27/06/2006

Mundial 2006 e os colos...

Não sei quem será o vencedor deste mundial, se Brasil se Alemanha ou eventualmente a Argentina. Tudo leva a crer que será um destes, pois as prestações das arbitragens tem-no demonstrado...
Mas sei uma coisa ,sei das seleções que tem sido "levadas ao colo". Basta ver dois dos ultimos jogos Itália-1/Austrália-0 e Brasil-3/Gana-0. No primeiro um penalti que só o arbitro viu, além de outras pequenas atitudes, que influiram no resultado final. No Brasil, então é custumeiro no colinho... hoje o 2ºgolo foi marcado em fora de jogo, identico a um que o fiscal de linha/arbrito anteriormente, quando o Brasil só ganhava por 1, resolveu marcar a falta. Um jogador do Gana expulso também ajuda... A Espanha também tem sido bem acolhida e penso que tem a contrapartida do jogo no mundial da Coreia/Japão, contra a Coreia em que foi espoliada ignominiosamente - como todos os desportistas se recordarão. França .... Inglaterra .... não vale a prosa.

Árbitro russo diz que Portugal-Holanda foi "o jogo mais difícil" da sua carreira.

Não sabia que os arbritos comentavam os jogos! Principalmente aqueles em que participam.
Mas vale a pena ler!

"O árbitro russo Valentin Ivanov afirmou que o jogo Portugal-Holanda, nos oitavos-de-final no Mundial de futebol na Alemanha, foi "o mais difícil" da sua carreira.

"Tendo em conta a agressividade, sim, o jogo de domingo foi, provavelmente, o mais difícil da minha carreira", admitiu Ivanov, ao jornal russo “Izvestia”.

Apesar das críticas portuguesas, holandesas e do próprio presidente da FIFA, Joseph Blatter, Ivanov continua a defender que tomou as decisões mais ajustadas. "Não sei se perdi o controlo do jogo. Tomei as decisões em função do que vi e de como interpretei os lances", explicou o árbitro.

Quanto ao segundo cartão amarelo atribuído ao jogador da selecção portuguesa Deco, punido por atrasar a reposição de uma bola, Ivanov explicou que só cumpriu os regulamentos: "nestes casos sou obrigado a mostrar o cartão. Deco sabia-o muito bem e também sabia que já tinha um amarelo".

Já o lance da cabeçada de Figo a Mark van Bommel, que mereceu muitas críticas, principalmente por parte dos ingleses, que pediram a suspensão do médio português, Ivanov admitiu que não viu a agressão. "Não vi, pois ocorreu nas minhas costas. Os auxiliares disseram-me que Figo tinha empurrado um holandês e que a falta era merecedora de cartão amarelo. E mostrei-o", revelou o árbitro.

Na Rússia, uma sondagem a 1596 inquiridos mostrou que 61 por cento considerou que os jogadores mereceram o rigoroso critério disciplinar de Ivanov, enquanto 23 por cento acredita que o árbitro deixou uma recordação russa no Mundial, compensando a ausência da selecção no torneio.

A Rússia falhou precisamente o apuramento para o Mundial após uma derrota frente a Portugal, que disputou o mesmo agrupamento de qualificação. Foi nessa fase de apuramento que Portugal infligiu uma das derrotas mais pesadas do futebol russo. No Estádio de Alvalade, a 13 de Outubro de 2004, a selecção goleou por 7-1, um resultado que mereceu, para dez por cento dos inquiridos, a devida vingança.

Para seis por cento, as duas expulsões para cada lado no jogo Portugal-Holanda "tornaram o jogo mais interessante".

Desqualificação de Chambers dá título europeu a Obikwelu

"Num comunicado publicado no seu “site”, a IAAF enuncia a lista de resultados anulados a Chambers, que tinham sido obtidos entre Janeiro de 2002 e Agosto de 2003, em quatro competições, todas realizadas em 2002: a Taça Europeia (realizada em Annecy), os Campeonatos europeus (Munique), a final do Grande Prémio da IAAF (Paris) e a Taça do Mundo da IAAF (Madrid).
As alterações nas três últimas provas também influenciam a classificação de Obikwelu. No caso dos Europeus, o português deverá subir ao primeiro lugar, mas a nova classificação terá ainda de ser ratificada pela Associação Europeia de Atletismo. Em as competições da IAAF, Obikwelu subiu ao terceiro lugar: no Grande Prémio, beneficiou das desclassificações do norte-americano Tim Montgomery (também por doping) e de Chambers, ficando agora atrás de John Drummond (EUA) e de Kim Collins (Saint Kitts e Nevis); na Taça do Mundo, é precedido do nigeriano Uchenna Emedolu e de Collins.
Chambers, co-recordista europeu dos 100m, cumpriu uma suspensão de dois anos – entre 7 de Novembro de 2003 e a mesma data de 2005 – devido a um controlo antidoping positivo que detectou tetrahidrogestrinona (THG), um dopante sintético fornecido a vários atletas de elite, entre os quais Tim Montgomery, pelo laboratório norte-americano BALCO (Bay Area Co-Operative Laboratory). A desclassificação não se deveu à suspensão de dois anos, mas sim a uma entrevista dada por Chambers à televisão britânica BBC, confessando que começou a dopar-se em 2002."

Autoridade alimentar encerra um hipermercado do norte do país

Não sei e gostavamos todos de saber!
"A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) anunciou hoje que encerrou um hipermercado do norte e instaurou três processos-crime depois de uma inspecção realizada a 108 espaços do género em todo o país."
Contaram-me varias pessoas que na semana de 12 a 18 de Junho o Rio Sul - centro comercial do Belmiro de Azevedo, teve um problema de inundações. Como não vi qualquer noticia em jornal algum calculo que isso não aconteceu, e que essas pessoas estavam com má-vontade contra o Belmiro de Azevedo. Pois os jornais são isentos e não aceitariam intromissões de nenhum grupo economico, com intimidações, sobre noticias que de algum modo prejudicariam a imagem desse grupo. E quem não se recorda que esse mesmo espaço no dia da sua inauguração- há mais de dez anos- abateu parte da cobertura, e foi uma confusão com pessoas a fugir,bombeiros, etc, etc! E nessa altura a SIC e a RTP deram as noticias, além dos jornais...

