08/08/2007

TESTEMUNHO DE UMAS BOAS (MÁS)HORAS NA BOA HORA

Por: Fernanda Câncio

Tribunal da Boa Hora, esta semana. Convocada como testemunha para as 14 horas, apresento-me, pontualmente (que é como quem diz, muito a tempo para quem conhece o funcionamento dos tribunais portugueses) às 14.07. No foyer do tribunal, uma fila de vinte pessoas, ostentando o BI, espera a vez para receber um cartão de visitante das mãos de uma funcionária estonteantemente lenta. Ainda avento existir uma entrada para público e outra para testemunhas, mas não. Só "advogados, funcionários e magistrados" têm acesso livre, sem necessidade de identificação, revista policial ou sequer um olhar. É levar uma pastinha e entrar em passo assertivo e estugado, e poupa-se um quarto de hora (pelo menos) em pé, mais a necessidade de mostrar o conteúdo do saco, dos bolsos e quaisquer "limas ou corta-unhas" que transporte, assim como da entrega da tampa da garrafa de água que porventura (avisadamente) traga consigo e da submissão ao detector de metais. Qualquer energúmeno que queira entrar de Uzi, bomba ou faca de cozinha se fará passar por advogado, relegando a revista do "povo" para a função de cumprir o regulamento (para além, naturalmente, de pôr o povinho no lugar).
E as regras são sagradas. Quando o casal à minha frente na fila, acompanhado da filha de seis anos, alcança a vez, a funcionária é peremptória: "A criança não pode entrar." Os pais explicam que não tinham onde a deixar e prometem que ela não entrará na sala de audiências. Sem sucesso. Quando o pai diz à filha para se sentar na entrada do tribunal "à espera", a funcionária nem pestaneja.
No país em que toda a gente vibra com a sorte da inglesinha Maddie, há um tribunal que, sem fazer nas convocatórias qualquer referência ao facto, barra a entrada a crianças e se borrifa na sua sorte - até que sejam objecto de um crime, altura em que promete dedicar-lhes horas de reflexão, pesar e rigoroso apuramento de responsabilidades. Há mais perfeita caricatura da relação imperial e mecânica da justiça portuguesa com os cidadãos? Depois disto, talvez nem valha a pena lembrar o desprezo que demonstra pelas testemunhas, ao fazê-las esperar horas perdidas e às vezes dias a fio pelo momento de serem ouvidas, num edifício em que não existe um local para beber água (descontando os lavatórios das casas de banho) nem para comprar alimentos, e onde os lugares sentados são exíguos. E é a justiça, diz a Constituição, administrada em nome do povo, e é este um dos tribunais da capital. O tal que foi há dias notícia por causa de um rato. Num navio tão naufragado, é caso para perguntar se não seria o último.

DIAS CONTADOS - ABONOS DE FAMÍLIA

Por: Alberto Gonçalves
sociólogo

Cavaco Silva pediu políticas de estímulo à natalidade. O Governo subscreveu o apelo. A Associação de Famílias Numerosas (AFN) aplaudiu-o. E a Associação de Famílias Minúsculas, que fundei anteontem, escusa-se a comentar.
Há razões válidas para que Portugal (e a Europa) se aflijam com a baixíssima natalidade em vigor. Razões "economicistas", com vista ao futuro da Segurança Social. Razões "xenófobas", dado o abismo entre as taxas de procriação dos europeus "velhos" e as taxas dos europeus "novos" e da imigração em geral. Razões "ideológicas", relacionadas com o "valor" que a família dita tradicional representa para os conservadores, por exemplo. Não é arriscado presumir a razão que move Cavaco.
Já a AFN defende os incentivos à natalidade apenas porque sim. Ou, melhor dizendo, porque beneficia os respectivos membros. Em abstracto, nada justifica que as proles abundantes mereçam do Estado simpatia adicional. E é perigoso que o Estado entenda discriminar positivamente (ou negativamente) os agregados em função da sua semelhança quantitativa com o Rancho Folclórico de Penalva do Castelo.
Convinha que as famílias, vastas ou diminutas, resultassem de escolhas livres e não da adaptação interesseira às decisões do Estado. O qual, aliás, não se deveria meter onde não é chamado. Nem, para o caso, onde de facto o chamam. Salvo situações de profunda estupidez, ser mãe solteira ou pai de dezasseis petizes deriva de opções pessoais, sem direito legal a sanção ou recompensa. No máximo, e de acordo com o IRS de cada um, acho legítimo que os filiados na AFN reivindiquem um pequeno subsídio - não para o sustento dos filhos, mas para a aquisição de contraceptivos.

