora de infância e sindicalista, já despachara cinco criaturas, por aquilo que ela toma por desrespeito ou por aquilo que o Governo a manda tomar por desrespeito. A sra. Margarida faz, e bem, o que dela se espera, afinal uma apropriada definição de competência e uma virtude que não tem preço. Ou tem: o salário de directora regional. Por mais uns anos.
CRIME DELE, NOSSO CASTIGO
Começou o julgamento de António Costa (não é esse), o alegado homicida de Santa Comba Dão (não é esse). O sr. Costa é um antigo cabo da GNR e, apesar do barulho em seu redor, não faço ideia se está inocente. Se está, o caso é uma vergonha. Se não está, o caso é uma vergonha maior.
A excitação e a pressa levaram a imprensa a chamar o sr. Costa de "serial-killer". À portuguesa, faltou especificar. Um assassino em série competente não nega crimes em tribunal: confessa os que cometeu, junta-lhes alguns que não cometeu (para compor o currículo), enriquece-os com pormenores macabros e a seguir sorri à plateia, consolado e doido. Medroso, o típico assassino nacional admite em privado, para em público se encolher, negar tudo e desatar a distribuir lamúrias.
À imagem do verificado em tantos ramos de actividade, também no assassínio em série não conseguimos alcançar os níveis dos países desenvolvidos. Concedo, não é exactamente uma razão de queixa: a vida real passa bem sem um certo tipo de matanças indiscriminadas. O chato é que a vida ficcional não. Um destes dias, a propósito do sr. Costa, Ferreira Fernandes lembrou aqui no DN que Portugal não possui uma literatura policial. Concordo e acrescento: nem literatura, nem cinema, nem nenhuma forma de expressão artística que se tente alimentar, com proveito, do vital tema do crime.
Quer dizer, criminosos nós temos. Mas são, quase invariavelmente, ex-polícias, camponeses alcoolizados, débeis mentais e vítimas do rendimento mínimo. Por sua vez, o móbil dos crimes prende-se normalmente com terras, águas, ciúmes, drogas, frustração sexual e outros elementos telúricos que não dão enredo ou, o que é pior, dão enredos péssimos. A acreditar nas escutas ao arguido, o sr. Costa matou três raparigas porque "queria um beijo" e "andava stressado". Pois é, nascer, e morrer, em Famalicão ou Telheiras não é o mesmo que nascer, e morrer, em Cleveland ou São Petersburgo. Psicopatas autênticos suscitam análises e parábolas sobre o mistério da condição humana. Os nossos retratam a pobreza de espírito: perante a prisão iminente, o maior desgosto do sr. Costa consiste em não regressar à Casa do Benfica.
Com personagens e tramas destas, a ficção pátria vem-se arrastando-se dos folhetins de cordel ao neo-realismo e ao cinema contemporâneo por entre vinganças, invejas, violadores de bairro, familiares desavindos, toxicodependentes confusos e a miséria literal e criativa. Em suma, um aborrecimento de morte. Embora haja relativa perícia em tornar, como os portugueses tornam, a morte aborrecida.
António Costa percebeu que não ganha Lisboa com a folga desejada sem fingir questionar, ao menos um bocadinho muito pequenino, o aeroporto da Ota. Mas uma coisa é simular objecções a um projecto duvidoso, assente em argumentos anedóticos e num lamaçal. Outra coisa é julgar que a defesa de um retrocesso geral no sistema de transportes constitui um bom mote para a campanha. Quando António Costa aparece a pedalar por Belém e a prometer rasgar a cidade com "ciclovias", é chegada a altura de os seus assessores lhe aconselharem moderação.
Primeiro, há o problema da coerência política: ninguém acredita que o antigo "número dois" do exacto Governo que quer cercar a capital com terminais aéreos e linhas de TGV seja um adepto indefectível do ciclismo. Depois, há o problema do interesse comum: ninguém aspira a trocar o automóvel pela bicicleta na sua rotina diária.