14/06/2006

Quando estou só reconheço

Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.

E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.

Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por cousa esquecida.

Fernando Pessoa

Poesia de Florbela Espanca

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...


Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...


Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Os Professores -Manifestação entope avenidas

Estes são os professores dos nossos filhos !!!

"A partir das 15 horas de hoje, algumas das principais avenidas de Lisboa vão ficar entupidas devido à manifestação dos professores, decretada pela Federação Nacional de Professores (Fenprof).
A greve de hoje, entre dois feriados em 14 concelhos do País, afecta todas as escolas e graus de ensino público, apenas não atingindo os alunos dos 9.º e 12.º anos (já sem aulas). Sexta-feira é o último dia de aulas para os alunos do 11.º ano. "

Quinze governadores civis dos 18 distritos não entregaram a declaração de rendimentos de 2005 no Tribunal Constitucional (TC).

"Apesar de a Lei obrigar à actualização do documento, só as governadoras de Castelo Branco, Maria Serrasqueiro, e da Guarda, Maria Borges, cumpriram a legislação. Em Évora, Fernanda Carvalho, por ter assumido funções em Outubro último, terá até ao final deste ano para entregar a declaração. A maioria dos faltosos justifica a falta com a ignorância da Lei."
????? Alguém compreende isto ? Estes Governadores Civis foram descobertos onde ? Estes Governadores Civis, não tem varios acessores, secretários, etc e ainda desconhecem uma lei que tem uma dezena de anos ?

11/06/2006

NIETZSCHE E OS CIVILIZADOS

Fiz um longo vôo pelo futuro e fiquei horrorizado. Ao olhar em torno de mim, me dei conta de que o tempo era o meu único companheiro. Tomei, então, apressadamente, o caminho de volta: e cheguei até onde estão homens de hoje, ao país da civilização. Pela primeira vez olhei as pessoas com olhos de benevolência e com verdadeira boa vontade. E que me aconteceu, então? Apesar do medo que me invadiu, comecei a rir sem parar. Nunca meus olhos tinham visto qualquer coisa de tão ridículo.
Eu ria, ria, mas na verdade sentia inseguros os pés e me tremia o coração. E disse comigo mesmo: — "Este deve ser o país dos vasos coloridos". Pois, com as faces e os membros pintados de mil maneiras, os homens atuais me deixavam assombrados. E cercados por milhares de espelhos, eram fascinados pela repetição das cores com que se pintavam. Na verdade, os homens de nossa atual civilização não precisam de usar máscaras melhores do que suas próprias faces. Quem os poderia reconhecer?
Estão pintados com os sinais do passado e com outros sinais, e desta forma se disfarçam e se ocultam de todos os que desejam entendê-los. E ainda que alguém soubesse examiná-los por dentro, quem poderia assegurar que eles tenham alguma coisa por dentro? Pois parece que são feitos de cores e de papéis colados. Todos os tempos e todos os povos olham com revolta através de seus disfarces. Todos os costumes e todas as crenças se confundem em suas atitudes.
Se alguém lhes retirar os disfarces, os retoques, as cores e as atitudes, não restará mais do que um espantalho. Na verdade, eu sou, eu mesmo, um pássaro espantado por tê-los visto alguma vez despidos e sem pinturas, e fugi, aterrorizado, porque eram como um esqueleto que acenava afetuosamente para mim. Parece-me preferível descer às profundas do inferno e confundir-me entre as sombras do passado, pois as sombras do passado têm mais consistência do que o homem desta civilização.
A minha íntima amargura é que não posso suportar os homens da civilização atual nem vestidos nem nus. Tudo o que perturba no futuro e tudo que pode afugentar um pássaro espantado está ainda aquém do indignado espanto que causam esses homens da civilização. Eles dizem: — "Somos inteiramente realistas, não temos crenças nem superstições". E com isso enchem o peito. Mas nem chegam a ter peito.
De todo modo é verdade. Sendo apenas pinturas de homens, não podem crer em nada. Pois são apenas a pintura das coisas em que o homem acreditava quando era homem. São uma refutação da própria fé, e neles se dá a ruptura de todos os pensamentos. Eu não tenho outra maneira de designar esses homens que se dizem realistas, senão de incríveis. Pois todas as épocas conflitaram umas contra as outras em seus espíritos. E os sonhos e as deblaterações de todas as épocas eram mais reais do que a vigília dessas pessoas.
São estéreis, e por isso lhes falta a fé. Aquele, porém, que devia criar, tinha sempre também seus sonhos de verdade, como um sinal das estrelas, e tinha fé na fé. Mas os de agora são portas entreabertas por onde, a qualquer momento, vão entrar os coveiros. Nem merecem outra divisa senão esta: — "Tudo deve desaparecer".
Como eles estão diante de mim, os homens estéreis nem sequer percebem que não têm uma costela de onde um deus possas tirar outro ser. E dizem: — "Será que um deus poderia tirar alguma coisa de mim enquanto durmo? Certamente, o bastante para formar uma mulher, mas a pobreza das minhas costelas é impressionante". Esta é a maneira de falar de muitos homens importantes. Quanto a mim, os homens atuais me assombram, especialmente quando se espantam consigo mesmos.
Pobre de mim, se não pudesse rir de seus assombros e se tivesse que tragar todas as repugnâncias que oferecem. Tenho coisas mais sérias em que pensar e cargas mais pesadas sobre meus ombros. Os insetos e as moscas que pousam sobre eles não aumentam o peso de meu fardo. Nenhum desses indivíduos é capaz de aumentar a minha carga e a minha fadiga. Meu desejo deve subir acima de meus contemporâneos. Olho do alto de todos os píncaros, procurando uma pátria, uma terra natal. Mas em nenhuma parte as encontro. Percorro todas as cidades e passos por todas as portas.
Os contemporâneos, pelos quais um dia se inclinou meu coração, me parecem todos estranhos e me provocam o riso. Vejo-me expulso das pátrias e das terras natais. Já não amo, pois, senão o país de meus filhos, a terra incógnita entre mares longínquos. No rumo dessa terra se enfunam incessantemente as velas de meu barco. Quero compensar em meus filhos a deficiência de ser filho de meus pais. E quero, com o futuro, compensar a pobreza do presente.
Assim falava Zaratustra.
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Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900), filho de um pastor protestante, estudou filologia clássica na Universidade de Bonn, depois em Leipzig, onde conheceu Wagner, estabelecendo-se entre os dois uma influência recíproca e uma amizade profunda que seria dramaticamente rompida. Sua extensa obra é considerada um dos momentos culminantes do gênio humano, desde a nova definição de valores da "Origem da Tragédia". Depois de romper com Wagner e Schopenhauer, fazendo o que chamou de "cura anti-romântica", começou, também segundo sua própria expressão, a "enterrar sua confiança na moral". Entra, então, numa fase de crítica a todos os valores universais e absolutos. E em sua terceira fase que chega às iluminações de um pensamento original, de que "Zaratustra" é, sem dúvida, o marco inicial. É deste livro, "Also Sprach Zaratustra", o texto que hoje se publica, traduzido do original alemão por Gerardo Mello Mourão.