A PALESTINA AINDA NÃO VENCEU
Parece que o momento de maior efervescência da convenção do Bloco de Esquerda, realizado no fim-de-semana, sucedeu quando uma embaixada de agrupamentos palestinianos foi recebida aos gritos de "Palestina vencerá!". Duvido que o entusiasmo seja recíproco. Não consta que os congressos do Hamas e da Fatah se comovam com as causas internas do BE, e que os seus delegados se levantem a berrar "O Zé faz falta!" ou "Não ao offshore da Madeira!".
De resto, a devoção altruista do Ocidente por aquele pedaço específico da Terra não se esgota nos malucos da extrema-esquerda. Antes pelo contrário. Por tudo o que é jornal e noticiário da Europa, o 40º aniversário da Guerra dos Seis Dias viu-se transformado na evocação dos quarenta anos do "sofrimento palestiniano". Mais: a própria guerra terá sido um erro cometido por Israel, o seu desfecho uma vitória de Pirro, e as suas consequências uma "calamidade" até para o "estado judaico". As aspas prendem-se com um recente, e assaz citado, editorial da insuspeita "The Economist", publicação capaz de imprimir uma irracionalidade recorrente face a Israel e manter-se insuspeita.
Não é preciso acenar com documentos recém-descobertos, como fez o historiador Michael Oren, para provar que as pretensões do Egipto (e da Jordânia, e da generalidade dos países mais ou menos vizinhos da "nação sionista") em 1967 se limitavam a um pormenor quase ternurento: a erradicação de Israel e a chacina ou, nas versões humanitárias, a expulsão dos israelitas. Tradução: Israel vencia a guerra ou desaparecia. Israel venceu e permaneceu um estado civilizado no meio da barbárie. Para muitos, eis um erro imperdoável.
G8
Um outro mundo não é possível. Um mundo em que se desconfie de campeões dos oprimidos que ostentam, com orgulho, os símbolos dos piores totalitarismos. Um mundo em que estadistas democraticamente eleitos se possam encontrar na Alemanha ou onde quiserem, sem o acompanhamento de hordas de selvagens. Um mundo em que selvagens com tempo a mais e higiene a menos não atinjam o popular estatuto de "activistas", e no qual a destruição de propriedade e a agressão física não passe por afirmação politica. Um mundo em que, após demorado processo de lavagem e desparatização, haja coragem para acomodar os "activistas" no seu habitat natural: as jaulas. Um mundo em que o presidente dos EUA não solte um apalermado "Bono para presidente!" à passagem de uma vedeta "rock". Um mundo em que se despreze a autoridade de cançonetistas notoriamente boçais para opinar acerca do destino do Homem. Um mundo em que não se condicione o destino do Homem a "ameaças climáticas" e palpites sem fundamento científico. Um mundo em que a globalização seja avaliada pela riqueza global que comparativamente gera e não pela "desigualdade" que as alucinações de tantos lhe atribuem. Um mundo em que as principais conquistas do mundo não fossem odiadas por aqueles que delas mais usufruem. Um mundo que fizesse sentido.