Vale ao dr. Costa que os demais candidatos também partilham a aparente obsessão por sujeitar as massas a meios de locomoção arcaicos e cansativos. Ler as diversas propostas eleitorais é antecipar uma intrincada teia de ruas fechadas ao trânsito, "corredores verdes", "passadiços", "eixos pedonais", "faixas cicláveis" (?), etc. A aversão dos putativos autarcas lisboetas aos transportes comuns terá começado no momento
Mas nem o presciente prof. Marcelo adivinharia o fervor ruralista e ecológico que hoje domina a corrida à CML. Além de procurarem regular o tráfego urbano pelos padrões de 1935, os concorrentes sonham com colectividades de bairro, mercearias de esquina, teatro nas ruas, heranças árabes, "pulmões" florestais, "agricultura urbana" e, eu fique ceguinho, o combate municipal ao aquecimento global. Um terço das propostas de governação camarária resume-se a este Manifesto do Atraso de Vida, assumidamente "giro" e naturalmente inviável. Os restantes dois terços são banalidades, que oscilam entre a "devolução de Lisboa" aos lisboetas ou ao rio.
Sugiro um compromisso: devolva-se de facto Lisboa (ou o matagal que dela sobrar) ao rio e, já que a finalidade é convertê-los à força aos ideais da Quercus, mude-se os lisboetas para a Albânia, o Nepal ou qualquer lugar assim "pedonal", "ciclável" e rústico. Não fosse o aeroporto e a Ota seria uma solução igualmente válida.
LISBOA ANTIGA UMA FACTURA PESADA
A custo, a imprensa britânica ainda tolerou que os agentes da Polícia Judiciária não se dignassem informá-la, a intervalos regulares, de todos os avanços, recuos e irrelevâncias em volta do desaparecimento da "pequena Maddie". Mas a imprensa britânica não tolera que, em vez de procurarem Maddie, ou - o que seria perfeito - convocarem conferências a cada dez minutos, os agentes da PJ demorem duas horas num almoço, para cúmulo num restaurante caro, especializado em mariscos e permeável a fotógrafos ingleses. Aparentemente, as chefias da PJ concordam com a imprensa britânica e, a fim de evitar vergonhas, as fotografias da almoçarada foram apreendidas. De futuro, os polícias que tentem os couratos.
Colocado por Anónimo na quarta-feira, agosto 08, 2007 0 comentários
A INCOMPREENSÍVEL DIVERSIDADE DA UNIVERSIDADE
Enquanto rebentam escândalos nas universidades, uma nova geração prepara-se para entrar no ensino superior. Vale a pena, sem pretensões, dar uma simples olhadela a essa realidade. Há coisas que só vistas!
No ano lectivo de 1950/51 havia em Portugal quatro universidades (Lisboa, Técnica, Coimbra e Porto) num total de 21 estabelecimentos de ensino superior (faculdades, institutos, escolas). Em 1975/76 havia mais quatro (Aveiro, Minho, Católica e Nova) em 73 estabelecimentos. No ano lectivo de 2005/06 tínhamos 24 instituições intituladas "universidade" e 326 estabelecimentos.
Na leccionação o crescimento foi ainda maior. Em 1950/51 existiam 49 nomes diferentes de cursos, representando um total de 90 possibilidades de matrícula nas várias escolas. Em 1975/76 as designações eram já 121, dando 246 opções de inscrição. Em 2005/06, havia uns incríveis 1877 títulos diferentes, permitindo aos pobres candidatos escolher entre 5485 alternativas de escola/curso. Destas, 102 eram bacharelatos, três mil licenciaturas (das quais 1307 com possibilidade de bacharelato), 776 mestrados, 1161 cursos de doutoramento e 446 outros graus (especializações, formações complementares, etc). A pirâmide está invertida.
Olhando só as licenciaturas, existem hoje 854 nomes diferentes. Um caso interessante é a Engenharia. Em 1950/51 havia nove tipos (Civil, Electrotécnica, Mecânica, Químico-Industrial, Minas, Agrónoma, Silvicultora, Geográfica e Militar), com 17 possibilidades de inscrição. Em 1975/76 eram 12. Uma mudara de nome (para Química), duas perderam o título de Engenharia (Agronomia e Silvicultura) e cinco novas surgiram (Máquinas, Metalúrgica, Têxtil, Informática e Maquinista Naval) num total de 26 inscrições. Mas em 2005/06 existiam 137 tipos diferentes de Engenharias em 586 diplomas.