A INSPIRAÇÃO SEGUNDO NIETZSCHE

Alguém, neste final do século dezenove, tem nítida noção daquilo que os poetas de épocas fortes denominavam inspiração? Se não, eu o descreverei. — Havendo o menor resquício de superstição dentro de si, dificilmente se saberia afastar a idéia de ser mera encarnação, mero porta-voz, mero medium de forças poderosíssimas. A idéia de revelação, no sentido de que subitamente, com inefável certeza e sutileza, algo se torna visível, audível, algo que comove e transtorna no mais fundo, descreve simplesmente o estado de facto. Ouve-se, não se procura; toma-se, não se pergunta quem dá; um pensamento reluz como relâmpago, com necessidade, sem hesitação na forma — jamais tive opção. Um êxtase cuja tremenda tensão desata-se por vezes em torrente de lágrimas, no qual o passo involuntariamente ora se precipita, ora se arrasta; um completo estar fora de si, com a claríssima consciência de um sem-número de delicados tremores e calafrios que chegam às pontas dos pés; um abismo de felicidade, onde o que é mais doloroso e sombrio não actua como contrário, mas como algo condicionado, exigido, como uma cor necessária em meio a tal profusão de luz; um instinto para relações rítmicas que abarca imensos espaços de formas — e longitude, a necessidade de um ritmo amplo é quase a medida para a potência da inspiração, uma espécie de compensação para sua pressão e tensão... Tudo ocorre de modo sumamente involuntário, mas como que em um turbilhão de sensação de liberdade, de incondicionalidade, de poder, de divindade... A involuntariedade da imagem, do símbolo, é o mais notável; já não se tem noção do que é imagem, do que é símbolo, tudo se oferece como a mais próxima, mais correcta, mais simples expressão. Parece realmente, para lembrar uma palavra de Zaratustra, como se as coisas mesmas se acercassem e se oferecessem como símbolos ("aqui todas as coisas vêm afagantes ao encontro da tua palavra, e te lisonjeiam, pois querem cavalgar no teu dorso. Em cada símbolo cavalgas aqui até cada verdade. Aqui se abrem para ti as palavras e arcas de palavras de todo o ser; todo o ser quer vir a ser palavra, todo o vir a ser quer contigo aprender a falar"). Esta é a minha experiência da inspiração; não duvido que seja preciso retroceder milênios para encontrar alguém que me possa dizer: "é também a minha".

Extraído de "Ecce Homo"; tradução de Paulo Cesar Souza.

El Gobierno llama "hipócrita" al PP por no admitir que negociaron con ETA en 1998

Assim vai a Espanha...
"El PP ha pedido al Gobierno, tras la manifestación de la Asociación de Víctimas del Terrorismo que reunió ayer a unas 200.000 personas en Madrid, que "dejen en paz a las víctimas" y a Zapatero que no permanezca "ciego y sordo ante el clamor" de la sociedad, desde el Ejecutivo, el secretario de Estado de Comunicación, Fernando Moraleda, ha denunciado la actitud "hipócrita" del partido de Mariano Rajoy, porque ellos también dialogaron con ETA en 1998."

A maternidade de Elvas...

Isto deveria ser averiguado pelas autoridades competentes!

"... Três crianças nasceram ontem em Elvas. Duas meninas e um menino vieram confirmar o ‘anormal’ fluxo de nascimentos nos últimos dias da Maternidade Mariana Martins, quando a média de partos é muito inferior a um por dia. No ano passado o número de nascimentos registado foi de 264."

INTERVIEW MIT NELLY FURTADO

"Ich habe mir alles viel zu schwer gemacht"

Nelly Furtado hat am Mittwoch bei der ersten WM-Party vor dem Brandenburger Tor gesungen - ihre Fußball-Hymne "Força", geschrieben für die Europameisterschaft 2004. Im Interview mit der "Frankfurter Allgemeinen Sonntagszeitung" spricht sie über Madonna und ihren "Euro-Trash", Hip-Hop und Hippie-Ideale. mehr...

A ÁGUA - Manuel Maria Barbosa du Bocage

Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.

Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da rasca
tira o cheiro a bacalhau da lasca
que bebe o homem que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão

Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho

Meus senhores aqui está a água
que rega as rosas e os manjericos
que lava o bidé, lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber às fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche e
lava a boca depois de um broche.

Liga decide "caso Mateus" a favor dos minhotos!

Quem quiser acreditar... está na sua liberdade de espirito...
Se fosse para o Belenenses ficar na liga, gostava de saber qual a justificação!

"A Comissão Disciplinar (CD) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional decidiu hoje a favor do Gil Vicente no "caso Mateus", pelo que o clube minhoto vai disputar a Liga 2006/07, apurou a Agência Lusa junto do assessor de imprensa do clube.
Alguma comunicação social avançou esta semana com uma sentença contrária por parte da CD, que só hoje reuniu, numa alegada decisão que motivaria a despromoção dos gilistas para a Liga de Honra: o Belenenses seria beneficiado e continuaria entre os "grandes" do futebol português.
A possível descida do Gil Vicente era uma consequência do recurso aos tribunais civis para permitir a inscrição do angolano Mateus, situação que vai contra os regulamentos da Liga, mas o clube sempre alegou que foi o futebolista quem procurou a justiça fora das instâncias desportivas."