ESCOLA DE RECONDUÇÃO
Com despacho assinado pelo engenheiro Sócrates (duas palavras que não voltarão a ser associadas sem receio de interpretação irónica), o Governo reconduziu a directora regional de Educação do Norte no cargo. Segundo o presidente da distrital socialista do Porto, parece que a decisão se deve à "competência" da senhora. Apesar dos protestos da oposição à direita e dos descrentes de serviço, não vejo que outros motivos tenham fundamentado a recondução.
Que critérios se pode invocar para pôr em causa a competência da senhora? Não serão, decerto, critérios técnicos. Como mostram os testes de aferição de português e matemática, experiências avançadas que premeiam o puro erro, a função prevista do ensino público faleceu há muito, e o cadáver não depende particularmente da DREN. Entidades assim perpetuam-se para que o poder político distribua funcionários e para que os funcionários retribuam o favor. Antes do prof. Charrua, a sra. Margarida Moreira, detentora de um passado impressionante enquanto educadora de infância e sindicalista, já despachara cinco criaturas, por aquilo que ela toma por desrespeito ou por aquilo que o Governo a manda tomar por desrespeito. A sra. Margarida faz, e bem, o que dela se espera, afinal uma apropriada definição de competência e uma virtude que não tem preço. Ou tem: o salário de directora regional. Por mais uns anos.
CRIME DELE, NOSSO CASTIGO
Começou o julgamento de António Costa (não é esse), o alegado homicida de Santa Comba Dão (não é esse). O sr. Costa é um antigo cabo da GNR e, apesar do barulho em seu redor, não faço ideia se está inocente. Se está, o caso é uma vergonha. Se não está, o caso é uma vergonha maior.
A excitação e a pressa levaram a imprensa a chamar o sr. Costa de "serial-killer". À portuguesa, faltou especificar. Um assassino em série competente não nega crimes em tribunal: confessa os que cometeu, junta-lhes alguns que não cometeu (para compor o currículo), enriquece-os com pormenores macabros e a seguir sorri à plateia, consolado e doido. Medroso, o típico assassino nacional admite em privado, para em público se encolher, negar tudo e desatar a distribuir lamúrias.
À imagem do verificado em tantos ramos de actividade, também no assassínio em série não conseguimos alcançar os níveis dos países desenvolvidos. Concedo, não é exactamente uma razão de queixa: a vida real passa bem sem um certo tipo de matanças indiscriminadas. O chato é que a vida ficcional não. Um destes dias, a propósito do sr. Costa, Ferreira Fernandes lembrou aqui no DN que Portugal não possui uma literatura policial. Concordo e acrescento: nem literatura, nem cinema, nem nenhuma forma de expressão artística que se tente alimentar, com proveito, do vital tema do crime.
Quer dizer, criminosos nós temos. Mas são, quase invariavelmente, ex-polícias, camponeses alcoolizados, débeis mentais e vítimas do rendimento mínimo. Por sua vez, o móbil dos crimes prende-se normalmente com terras, águas, ciúmes, drogas, frustração sexual e outros elementos telúricos que não dão enredo ou, o que é pior, dão enredos péssimos. A acreditar nas escutas ao arguido, o sr. Costa matou três raparigas porque "queria um beijo" e "andava stressado". Pois é, nascer, e morrer, em Famalicão ou Telheiras não é o mesmo que nascer, e morrer, em Cleveland ou São Petersburgo. Psicopatas autênticos suscitam análises e parábolas sobre o mistério da condição humana. Os nossos retratam a pobreza de espírito: perante a prisão iminente, o maior desgosto do sr. Costa consiste em não regressar à Casa do Benfica.
Com personagens e tramas destas, a ficção pátria vem-se arrastando-se dos folhetins de cordel ao neo-realismo e ao cinema contemporâneo por entre vinganças, invejas, violadores de bairro, familiares desavindos, toxicodependentes confusos e a miséria literal e criativa. Em suma, um aborrecimento de morte. Embora haja relativa perícia em tornar, como os portugueses tornam, a morte aborrecida.
António Costa percebeu que não ganha Lisboa com a folga desejada sem fingir questionar, ao menos um bocadinho muito pequenino, o aeroporto da Ota. Mas uma coisa é simular objecções a um projecto duvidoso, assente em argumentos anedóticos e num lamaçal. Outra coisa é julgar que a defesa de um retrocesso geral no sistema de transportes constitui um bom mote para a campanha. Quando António Costa aparece a pedalar por Belém e a prometer rasgar a cidade com "ciclovias", é chegada a altura de os seus assessores lhe aconselharem moderação.
Primeiro, há o problema da coerência política: ninguém acredita que o antigo "número dois" do exacto Governo que quer cercar a capital com terminais aéreos e linhas de TGV seja um adepto indefectível do ciclismo. Depois, há o problema do interesse comum: ninguém aspira a trocar o automóvel pela bicicleta na sua rotina diária.
Vale ao dr. Costa que os demais candidatos também partilham a aparente obsessão por sujeitar as massas a meios de locomoção arcaicos e cansativos. Ler as diversas propostas eleitorais é antecipar uma intrincada teia de ruas fechadas ao trânsito, "corredores verdes", "passadiços", "eixos pedonais", "faixas cicláveis" (?), etc. A aversão dos putativos autarcas lisboetas aos transportes comuns terá começado no momento em que Marcelo Rebelo de Sousa se lançou ao Tejo, numa subtil tentativa de demonstrar a inutilidade de carros e cacilheiros.
Mas nem o presciente prof. Marcelo adivinharia o fervor ruralista e ecológico que hoje domina a corrida à CML. Além de procurarem regular o tráfego urbano pelos padrões de 1935, os concorrentes sonham com colectividades de bairro, mercearias de esquina, teatro nas ruas, heranças árabes, "pulmões" florestais, "agricultura urbana" e, eu fique ceguinho, o combate municipal ao aquecimento global. Um terço das propostas de governação camarária resume-se a este Manifesto do Atraso de Vida, assumidamente "giro" e naturalmente inviável. Os restantes dois terços são banalidades, que oscilam entre a "devolução de Lisboa" aos lisboetas ou ao rio.
Sugiro um compromisso: devolva-se de facto Lisboa (ou o matagal que dela sobrar) ao rio e, já que a finalidade é convertê-los à força aos ideais da Quercus, mude-se os lisboetas para a Albânia, o Nepal ou qualquer lugar assim "pedonal", "ciclável" e rústico. Não fosse o aeroporto e a Ota seria uma solução igualmente válida.
LISBOA ANTIGA UMA FACTURA PESADA
A custo, a imprensa britânica ainda tolerou que os agentes da Polícia Judiciária não se dignassem informá-la, a intervalos regulares, de todos os avanços, recuos e irrelevâncias em volta do desaparecimento da "pequena Maddie". Mas a imprensa britânica não tolera que, em vez de procurarem Maddie, ou - o que seria perfeito - convocarem conferências a cada dez minutos, os agentes da PJ demorem duas horas num almoço, para cúmulo num restaurante caro, especializado em mariscos e permeável a fotógrafos ingleses. Aparentemente, as chefias da PJ concordam com a imprensa britânica e, a fim de evitar vergonhas, as fotografias da almoçarada foram apreendidas. De futuro, os polícias que tentem os couratos.