Entre muitas outras, temos Engenharia Agrária, Agrícola, Agro-Florestal, Agronómica, Agro-Pecuária, Agrotecnológica, Florestal, Ambiental e dos Recursos Naturais, Biofísica, das Ciências Vitivinícolas e Zootécnica. Há Engenharia Cerâmica, das Madeiras, de Polímeros, Papel, Vestuário, Vidro. E ainda Engenharia Eléctrica, Electrónica, Electromecânica, Electrotécnica e até Mecatrónica. Temos Engenharia Publicitária, Alimentar, Automóvel, Aerospacial, Topográfica, Engenharia da Qualidade, Engenharia Clínica e Engenharia da Linguagem e do Conhecimento.
Outro campo peculiar é o da Gestão. Em 1950/51 havia só quatro licenciaturas em Administração (Comercial, Militar, Naval e Colonial), mas em 1975/76 já eram oito e começara a confusão das nomenclaturas. Em 2005/06, os 115 nomes da área pretendem fazer a gestão, direcção, administração, organização ou o planeamento de qualquer coisa. E são muitas coisas! Há Gestão Hoteleira, mas também Gestão da Água, do Solo e da Rega ou Gestão de Transportes, Intermodalidade e Logística. Há Gestão do Desporto, Gestão do Lazer e Animação Turística, Gestão do Património, Gestão de Rotas Temáticas e Direcção de Orquestra. E, claro, temos Gestão Bancária, de Recursos Humanos, de Informação, Marketing, Financeira e Fiscal. Mas também existe Planeamento Regional e Urbano, Tecnologias da Informação Empresarial, Química Industrial e Gestão. E até licenciaturas
Estas são áreas que dizem dar emprego. Também há outras. Num país com cada vez menos alunos, existem 618 opções (11% do total) com "educação", "ensino", "escolar" ou "professor" no título. Há também doutoramento em Linguagens, Identidade e Mundialização, mestrado em Sexologia, licenciatura em Enologia e bacharelatos em Equinicultura ou Informação Médica e Farmacêutica. Há licenciaturas em Arquitectura de Design de Moda, mestrados
O povo diz que "um burro carregado de livros é um doutor". Um povo carregado de cursos é um desastre.
Colocado por Anónimo na quarta-feira, agosto 08, 2007 0 comentários
JOE NO CCB, JOE NA PT, JOE NO BCP, JOE NO BENFICA. UAU, JOE
Por: João Miguel Tavares
Nos últimos tempos, assim de repente, acho que Berardo não falhou um único acontecimento relevante ocorrido
Que Joe é mexido, não há dúvida. Mas esta avalanche mediática só é possível porque Portugal não chega a ser um jardim à beira-mar plantado: é mesmo uma caixita de fósforos, comprometida pela humidade. Basta um único homem com algum espírito de iniciativa, olho para o negócio e uns milhões no bolso para pôr os indígenas embasbacados e fazer parar metade do País. Reconheço-lhe o mérito e tiro-lhe o chapéu. Mas isto seria impensável em qualquer lugar realmente desenvolvido, com uma sociedade civil interventiva e uma classe empresarial pujante. Infelizmente, o sucesso de Berardo é a outra face da nossa pobreza. Ou, em forma de ditado popular: em terra de cegos quem tem olho é rei. Hey, Joe, lucky you
Colocado por Anónimo na quarta-feira, agosto 08, 2007 0 comentários
Dias contados
CELEBRAR A INDIGÊNCIA
Com o alegado fim de entreter os emigrantes, a RTP enviou Júlio Isidro e Roberto Leal ao Luxemburgo. Crueldades de lado, nunca percebi a associação do Dia de Portugal com o Dia das Comunidades Portuguesas. Entre parêntesis, não percebo igualmente o que faz Camões no meio da pompa, embora esse seja um assunto diferente.
Aqui, o assunto é a singular leveza com que se comemora, em simultâneo, as virtudes da pátria e o facto de regularmente haver quem foge da pátria em busca de uma vida decente. Que se saiba, as inúmeras pessoas que empurrámos - e continuamos a empurrar - para o exterior não partiram devido aos encantos e oportunidades que Portugal lhes proporcionou. Partiram porque Portugal chafurda metodicamente nos arredores da pobreza, e um académico ou um operário da construção civil tem dez vezes mais possibilidades de prosperar em Boston ou
Claro
Se houvesse um mínimo de pudor, a relação do Estado com os emigrantes resumir-se-ia à assistência consular, aliás em acelerado declínio. Servir-se deles para proclamar a "vocação universalista" e façanhas afins é, além de cínico, um involuntário exercício de comédia. O "universalismo" português advém de uma deplorável evidência: contas feitas aos sacrifícios e aos salários, milhões de portugueses preferem algum lugar do resto do mundo ao país. E usar o Dez de Junho para publicitar isto é um disparate que nem o melancólico discurso de Cavaco atenuou.