Portugueses, na Alemanha-Campeonato do Mundo 2006

Pode ser que não seja nada!


"O Ministério do Interior do Estado da Renânia do Norte-Vestefália apresentou hoje um pedido de desculpas formal à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) pelo sucedido na viagem de autocarro da selecção lusa entre Marienfeld e Colónia.

Segundo afirmou o director desportivo Carlos Godinho à Agência Lusa, "dois representantes do Ministério do Interior da Renânia do Norte-Vestália" deslocaram-se ao hotel da equipa, em Colónia, e explicaram o sucedido.

"Apresentaram desculpas, afirmando que se tratou de um erro das duas pessoas que chefiavam a organização da viagem", afirmou Carlos Godinho, acrescentando: "As desculpas foram aceites".

Na viagem entre Marienfeld e Colónia, o autocarro da formação das "quinas", que se estreia domingo no Mundial da Alemanha (frente a Angola), ficou retido numa fila de trânsito cerca de hora e meia, o que gerou um natural descontentamento entre a comitiva.

"Prometeram que nos vão ajudar no que for possível e que uma situação como a de hoje não se voltará a repetir", explicou o director desportivo da Selecção Nacional.

Carlos Godinho garantiu, assim, não existir qualquer ressentimento por parte da Selecção, depois das queixas, pela tarde, do presidente da FPF, Gilberto Madaíl, que falou em "falta de organização"."

08/06/2006

Matadouro do Algarve...

Como é possivel que isto aconteça e que o responsável "reconheça"???irregularidades e nada fez para garantir o bem-estar publico ?

"reconhece irregularidades mas nega riscos para a saúde pública
O responsável do Matadouro Regional do Algarve, cuja actividade foi suspensa ontem na sequência de uma inspecção da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), reconheceu hoje algumas das irregularidades apontadas pela agência, mas negou que representem risco para a saúde pública."

Director da PJ diz que detenção de Mário Machado foi "inopinada"

Quando aparece gente a querer mostrar serviço... só estraga!

"... a detenção de Mário Machado partiu da iniciativa da PSP - aliás, o ministro da Administração Interna, António Costa, vangloriou-se com a actuação da polícia que tutela: "É claro que [as polícias] não podem ser indiferentes, e não são, quando alguém, quem quer que seja, aparece na televisão empunhando armas e fazendo ameaças públicas. A PSP agiu e agiu bem". Esta solicitou ao Ministério Público a emissão do mandado. Porém, não foi dado qualquer conhecimento à PJ sobre a diligência, nomeadamente à Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB) que tem em curso várias investigações sobre os grupos de extrema-direita em Portugal. "São processos que, neste momento, requerem paciência e não acção", adiantou ao DN fonte da DCCB. "

Força Aérea - Taveira Martins encabeça lista de dispensados

Até dá gosto ver o regabofe com os dinheiros publicos, em beneficiários já previlegiados, como são estes senhores.

"O chefe de Estado-Maior da Força Aérea, general Taveira Martins, encabeça a lista de 129 pilotos-aviadores dispensados do cumprimento do treino mínimo de voo no segundo semestre de 2005, por terem sido destacados para outras funções. Apesar da dispensa dos treinos, estes pilotos-aviadores mantêm o direito ao suplemento mensal de risco de voo, que deverá ter custado à Força Aérea cerca de 687 mil euros no referido semestre
Feitas as contas, por cada ano de dispensa, a Força Aérea gastará mais de 1,3 milhões de euros em subsídios de voo com estes 129 pilotos-aviadores.

Da lista oficial a que o CM teve acesso, constam, além do chefe de Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA), 12 tenentes-generais, 14 major-generais, 37 coronéis, 40 tenentes-coronéis, sete majores, nove capitães, seis tenentes e três alferes. Os valores dos subsídios mensais de serviço aéreo oscilam entre 571 euros e 1077 euros, conforme o posto (ver infografia). Por semestre, um tenente-coronel recebe 6462 euros em subsídios de voo.

O próprio chefe de gabinete do CEMFA, major-general Victor Morato, confirmou ao CM esta situação: “Nos termos da lei, aos militares que, por motivos de serviço, não tenham executado o respectivo treino mínimo de voo, pode ser mantido pelo CEMFA o direito ao recebimento do suplemento de serviço aéreo”. De acordo com estes parâmetros, adiantou aquele responsável, “no que respeita ao segundo semestre de 2005, um conjunto de cerca de cem militares foi dispensado da execução do respectivo treino mínimo de voo”.

O suplemento de risco de voo foi criado para compensar financeiramente o desgaste físico e os riscos a que os pilotos-aviadores são submetidos no seu dia-a-dia. Esta gratificação permite que os pilotos-aviadores estejam entre os militares mais bem pagos nas Forças Armadas.

Mesmo assim, um número elevado de pilotos tem saído, nos últimos anos, da Força Aérea para ingressar nas companhias aéreas comerciais, onde o vencimento chega a ser quase o triplo do salário que auferem enquanto profissionais das Forças Armadas. Esta situação já criou na Força Aérea um défice de cerca de cem pilotos.

Segundo várias fontes militares, o suplemento é assegurado aos pilotos para não penalizar estes profissionais quando são destacados para outro tipo de funções. “Eles são sempre pilotos e podem regressar às suas funções específicas a qualquer momento”, frisa uma dessas fontes, defendendo que é preciso criar incentivos à permanência deste pilotos na Força Aérea.

MARINHA CONTA COM 14 PILOTOS

A Marinha tem no seu quadro permanente uma equipa de 14 pilotos. No caso destes profissionais, segundo explicou ao CM o porta-voz do Chefe de Estado-Maior da Marinha, comandante Braz de Oliveira, a aplicação dos suplementos de voo é feita de forma diferente da Força Aérea. Isto porque na Marinha as gratificações só são atribuídas aos pilotos enquanto cumprirem o treino mínimo de voo exigido. Assim, mesmo que sejam destacados para outras funções são sempre obrigados a cumprirem as horas mínimas de voo, mas ao fim de três anos, caso não regressem à esquadrilha, perdem as suas qualificações e o direito aos suplementos.