A INCOMPREENSÍVEL DIVERSIDADE DA UNIVERSIDADE

Por : João César das Neves
Enquanto rebentam escândalos nas universidades, uma nova geração prepara-se para entrar no ensino superior. Vale a pena, sem pretensões, dar uma simples olhadela a essa realidade. Há coisas que só vistas!
No ano lectivo de 1950/51 havia em Portugal quatro universidades (Lisboa, Técnica, Coimbra e Porto) num total de 21 estabelecimentos de ensino superior (faculdades, institutos, escolas). Em 1975/76 havia mais quatro (Aveiro, Minho, Católica e Nova) em 73 estabelecimentos. No ano lectivo de 2005/06 tínhamos 24 instituições intituladas "universidade" e 326 estabelecimentos.
Na leccionação o crescimento foi ainda maior. Em 1950/51 existiam 49 nomes diferentes de cursos, representando um total de 90 possibilidades de matrícula nas várias escolas. Em 1975/76 as designações eram já 121, dando 246 opções de inscrição. Em 2005/06, havia uns incríveis 1877 títulos diferentes, permitindo aos pobres candidatos escolher entre 5485 alternativas de escola/curso. Destas, 102 eram bacharelatos, três mil licenciaturas (das quais 1307 com possibilidade de bacharelato), 776 mestrados, 1161 cursos de doutoramento e 446 outros graus (especializações, formações complementares, etc). A pirâmide está invertida.
Olhando só as licenciaturas, existem hoje 854 nomes diferentes. Um caso interessante é a Engenharia. Em 1950/51 havia nove tipos (Civil, Electrotécnica, Mecânica, Químico-Industrial, Minas, Agrónoma, Silvicultora, Geográfica e Militar), com 17 possibilidades de inscrição. Em 1975/76 eram 12. Uma mudara de nome (para Química), duas perderam o título de Engenharia (Agronomia e Silvicultura) e cinco novas surgiram (Máquinas, Metalúrgica, Têxtil, Informática e Maquinista Naval) num total de 26 inscrições. Mas em 2005/06 existiam 137 tipos diferentes de Engenharias em 586 diplomas.
Entre muitas outras, temos Engenharia Agrária, Agrícola, Agro-Florestal, Agronómica, Agro-Pecuária, Agrotecnológica, Florestal, Ambiental e dos Recursos Naturais, Biofísica, das Ciências Vitivinícolas e Zootécnica. Há Engenharia Cerâmica, das Madeiras, de Polímeros, Papel, Vestuário, Vidro. E ainda Engenharia Eléctrica, Electrónica, Electromecânica, Electrotécnica e até Mecatrónica. Temos Engenharia Publicitária, Alimentar, Automóvel, Aerospacial, Topográfica, Engenharia da Qualidade, Engenharia Clínica e Engenharia da Linguagem e do Conhecimento.
Outro campo peculiar é o da Gestão. Em 1950/51 havia só quatro licenciaturas em Administração (Comercial, Militar, Naval e Colonial), mas em 1975/76 já eram oito e começara a confusão das nomenclaturas. Em 2005/06, os 115 nomes da área pretendem fazer a gestão, direcção, administração, organização ou o planeamento de qualquer coisa. E são muitas coisas! Há Gestão Hoteleira, mas também Gestão da Água, do Solo e da Rega ou Gestão de Transportes, Intermodalidade e Logística. Há Gestão do Desporto, Gestão do Lazer e Animação Turística, Gestão do Património, Gestão de Rotas Temáticas e Direcção de Orquestra. E, claro, temos Gestão Bancária, de Recursos Humanos, de Informação, Marketing, Financeira e Fiscal. Mas também existe Planeamento Regional e Urbano, Tecnologias da Informação Empresarial, Química Industrial e Gestão. E até licenciaturas em Estudos Ingleses e Relações Empresariais, Filosofia e Desenvolvimento da Empresa, Tradução e Assessoria de Direcção, Línguas e Administração Editorial.