Segunda-feira, 11 de Junho
AS CONVICÇÕES DE UM HOMEM
Em declarações ao "Expresso", Mário Soares confessou uma sincera admiração por ditadores (Chávez, um "homem de convicções") e trapaceiros (Lula). Do que ele não gosta é de regimes livres, capitalismo, globalização, Ocidente, Blair, Bush e americanos em geral (os "gringos").
Nenhuma novidade. Há anos que o dr. Soares profere extravagâncias assim sem abalar o seu prestígio. Curiosamente, desta vez meio mundo reparou no último "Expresso" para descobrir, com espanto, que o dr. Soares não envelheceu bem.
O espanto é capaz de ser excessivo. O lamento, não. Nunca tendo sido de esquerda, também nunca partilhei da raiva que a direita dedica ao dr. Soares, a pretexto da descolonização, ou da inépcia governativa, ou, enquanto PR, das ingerências no "cavaquismo". À semelhança de milhões, eu acreditava que a determinante acção do dr. Soares durante o PREC o definia melhor que os posteriores pecadilhos e erros crassos.
Há muito que custa manter a crença intacta. Com o tempo, e as sucessivas atoardas, uma pessoa vai duvidando se o dr. Soares actual é uma triste degenerescência do democrata de 1975, ou se o dr. Soares de 1975 foi, afinal, um desvio oportunista e estratégico face à natureza radical do senhor que por aí anda, a produzir opiniões grotescas e a desiludir velhos fiéis. Infelizmente, não é de hoje que o fundador do regime se aproximou do pensamento (digamos) de Boaventura Sousa Santos. Felizmente, hoje aproxima-se do respectivo descrédito.
Terça-feira, 12 de Junho
O PREÇO DA DECISÃO
A benefício da candidatura de António Costa e da popularidade do eng. Sócrates, o Governo adiou por seis meses a confirmação da Ota. Perante a dádiva, a oposição entrou em delírio, não sei se por convicção nos súbitos méritos da alternativa Alcochete ou por saudades de uma boa pândega.
No meio dos bizarros festejos, o dr. Campos e Cunha ressuscitou para defender a combinação da Portela com um novo, e menor, aeroporto. A hipótese, que o Governo obviamente nem coloca, parece sensata. Porém, como nesta matéria ninguém evita um toque de excentricidade, o antigo ministro de Sócrates acrescentou logo que é preciso decidir até ao fim do ano, pois "começa a ser um pouco embaraçosa, até em termos internacionais, a incapacidade do país para tomar decisões".
Os "termos internacionais" são um conceito vago. Talvez o dr. Campos e Cunha tenha informações seguras de que nas ruas de Paris e de Chicago os avanços e recuos da Ota suscitem farta galhofa. Ou de que nos corredores das altas instâncias, da ONU e da NATO à UE e à FIFA, circula uma quantidade de anedotas alusivas sem paralelo na própria DREN.
De qualquer modo, eis um excelente motivo para nos despacharmos. Por interessantes que sejam as reflexões acerca dos solos, dos ventos, do relevo, dos acessos e, não esquecer, das verbas, tais minudências perdem importância quando comparadas com o que de facto conta: a imagem do país no estrangeiro. E se o estrangeiro nos dá seis meses para escolher a localização do aeroporto, convinha ultrapassar polémicas e chegar depressa a um consenso. Vital é não ficarmos mal lá fora.
E não se vê razão para nos limitarmos ao ramo aeronáutico. Podíamos adiantar serviço e poupar embaraços futuros, decidindo em quinze dias tudo o que houver para decidir nos próximos anos. A regionalização? Ouça-se o povo, mas decida-se. O casamento de "gays"? Ouça-se o povo, os noivos, a Opus Gay e a Opus Dei, mas decida-se. A legalização da bestialidade sexual? Ouça-se o povo, os perpetradores, os veterinários e os animais, mas decida-se. Uma candidatura às Olimpíadas de 2044? Ouça-se o povo, os fundistas do Sporting e decrete-se a construção de dezasseis novos estádios, mas, pelo amor de Deus, decida-se: os olhos dos outros estão postos
Não
Quarta-feira, 13 de Junho
POBRES E BEM-AGRADECIDOS
O alegado roubo do relógio presidencial serviu para desviar a atenção das multidões que saudaram Bush na Albânia, um fenómeno que a esquerda não consegue explicar. Ou talvez não queira.