De qualquer forma, os pilotos da Marinha são sempre diferenciados dos seus homólogos da Força Aérea, devido ao grau de exigência dos postos nos dois ramos das Forças Armadas. O CM procurou recolher informações também junto do Estado-Maior do Exército, mas até ao final desta edição não foi possível entrar em contacto. "

EFECTIVOS

A Força Aérea (FA) conta com cerca de 300 pilotos no quadro permanente. Um número considerado insuficiente para as necessidades operacionais.

SAÍDAS

Desde 2001, já saíram da FA cerca de 30 pilotos. Actualmente existe um défice de 100 pilotos, já que muitos militares abandonam as Forças Armadas para ingressarem os quadros das companhias aéreas.

'ABATE'

O ‘abate’ permite aos militares com mais de oito anos de serviço no quadro permanente saírem das Forças Armadas, mas perdem os direitos inerentes ao tempo de serviço e correm o risco de pagarem uma indemnização à FA.

12 ANOS DE SERVIÇO

O CDS apresentou um requerimento onde propõe o prolongamento dos contratos dos pilotos-aviadores de oito para 12 anos para combater as lacunas na FA.

Salários e suplementos de risco dos pilotos da Força Aérea

Para os postos abaixo de general, os salários brutos oscilam entre um escalão mínimo e um máximo. A este valor, acresce um suplemento pelo risco de voar.

A informação é apresentada pela seguinte ordem: Posto - Remunerações brutas - Sup. de risco de voo

Chefe de Estado Maior General da Força Aérea (CEMGFA) - 5 261,39 euros - 571,21 euros

General - 4 999,78 euros - 571,21 euros

Tenente-General - 4 149,53 euros a 4 378,45 euros - 571,21 euros

Major-General - 3 789,82 euros a 3 953,32 euros - 620,17 euros

Coronel - 3 135,78 euros a 3 495,49 euros - 864,98 euros

Tenente-Coronel - 2 710,65E a 3 004,98E - 1 077,14 euros

Major - 2 416,34 euros a 2 677,65 euros - 1 077,14 euros

Capitão - 1 925,81 euros a 2 383,64 euros - 1 077,14 euros

Tenente - 1 598,79 euros a 1 795,01 euros - 734,41 euros

Alferes - 1 435,28 euros a 1 500,69 euros - 571,21 euros

06/06/2006

Codigo Davince

"...são vários os pedaços de História que fundamentam a suspeita de que Portugal foi o porto do Graal. “No documento de doação de Tomar aos Templários, há um sinal rodado, um selo oficial, onde se pode ler ‘Porto Graal’. Ou seja, Portugal, porto do Graal, faz todo o sentido.”

Greve da Fenprof divide professores

Estes sim são os bons professores que temos! preocupados com o ensino, em toda a sua latitude!
Faltas, greves, etc....

"A Federação Nacional de Professores (Fenprof) decretou greve para quarta-feira, um dia que em 14 concelhos do País significa ficar três dias sem ... "

Caso Mateus: Liga despromove Gil Vicente e mantém Belenenses no escalão principal .

Digna de qualquer compendio a entrevista que ouvi hoje de manhã do presidente do Gil Vicente ao jornalista da TSF !
Depois admiram-se que as pessoas deixem de ir ao futebol!
Também penso que o Gil Vicente merece melhor presidente do que este Senhor...

"A Comissão Disciplinar da Liga portuguesa de futebol decidiu castigar o Gil Vicente com a descida à Liga de Honra, mantendo o Belenenses no escalão principal, na sequência do chamado caso Mateus. A decisão da comissão da Liga é passível de recurso para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol..."

Fernando Seara e Judite de Sousa/Scolari.

Foi patetico, no programa "Os Donos da Bola" de ontem, ver o Fernando Seara, assumir as dores de parto da Judite de Sousa.
Vem isto a proposito das declarações de Scolari a um jornal brasileiro. Parece... que a Judite de Sousa escreveu um artigo de opinião em que criticava o nosso selecionador nacional de futebol.
A judite escreveu a Judite saber-se-à defender se assim o entender. O F.S., dispensa-se de atitudes cavalheirescas de ..."quem se meter com a minha família, tem que se haver comigo...?!?!?!
Machão é assim mesmo ! Chama estupida e ininputavel á judite de Sousa ! Achou que ela teve capacidade - ou terá sido conluio entre um e outro ? - para escrever o artigo contra o Scolari, mas já não lhe reconhece, condições quando o mesmo Scolari lhe respondeu,
mal educadamente é verdade, mas ele defendeu-se! Para um homem que é presidente de camara, professor e segundo ele intelectual ... ficou muito mal "na fotografia"!

01/06/2006

Plano Nacional de Leitura

Para quem como eu que não gosta do estilo delivros dele, finalmente reconheço-lhe uma tirada inteligente.

"Cultura
2006-06-01 - 08:42:00

José Saramago
Durante um debate realizado ontem na Biblioteca Municipal de Oeiras, o prémio Nobel da Literatura José Saramago questionou a utilidade de o Estado dar "estímulos" à leitura, defendendo que o voluntarismo é inútil e que a leitura “sempre foi e será coisa de uma minoria”. O escritor confessou, assim, não acreditar na utilidade do Plano Nacional de Leitura que o Governo vai apresentar esta quinta-feira.
“Não vamos exigir a todo o mundo a paixão pela leitura", alegou o escritor, confessando que aceitou o convite para pertencer à comissão de honra do plano como "uma fatalidade, como as bexigas”, decorrente do seu estatuto de Prémio Nobel, e que não sabe o que vai ser a iniciativa proposta pelo Governo.

Para José Saramago, o estímulo à leitura é “uma coisa estranha”. O escritor defendeu mesmo que não deveria ter que haver outro estímulo para além da necessidade de um instrumento que permita conhecer. "Há dinheiro para gastar", comentou o escritor, que vai ficar à espera para ver os resultados que o plano vai ter. "

Harold Pinter - Prémio Nobel da Literatura 2005

Para os que estão familiarizados com o mundo do teatro, o nome do britânico Harold Pinter não passa despercebido. A sua notoriedade e prestígio já tinham sido alcançados muito antes da atribuição do Prémio Nobel da Literatura 2005. Na verdade, já tinha sido distinguido com prémio tão variados e reputados como o European Prize for Literature, Pirandello Prize, Shakespeare Prize, Laurence Oliver Award e a lista continua.