Estas são áreas que dizem dar emprego. Também há outras. Num país com cada vez menos alunos, existem 618 opções (11% do total) com "educação", "ensino", "escolar" ou "professor" no título. Há também doutoramento em Linguagens, Identidade e Mundialização, mestrado em Sexologia, licenciatura em Enologia e bacharelatos em Equinicultura ou Informação Médica e Farmacêutica. Há licenciaturas em Arquitectura de Design de Moda, mestrados em Evolução Humana, Aconselhamento Dinâmico, Medicina de Catástrofe, Psicologia da Dor ou Ciências do Sono e doutoramento em Estudos sobre as Mulheres.
O povo diz que "um burro carregado de livros é um doutor". Um povo carregado de cursos é um desastre.

JOE NO CCB, JOE NA PT, JOE NO BCP, JOE NO BENFICA. UAU, JOE

Por: João Miguel Tavares

 

A divinhem se forem capazes. Quem foi capa da última Visão? Tempo para pensar... Foi Joe Berardo. Quem foi capa da última revista Sábado? Resposta: Joe Berardo. Quem foi capa da última Tabu, a revista do semanário Sol? Pois bem: Joe Berardo. Quem foi capa da última NS, a revista que sai aos sábados com o DN e o JN? Pois é: Joe Berardo. E quem foi capa da última revista Única, do semanário Expresso? Eeeerhh... Por acaso foi a Angelina Jolie. Mas no interior havia 14 páginas dedicadas a Joe Berardo.
Nos últimos tempos, assim de repente, acho que Berardo não falhou um único acontecimento relevante ocorrido em Portugal. Eu próprio, nos meus sonhos, já me imagino a ser perseguido por um homem vestido de preto da sola dos sapatos até à gola, com um pin vermelho em forma de coração. Primeiro, foi a loooonga telenovela sobre o destino da sua colecção de arte contemporânea, que acabou albergada no CCB durante dez anos à custa do Estado português (Joe considera que fez um mau negócio, porque no final desses dez anos o País, a ressacar de aeroportos e TGV, vai evidentemente poder comprar-lhe a colecção por apenas 316 milhões de euros). Depois, foi a sua resistência a Belmiro na OPA da Sonae sobre a PT (Belmiro perdeu, Joe ganhou). A seguir, foi a contestação a Jardim Gonçalves no pós-OPA do BCP ao BPI (Jardim perdeu, Joe ganhou). Nos entretantos, assumiu-se como um dos patrocinadores no estudo da CIP que propôs Alcochete em vez da Ota como o sítio certo para construir o novo aeroporto (o Governo recuou, Joe avançou). Na última semana, apareceu a lançar uma OPA sobre 80% das acções do Benfica e a fazer directos em tudo o que era televisão (o Benfica engoliu, Joe sorriu). Parece aquela velha anedota: era um homem tão conhecido, tão conhecido, tão conhecido, que um dia foi ao Vaticano e as pessoas perguntavam: "Quem é aquele senhor de branco ao lado do Joe Berardo?"
Que Joe é mexido, não há dúvida. Mas esta avalanche mediática só é possível porque Portugal não chega a ser um jardim à beira-mar plantado: é mesmo uma caixita de fósforos, comprometida pela humidade. Basta um único homem com algum espírito de iniciativa, olho para o negócio e uns milhões no bolso para pôr os indígenas embasbacados e fazer parar metade do País. Reconheço-lhe o mérito e tiro-lhe o chapéu. Mas isto seria impensável em qualquer lugar realmente desenvolvido, com uma sociedade civil interventiva e uma classe empresarial pujante. Infelizmente, o sucesso de Berardo é a outra face da nossa pobreza. Ou, em forma de ditado popular: em terra de cegos quem tem olho é rei. Hey, Joe, lucky you