Até porque é simples. Em parte, a excitação em volta de Bush (ou dos EUA) representa um agradecimento pelo passado: a digressão de Bush pelo Leste europeu coincidiu com o vigésimo aniversário da exortação de Reagan em Berlim (a lendária "Destrua este muro, sr. Gorbachov!"), que sobreviveu como símbolo do tombo soviético. Em parte, a excitação em volta de Bush (ou dos EUA) representa as expectativas de futuro. Aquela gente é agora muito mais livre do que já foi e muito menos abonada do que pretende vir a ser. E se o modelo da liberdade política lhes chegou da América, é à América que eles reclamam o crescimento económico. No fundo, os albaneses nas ruas pediam capitalismo, um espectáculo que naturalmente choca o Ocidente capitalista.
A experiência da miséria é essencial à valorização da riqueza. A experiência da riqueza é essencial à depreciação das suas causas. Um dia, caso a vida lhes corra bem, os albaneses receberão o presidente dos EUA com vaias e sem necessidade de o aliviar de um relógio de cinquenta euros.
Quinta-feira, dia 14
MARCAR O PONTO
Não tenho nenhum problema com o dr. Charrua. De tal maneira, que quando instituí, por força da lei, o relógio de ponto, ele ficou dispensado de marcar o ponto." As palavras são de Margarida Moreira, directora regional de Educação do Norte, em entrevista ao DN. Ler os desabafos da senhora é compreender de que modo uma alma compassiva é fustigada pelos baixos instintos da humanidade.
Veja-se o exemplo do "ponto". O "ponto", imposto à DREN "por força da lei", vigora lá dentro segundo a infinita gentileza da sra. Margarida, que sujeita os funcionários problemáticos ao rigor horário e isenta os restantes da pontualidade. O princípio é sublime. Apenas não prevê a ingratidão da espécie, que conduz ao abuso. O imoral prof. Charrua, um dos privilegiados do "ponto", reagiu à deferência com uma anedota sobre o eng. Sócrates. Uma anedota, vírgula. A sra. Margarida, atenta, esclarece tratar-se de "um insulto ao cidadão José Sócrates, que além de cidadão é o primeiro-ministro de Portugal." E um insulto tão reles que se dirige a um cidadão e atinge um governante merece quinze vergastadas públicas e o degredo. A sra. Margarida, caridosa, optou por um meigo processo disciplinar. Alguém lhe agradeceu? Pelo contrário, forças malignas iniciaram uma "campanha difamatória", que "ataca" a DREN para "chegar" (expressões dela) à pobre directora.
Claro que "durante dois anos", a sra. Margarida, incansável, "mexeu em muitos interesses". Claro que, embora não goste de se "vitimizar como mulher", a sra. Margarida, condoída, sente que os ataques não aconteceriam se ela "fosse um homem". E claro que há "gente a aproveitar a boleia para tentar alguma coisa". Quem? A sra. Margarida, tímida, não revela as fontes da "campanha", mas menciona de passagem os meios: metódica, ela guarda "tudo o que tem saído na comunicação social, nos blogues, ofícios, em tomadas de posição, em artigos de opinião".
Artigos de opinião? Conheço casos. Quanto a mim, e antes que surjam equívocos a propósito de crónicas anteriores, juro não ter sequer sonhado em "atacar" a DREN, "chegar" à sra. Margarida, "tentar alguma coisa" com ela e ainda menos tomar em consideração a sua feminilidade. Isso é próprio de criaturas com problemas, justamente forçadas a marcar o ponto.
Sexta-feira, dia 15
A FACA OU O FAX
Os alunos de Medicina da Universidade de Coimbra (UC) não querem fazer o exame final de curso. A solução comum seria trocarem de curso, de carreira, de escola ou de cidade. A solução folclórica consiste em protestarem até a direcção da UC invocar cansaço e desistir do exame. Sendo (suponho) portugueses, os finalistas escolheram a segunda. Por azar, a direcção teima em não ceder, pelo que os eventuais futuros médicos ponderam "outras formas de luta, mais ao desagrado do corpo docente".