Nascido em 1930, em Londres, Harold Pinter foi forçado aos nove de anos de idade à evacuação da cidade de Londres, durante a II Guerra Mundial, cidade a que só regressou três anos mais tarde, uma experiência que nunca mais esqueceria. Começou por publicar poesia na sua juventude, até se dar a sua entrada no mundo do teatro primeiramente como actor. Foi através da sua actividade de dramaturgo que consolidou muita da sua reputação literária, actividade essa que iniciou na sua primeira peça The Room, encenada pela primeira vez em 1957, por um grupo universitário, em Bristol.

Seguiram-se, em finais dos anos 50 e inícios de 60, as suas peças iniciais mais influentes, como The Birthday Party (1958), The Caretaker (1960) e The Homecoming (1964), que definiram um novo estilo dramático marcado pelo Teatro do Absurdo. Daí que surja como consequência o facto de Harold Pinter considerar Samuel Beckett, uma das figuras mais representantivas do Absurdo, como seu mentor.

Mas o teatro de Pinter acaba por descobrir o seu próprio terreno e demarca-se do Absurdo, criando uma nova forma dramática a que muitos apelidaram de comedy of menace (comédia de ameaça). Nas palavras da Academia Sueca, Pinter é um escritor que, nas suas peças, descobre o precípicio sob a conversa fútil do dia-a-dia e força a entrada nas salas fechadas da opressão.

Por baixo da aparente normalidade e da pretensão das personagens em pensarem que controlam as suas vidas, esconde-se uma tensão e amargura, um grito de raiva abafado, que acaba por instaurar nas peças um autêntico ambiente de irracionalidade e repressão, acentuado pelos diálogos e actos imprevisíveis das personagens.

Não foi apenas no teatro que se distinguiu, mas também pela sua dedicação ao cinema como guionista. Adaptou várias obras literárias para guiões memoráveis, destacando-se em especial aqueles em que colaborou com o realizador Joseph Losey, nos filmes The Servant e The Go-Between, tendo ainda realizado a adaptação cinematográfica da obra de John Fowles, The French Lieutenant's Woman, em 1981.

A sua preocupação em expor temas como tirania, opressão e injustiça levou-o numa fase mais tardia a enveredar por um caminho cada vez mais marcado por uma voz de protesto político. Um acérrimo defensor dos direitos humanos, tem sido notícia de jornais, nos últimos anos, pelos seus violentos ataques à administração Bush e Blair e a condução das suas políticas externas. Em 2005, anunciou que colocara um término à sua carreira de dramaturgo, pretendendo dedicar-se por completo ao activismo político.

As suas obras foram todas traduzidas para português pela editora Relógio D'àgua e, ao longo dos anos, o grupo Artistas Unidos tem-se dedicado à revisitação e encenação das suas peças teatrais.

Harold Pinter inscreve o seu nome nas letras como uma das figuras mais emblemáticas do teatro contemporâneo pós-guerra, detentor de uma carreira consagrada que culmina com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura 2005.

Para os interessados em aprofundar a vida e obra do autor:

Biografia e Bibliografia do autor disponibilizada pela Academia Sueca-http://nobelprize.org/literature/laureates/2005/pinter-bibl.html
Biografia na Wikipedia -http://en.wikipedia.org/wiki/Harold_Pinter
Literary Encyclopedia - http://www.litencyc.com/php/speople.php?rec=true&UID=4985

Oliver Twist de Roman Polanski

Algumas obras literárias estão destinadas a um sucesso que transcende o tempo e o espaço geográfico em que foram criadas para se tornarem pontos de referência de uma cultura dita universal. Oliver Twist de Charles Dickens é uma tal obra.

Publicado em folhetim, entre 1837 e 1839, é um dos livros mais populares do escritor britânico, recriando o submundo da Inglaterra Vitoriana, onde uma sociedade cruel e hipócrita força crianças a serem confrontadas com vilania e exploração.

Inúmeras adaptações cinematográficas e televisivas foram já realizadas ao longo do séc. XX, sendo talvez a mais emblemática a versão de David Lean, com Alec Guinness no papel de Fagin. Em 2005, o aclamado realizador Roman Polanski (Rosemary's Baby, Chinatown, The Pianist)apresenta um novo olhar sobre a vida do pequeno órfão, Oliver Twist.

Um leitor conhecedor da obra de Charles Dickens terá reparado o quão frequentemente coloca crianças como pequenos heróis nos seus romances, vítimas de uma tirania sem precedentes, numa Inglaterra que se via a braços com as consequências da Revolução Industrial. Nesta época, assistia-se a uma profunda e crescente desumanização, reflectida principalmente nas ruas de Londres, palco de uma luta pela sobrevivência representada através da vida de Oliver, e a sua ascensão de um abismo de miséria e crime para o seio protector de uma família.

Uma leitura da biografia de Dickens revela-nos como é a sua própria experiência que está retratada no livro. Após a falência e prisão de seu pai, aos 12 anos, é forçado a trabalhar numa fábrica de verniz de sapatos. Uma criança vadia pelas vielas de Londres que cedo assimilou todas essa negritude e espelhou-a na sua escrita, determinado a ultrapassar todos os obstáculos e singrar na sociedade como homem de estatuto.

Clique em Ler Mais.

As muitas crianças abandonadas, desamparadas e órfãs que povoam as suas histórias demonstram a sua sensibilidade para com o seu sofrimento e transformam Dickens, ao mesmo tempo, num paladino dos marginais e desprezados pelos gentleman vitorianos. Por trás de um vivaz contador de histórias, oculta-se um crítico incisivo à civilização hipócrita que condena a inocência.

O que terá tanto atraído Roman Polanski nesta história poderá ter sido precisamente a luta pela sobrevivência. Não querendo entrar em análises psicológicas ou misturar biografia com ficção, o próprio passado de Polanski, durante o tempo da II Grande Guerra, poderia entrar em paralelo com a vida de Oliver.