Dias contados

 

 Por : Alberto Gonçalves
CELEBRAR A INDIGÊNCIA
Com o alegado fim de entreter os emigrantes, a RTP enviou Júlio Isidro e Roberto Leal ao Luxemburgo. Crueldades de lado, nunca percebi a associação do Dia de Portugal com o Dia das Comunidades Portuguesas. Entre parêntesis, não percebo igualmente o que faz Camões no meio da pompa, embora esse seja um assunto diferente.
Aqui, o assunto é a singular leveza com que se comemora, em simultâneo, as virtudes da pátria e o facto de regularmente haver quem foge da pátria em busca de uma vida decente. Que se saiba, as inúmeras pessoas que empurrámos - e continuamos a empurrar - para o exterior não partiram devido aos encantos e oportunidades que Portugal lhes proporcionou. Partiram porque Portugal chafurda metodicamente nos arredores da pobreza, e um académico ou um operário da construção civil tem dez vezes mais possibilidades de prosperar em Boston ou em Barcelona.
Claro
que, conforme dizia Tevye, em "Um Violino no Telhado", e o prof. Salazar pacientemente nos explicou, não é vergonha ser pobre. Só que, ao contrário do prof. Salazar, Tevye acrescentava: "E também não é orgulho nenhum." É absurdo negar a mal remediada pelintrice indígena, que uns suportam por cá e outros, movidos por superior desespero ou coragem, não. Mas é um absurdo maior exaltar, na mesma data, a nossa imaginária grandeza e as vítimas da nossa real penúria.
Se houvesse um mínimo de pudor, a relação do Estado com os emigrantes resumir-se-ia à assistência consular, aliás em acelerado declínio. Servir-se deles para proclamar a "vocação universalista" e façanhas afins é, além de cínico, um involuntário exercício de comédia. O "universalismo" português advém de uma deplorável evidência: contas feitas aos sacrifícios e aos salários, milhões de portugueses preferem algum lugar do resto do mundo ao país. E usar o Dez de Junho para publicitar isto é um disparate que nem o melancólico discurso de Cavaco atenuou.
Segunda-feira, 11 de Junho
AS CONVICÇÕES DE UM HOMEM
Em declarações ao "Expresso", Mário Soares confessou uma sincera admiração por ditadores (Chávez, um "homem de convicções") e trapaceiros (Lula). Do que ele não gosta é de regimes livres, capitalismo, globalização, Ocidente, Blair, Bush e americanos em geral (os "gringos").
Nenhuma novidade. Há anos que o dr. Soares profere extravagâncias assim sem abalar o seu prestígio. Curiosamente, desta vez meio mundo reparou no último "Expresso" para descobrir, com espanto, que o dr. Soares não envelheceu bem.
O espanto é capaz de ser excessivo. O lamento, não. Nunca tendo sido de esquerda, também nunca partilhei da raiva que a direita dedica ao dr. Soares, a pretexto da descolonização, ou da inépcia governativa, ou, enquanto PR, das ingerências no "cavaquismo". À semelhança de milhões, eu acreditava que a determinante acção do dr. Soares durante o PREC o definia melhor que os posteriores pecadilhos e erros crassos.
Há muito que custa manter a crença intacta. Com o tempo, e as sucessivas atoardas, uma pessoa vai duvidando se o dr. Soares actual é uma triste degenerescência do democrata de 1975, ou se o dr. Soares de 1975 foi, afinal, um desvio oportunista e estratégico face à natureza radical do senhor que por aí anda, a produzir opiniões grotescas e a desiludir velhos fiéis. Infelizmente, não é de hoje que o fundador do regime se aproximou do pensamento (digamos) de Boaventura Sousa Santos. Felizmente, hoje aproxima-se do respectivo descrédito.
Terça-feira, 12 de Junho