Não desejo perturbar a ponderação, e nem digam que vão da minha parte, mas mirem-se no exemplo vindo do Norte, onde um discente de Direito da Universidade do Minho esfaqueou um professor por discordar de um pormenor curricular. À primeira vista, a navalhada parece-me uma forma de luta suficientemente desagradável para o corpo docente (e para o corpo de cada docente). Se é verdade que o professor em questão levou diversos golpes sem perder a vida nem, a crer nas notícias, o sentido de humor, isso não vos deve desmotivar. Um estudante de Direito encontra-se mais habilitado para o julgamento que para o crime. Um estudante de Medicina não deixará ninguém a rir. E dado que o faquista do Minho foi, para já, mandado em paz, o julgamento afigura-se fácil. Tão fácil quanto enviar o exame por fax, aliás uma terceira solução a considerar.
Sábado, dia 16
O REFUGIADO DO PÂNTANO
António Guterres ambiciona transformar a Europa num "asilo" (sic). À falta de melhor, eis uma utilidade possível. Desde que ultrapassados os obstáculos logísticos. Numa perspectiva optimista, sessenta por cento dos regimes da Terra são ditaduras, sob as quais se arrastam quase quatro mil milhões de desgraçados. Admitindo que dez por cento aspiram à bonança europeia (e admitindo, por omissão, que os outros noventa por cento se afeiçoaram à barbárie), teremos em breve 400 milhões de refugiados às portas, o que praticamente duplicaria a população do continente. Complicado? Para Guterres, célebre pelas noções impressionistas de aritmética, tudo se resolve com "abertura", "integração" e lirismos do género. Não esquecer: os refugiados não são números, são pessoas, uma divisa cujos resultados os portugueses verificaram antes de Guterres, ele mesmo, se refugiar no cargo que brilhantemente desempenha.
Colocado por Anónimo na quarta-feira, agosto 08, 2007 0 comentários
O COMANDANTE RONALDO E A PINDERIQUICE NACIONAL
Um tipo vai ao Modelo comprar beringelas e de repente esbarra no Comandante Ronaldo - um metro e sessenta de cartão barato a olhar para nós. Uma pessoa folheia despreocupadamente uma revistita e pumba, lá parece o Comandante Ronaldo, aparado por duas senhoras com sorriso desmaiado. E pergunta o leitor que apenas devota os seus dias ao estudo da dialéctica hegeliana: mas quem é o Comandante Ronaldo? Bom, o Comandante Ronaldo é a nossa estrela planetária, Cristiano Ronaldo, vestido de piloto de aviação para uma publicidade chunga aos supermercados Modelo e a um livrinho mixuruca chamado Guia das Maravilhas de Portugal.
A contradição de tudo isto é absolutamente fascinante, e mostra o país saloio que insistimos
Cristiano Ronaldo anda há três anos a esforçar-se para parecer um tipo cool. Curou a acne, endireitou os dentes, ajeitou o penteado. Tem um batalhão de jovens de várias nacionalidades a borboletear à sua volta. Mas depois vem a Portugal ganhar umas massas e decidem vendê-lo ao segmento das donas de casa - e ele, inacreditavelmente, aceita. Lá fora, o homem já foi a cara da Pepe Jeans, que o pôs ao lado da top model Jessica Miller. Lá fora, Cristiano Ronaldo é um ídolo masculino, fotografado em grande estilo para a Vogue americana. Cá dentro... bom, cá dentro é como se de repente retornasse aos tempos do Sporting, quando era um palito habilidoso e o seu jeito para jogar à bola competia com o talento (igualmente grande) para cultivar borbulhas.
Tristemente, o pobre Cristiano veio atrás do cheiro das notas e acabou a segurar o Guia das Maravilhas de Portugal. Na sua insignificância, a transformação
Colocado por Anónimo na quarta-feira, agosto 08, 2007 0 comentários
06/08/2007
E Deus fez a mulher...
O diabo vendo isso, resolveu complicar.
Deus deu a mulher cabelos sedosos e esvoaçantes.
Mas que droga!!! Só pode haver uma explicação para isso:
Colocado por Anónimo na segunda-feira, agosto 06, 2007 0 comentários
30/07/2007
Em três anos o Porto somou mais dez mil famílias com rendimento social de inserção
A situação parece aflitiva. O número de famílias beneficiárias de rendimento social de inserção (RSI) subiu dez mil em três anos e os requerimentos continuam a entrar a um grande ritmo no Porto: uma média de 1146 desde Janeiro. Há quem tema ver o centro distrital da Segurança Social "afogar-se outra vez" em pendências.