O filme começa com a devolução de Oliver, uma criança de nove anos, ao orfanato onde passou os primeiros anos de infância. Após cometer a afronta de pedir por mais uma dose de comida, Oliver é praticamente posto à venda para a primeira pessoa que o aceitar. Depois de salvo por um triz do destino de limpa-chaminés, um destino pior que a morte para as crianças desta época (a título de curiosidade, recomendo a leitura dos tocantes poemas The Chimney Sweeper de William Blake, presentes em Songs of Innocence and Experience), acaba por ser acolhido por um cangalheiro. Mas a crueldade a que é submetido às mãos do aprendiz do cangalheiro, força-o a fugir para Londres.

Em Londres, conhece The Artful Dodger, um pequeno e experiente ladrão, que o apresenta ao velho Fagin. Fagin, interpretado por Ben Kingsley (Ghandi), é uma das personagens centrais no filme, na medida em que irá actuar como protector de Oliver e funcionar como a figura paterna que o pequeno tanto deseja. O velho judeu (Fagin nunca é aludido como judeu durante o filme) é apenas uma de uma galeria de personagens memoráveis Dickensianas que assombram a imaginação do leitor e aí perduram.

A complexidade dessa personagem tem sido revisitada na última década e palco de novas transfigurações (Will Eisner em Fagin, the Jew). Inclusivé, o filme é despido de todos os pormenores adicionais melodramáticos (no livro, a identidade dos pais do órfão é revelada de forma um pouco forçada) que possam desviar a atenção do espectador da relação entre Fagin e Oliver.

O que está principalmente em foco no filme é a busca de um lar, um local onde Oliver pode crescer a salvo e com a estabilidade e amor suficientes para se poder tornar em alguém valoroso. Mas esse lar paradisíaco, representado na pessoa de Mr. Brownlow, é subitamente ameaçado e torna-se o alvo do grupo de Fagin e o o seu antigo discípulo, o psicótico Bill Sykes.

Se o filme consegue passar essa mensagem de esforço heróico e abnegação, é muito graças a Barney Clark, que sem ceder a excessos dramáticos, consegue transmitir a imagem exacta de vulnerabilidade e inocência. Tem razão Fagin quando comenta com Sykes que o rapaz tem uma face angelical capaz de roubar idosas na Igreja. Conjugando as interpretações eficazes de todo um elenco de actores com cenários urbanos cinzentos visualmente impressionantes, mas decididamente austeros e clássicos, a narrativa desenrola-se fluidamente por duas horas, centrando-se exclusivamente no essencial que a história tem para oferecer: a sobrevivência num meio hostil.

Não sendo grande apologista de comparações entre a obra literária e obra fílmica, é contudo pertinente comentar o facto de Polanski nunca realmente captar a atmosfera de negritude que envolve a narrativa e mergulhar fundo nela, com excepção da cena no tribunal, em que Oliver desmaia, um impressionante exemplo do melhor de Dickens transposto para o ecrã, onde estão presentes o humor negro, a crueldade, hipocrisia e até a esperança condensados num único excelente momento.

No entanto, ainda que não tenha captado, de forma ousada, todas as camadas que o livro apresenta, faz jus à narrativa e seu autor. Recomenda-se a todos os apreciadores de literatura inglesa do séc. XIX e recriações fílmicas da época Vitoriana.

http://en.wikipedia.org/wiki/Charles_Dickens
http://www.sonypictures.com/movies/olivertwist/
http://minadream.com/romanpolanski/Biography.htm

Oliver Twist de Roman Polanski

Algumas obras literárias estão destinadas a um sucesso que transcende o tempo e o espaço geográfico em que foram criadas para se tornarem pontos de referência de uma cultura dita universal. Oliver Twist de Charles Dickens é uma tal obra.

Publicado em folhetim, entre 1837 e 1839, é um dos livros mais populares do escritor britânico, recriando o submundo da Inglaterra Vitoriana, onde uma sociedade cruel e hipócrita força crianças a serem confrontadas com vilania e exploração.

Inúmeras adaptações cinematográficas e televisivas foram já realizadas ao longo do séc. XX, sendo talvez a mais emblemática a versão de David Lean, com Alec Guinness no papel de Fagin. Em 2005, o aclamado realizador Roman Polanski (Rosemary's Baby, Chinatown, The Pianist)apresenta um novo olhar sobre a vida do pequeno órfão, Oliver Twist.

Um leitor conhecedor da obra de Charles Dickens terá reparado o quão frequentemente coloca crianças como pequenos heróis nos seus romances, vítimas de uma tirania sem precedentes, numa Inglaterra que se via a braços com as consequências da Revolução Industrial. Nesta época, assistia-se a uma profunda e crescente desumanização, reflectida principalmente nas ruas de Londres, palco de uma luta pela sobrevivência representada através da vida de Oliver, e a sua ascensão de um abismo de miséria e crime para o seio protector de uma família.

Uma leitura da biografia de Dickens revela-nos como é a sua própria experiência que está retratada no livro. Após a falência e prisão de seu pai, aos 12 anos, é forçado a trabalhar numa fábrica de verniz de sapatos. Uma criança vadia pelas vielas de Londres que cedo assimilou todas essa negritude e espelhou-a na sua escrita, determinado a ultrapassar todos os obstáculos e singrar na sociedade como homem de estatuto.

Clique em Ler Mais.

As muitas crianças abandonadas, desamparadas e órfãs que povoam as suas histórias demonstram a sua sensibilidade para com o seu sofrimento e transformam Dickens, ao mesmo tempo, num paladino dos marginais e desprezados pelos gentleman vitorianos. Por trás de um vivaz contador de histórias, oculta-se um crítico incisivo à civilização hipócrita que condena a inocência.

O que terá tanto atraído Roman Polanski nesta história poderá ter sido precisamente a luta pela sobrevivência. Não querendo entrar em análises psicológicas ou misturar biografia com ficção, o próprio passado de Polanski, durante o tempo da II Grande Guerra, poderia entrar em paralelo com a vida de Oliver.