Colocado por Anónimo na segunda-feira, julho 30, 2007 0 comentários
Morreu o realizador Ingmar Bergman
Colocado por Anónimo na segunda-feira, julho 30, 2007 0 comentários
28/07/2007
A MISSA DAS SOMBRAS
ANATOLE FRANCE Eis o que o sacristão da igreja de Santa Eulalia, em Neuville-d'Aumont, me contou debaixo da latada do Cavalo Branco, numa bela noite de verão, bebendo uma garrafa de velho vinho à saude de um morto muito abastado, que ele havia enterrado honrosamente naquela manhã mesma, sob um tecido cheio de belas lagrimas de prata. |
Anatole François Thibault, literariamente conhecido por Anatole France, nasceu em 1844 e faleceu em 1924. Um dos mais notaveis escritores franceses dos tempos modernos, é autor de grande numero de livros que são hoje considerados autenticas obras-primas, tanto pela sua fina ironia e riqueza de temas, como pela incomparavel elegancia do estilo. Iniciou-se nas letras em 1873, com o volume de versos "Poemas Dourados", a que se seguiu o volume, tambem de poesias, "Nupcias Corintias". Depois, nunca mais escreveu senão em prosa, contando-se por dezenas os volumes com que enriqueceu a literatura de seu país e do mundo. Destacam-se, de suas obras, as seguintes: "O Crime de Silvestre Bonnard", "Thais", "O Lirio Vermelho", "A Ilha dos Pinguins", "O Anel de Ametista", "O Manequim de Vime", "O sr. Bergeret em Paris", "As Sete Mulheres de Barba Azul", "Historia Contemporanea" e outras. |
Colocado por Anónimo na sábado, julho 28, 2007 0 comentários
26/07/2007
Os ataques de coração e beber água tépida...
Contudo, a água gelada vai fazer solidificar as componentes oleosas do que acabaste de comer, isso vai retardar a digestão. Uma vez que esse "gelo"
reaja com o ácido, quebra-se e será absorvido pelo intestino mais depressa do que os alimentos sólidos. Vai demarcar o intestino. Isto irá em pouco tempo conduzir a gordura e a cancro. É melhor tomar uma sopa quente ou água tépida depois de uma refeição.
Fica atento a uma dor intensa na queixada.
Colocado por Anónimo na quinta-feira, julho 26, 2007 0 comentários
19/07/2007
COMUNICADO - A todos os Funcionários Públicos com relação às faltas.
PROCEDIMENTOS ADOPTADOS A PARTIR DE HOJE.
DOENÇA: Estar doente não é desculpa para não vir trabalhar. Nem um atestado médico é uma garantia de estar doente, pois se estava em condições de visitar um médico também podia ter vindo trabalhar.
MORTE NA FAMÍLIA: Não tem desculpa. Não visitou quando estava vivo. Pelo morto não pode fazer mais nada, e os preparativos para o enterro podem ser feitos por outra pessoa. Se conseguir marcar o enterro para o fim da tarde, a empresa deixa-o, de boa vontade, sair meia hora mais cedo (isto se o trabalho estiver pronto...).
BODAS DE PRATA/OURO: Para uma festa deste tipo não damos dias livres. Se estiver casado há 25 ou 50 anos com a mesma pessoa, fique feliz em poder vir trabalhar.
NASCIMENTO DE UM FILHO: Por um erro desse tamanho não damos dias livres aos nossos trabalhadores (o erro foi seu). E, além disso, você já teve o seu divertimento.
ANIVERSÁRIO: O facto de ter nascido não quer dizer que o tenha merecido. Por isso não damos o dia!
CIRURGIAS: Cirurgias nos nossos funcionários são proibidas, pois nós contratámo-los como eles eram. A extracção ou substituição de órgãos é contra o contrato de trabalho.
MORTE PRÓPRIA: Aqui pode contar com a nossa compreensão, se:
1 - informar duas semanas antes do acontecimento, para arranjarmos outra pessoa que faça o seu trabalho;
2 - enviar um atestado com a sua assinatura e a do médico relatando a causa da morte (senão serão descontados dias de férias);
3 - telefonar até ás 8 horas da manhã para dizer que morreu de noite.
Colocado por Anónimo na quinta-feira, julho 19, 2007 0 comentários