O filme começa com a devolução de Oliver, uma criança de nove anos, ao orfanato onde passou os primeiros anos de infância. Após cometer a afronta de pedir por mais uma dose de comida, Oliver é praticamente posto à venda para a primeira pessoa que o aceitar. Depois de salvo por um triz do destino de limpa-chaminés, um destino pior que a morte para as crianças desta época (a título de curiosidade, recomendo a leitura dos tocantes poemas The Chimney Sweeper de William Blake, presentes em Songs of Innocence and Experience), acaba por ser acolhido por um cangalheiro. Mas a crueldade a que é submetido às mãos do aprendiz do cangalheiro, força-o a fugir para Londres.

Em Londres, conhece The Artful Dodger, um pequeno e experiente ladrão, que o apresenta ao velho Fagin. Fagin, interpretado por Ben Kingsley (Ghandi), é uma das personagens centrais no filme, na medida em que irá actuar como protector de Oliver e funcionar como a figura paterna que o pequeno tanto deseja. O velho judeu (Fagin nunca é aludido como judeu durante o filme) é apenas uma de uma galeria de personagens memoráveis Dickensianas que assombram a imaginação do leitor e aí perduram.

A complexidade dessa personagem tem sido revisitada na última década e palco de novas transfigurações (Will Eisner em Fagin, the Jew). Inclusivé, o filme é despido de todos os pormenores adicionais melodramáticos (no livro, a identidade dos pais do órfão é revelada de forma um pouco forçada) que possam desviar a atenção do espectador da relação entre Fagin e Oliver.

O que está principalmente em foco no filme é a busca de um lar, um local onde Oliver pode crescer a salvo e com a estabilidade e amor suficientes para se poder tornar em alguém valoroso. Mas esse lar paradisíaco, representado na pessoa de Mr. Brownlow, é subitamente ameaçado e torna-se o alvo do grupo de Fagin e o o seu antigo discípulo, o psicótico Bill Sykes.

Se o filme consegue passar essa mensagem de esforço heróico e abnegação, é muito graças a Barney Clark, que sem ceder a excessos dramáticos, consegue transmitir a imagem exacta de vulnerabilidade e inocência. Tem razão Fagin quando comenta com Sykes que o rapaz tem uma face angelical capaz de roubar idosas na Igreja. Conjugando as interpretações eficazes de todo um elenco de actores com cenários urbanos cinzentos visualmente impressionantes, mas decididamente austeros e clássicos, a narrativa desenrola-se fluidamente por duas horas, centrando-se exclusivamente no essencial que a história tem para oferecer: a sobrevivência num meio hostil.

Não sendo grande apologista de comparações entre a obra literária e obra fílmica, é contudo pertinente comentar o facto de Polanski nunca realmente captar a atmosfera de negritude que envolve a narrativa e mergulhar fundo nela, com excepção da cena no tribunal, em que Oliver desmaia, um impressionante exemplo do melhor de Dickens transposto para o ecrã, onde estão presentes o humor negro, a crueldade, hipocrisia e até a esperança condensados num único excelente momento.

No entanto, ainda que não tenha captado, de forma ousada, todas as camadas que o livro apresenta, faz jus à narrativa e seu autor. Recomenda-se a todos os apreciadores de literatura inglesa do séc. XIX e recriações fílmicas da época Vitoriana.

http://en.wikipedia.org/wiki/Charles_Dickens
http://www.sonypictures.com/movies/olivertwist/
http://minadream.com/romanpolanski/Biography.htm

Quando Nietzsche Chorou… - Irvin Yalom

Dois homens juntos pelo destino unem-se para combater um inimigo comum. Esta premissa é provavelmente das mais usadas em inúmeras obras, mas neste caso o inimigo é bem diferente do comum. Em vez de um senhor do mal, um arqui-vilão criminoso ou um político corrupto encontramos um conjunto de inimigos que nos dizem muito mais. Estes são o desespero, a solidão interior, a obsessão amorosa e sexual, a morte e o sentido da vida. No fundo, inimigos que cada um de nós conhece bem melhor do que os vilões mais habituais dos livros e do cinema.

Josef Breuer é um médico Vienense bem sucedido. Apesar de ser de ascendência judaica, e de praticar alguns preceitos religiosos de forma mecânica, é um ateu convicto que se sente preso a uma vida que sente não ter escolhido. Está casado com uma mulher bonita, e têm filhos, mas sente-se só e numa vida sem sentido. Uma paixão com uma doente sua, Berth, que sofria de problemas mentais graves, levou a sua mulher a exigir-lhe que a enviasse para outro médico. No entanto, Breuer nunca conseguiu afastar da sua mente Bertha, passando os dias a pensar nela. Até que em Veneza lhe aparece Lou Salomé, uma mulher Russa, que lhe pede para tratar de um problema de enxaquecas constantes que um amigo seu sofre, e que está no limiar do suicídio.

Esse amigo de Lou Salomé é um filósofo alemão praticamente desconhecido das pessoas da época, Friedrich Nietzsche. Mais do que ateu, Nietzsche é um dos pais do Nihilismo, defendo que Deus foi algo criado pelo homem, e entretanto morto pelo mesmo homem. Apesar de já ter várias obras publicadas, estas são conhecidas apenas por um punhado de pessoas. Ele mesmo afirma que o seu primeiro discípulo está ainda por nascer, acreditando que um dia os seus pensamentos serão lidos, conhecidos e respeitados, mas que não estará já vivo para assistir. Sentindo-se traído pelo seu corpo que não lhe dá descanso, pelos amigos que não acredita ter e pela mulher que não o ama, vive como um saltimbanco solitário. O seu orgulho é a única coisa que o motiva ainda a viver, tentando passar para o papel todos os seus pensamentos para futuras gerações.

Ao longo de todo o livro, o leitor é levado a tentar perceber a maneira de pensar destas grandes mentes enquanto também eles o fazem entre si. Ao longo das séries de conversas, somos convidados a fazer as perguntas que Breuer e Nietzsche colocam um ao outro, a nós mesmos. Estas conversas podem ser encaradas quase como percursoras da Psicologia e Psicanálise, juntando a tudo isto um personagem que aconselha Breuer, o seu discípulo Sigmund Freud.

Um romance que consegue fazer pensar, sem se tornar enfadonho e mantendo uma estória coesa, interessante e surpreendente, enquanto assistimos a uma batalha épica contra alguns dos mais fortes medos humanos.