O PREÇO DA DECISÃO
A benefício da candidatura de António Costa e da popularidade do eng. Sócrates, o Governo adiou por seis meses a confirmação da Ota. Perante a dádiva, a oposição entrou em delírio, não sei se por convicção nos súbitos méritos da alternativa Alcochete ou por saudades de uma boa pândega.
No meio dos bizarros festejos, o dr. Campos e Cunha ressuscitou para defender a combinação da Portela com um novo, e menor, aeroporto. A hipótese, que o Governo obviamente nem coloca, parece sensata. Porém, como nesta matéria ninguém evita um toque de excentricidade, o antigo ministro de Sócrates acrescentou logo que é preciso decidir até ao fim do ano, pois "começa a ser um pouco embaraçosa, até em termos internacionais, a incapacidade do país para tomar decisões".
Os "termos internacionais" são um conceito vago. Talvez o dr. Campos e Cunha tenha informações seguras de que nas ruas de Paris e de Chicago os avanços e recuos da Ota suscitem farta galhofa. Ou de que nos corredores das altas instâncias, da ONU e da NATO à UE e à FIFA, circula uma quantidade de anedotas alusivas sem paralelo na própria DREN.
De qualquer modo, eis um excelente motivo para nos despacharmos. Por interessantes que sejam as reflexões acerca dos solos, dos ventos, do relevo, dos acessos e, não esquecer, das verbas, tais minudências perdem importância quando comparadas com o que de facto conta: a imagem do país no estrangeiro. E se o estrangeiro nos dá seis meses para escolher a localização do aeroporto, convinha ultrapassar polémicas e chegar depressa a um consenso. Vital é não ficarmos mal lá fora.
E não se vê razão para nos limitarmos ao ramo aeronáutico. Podíamos adiantar serviço e poupar embaraços futuros, decidindo em quinze dias tudo o que houver para decidir nos próximos anos. A regionalização? Ouça-se o povo, mas decida-se. O casamento de "gays"? Ouça-se o povo, os noivos, a Opus Gay e a Opus Dei, mas decida-se. A legalização da bestialidade sexual? Ouça-se o povo, os perpetradores, os veterinários e os animais, mas decida-se. Uma candidatura às Olimpíadas de 2044? Ouça-se o povo, os fundistas do Sporting e decrete-se a construção de dezasseis novos estádios, mas, pelo amor de Deus, decida-se: os olhos dos outros estão postos em nós.
Não
falha: o atávico pavor do ridículo leva os portugueses a um ridículo maior. Estranhamente, esse não os embaraça. Nem em termos internacionais, nem, o que nos sai mais caro, em termos nacionais.
Quarta-feira, 13 de Junho
POBRES E BEM-AGRADECIDOS
O alegado roubo do relógio presidencial serviu para desviar a atenção das multidões que saudaram Bush na Albânia, um fenómeno que a esquerda não consegue explicar. Ou talvez não queira.
Até porque é simples. Em parte, a excitação em volta de Bush (ou dos EUA) representa um agradecimento pelo passado: a digressão de Bush pelo Leste europeu coincidiu com o vigésimo aniversário da exortação de Reagan em Berlim (a lendária "Destrua este muro, sr. Gorbachov!"), que sobreviveu como símbolo do tombo soviético. Em parte, a excitação em volta de Bush (ou dos EUA) representa as expectativas de futuro. Aquela gente é agora muito mais livre do que já foi e muito menos abonada do que pretende vir a ser. E se o modelo da liberdade política lhes chegou da América, é à América que eles reclamam o crescimento económico. No fundo, os albaneses nas ruas pediam capitalismo, um espectáculo que naturalmente choca o Ocidente capitalista.
A experiência da miséria é essencial à valorização da riqueza. A experiência da riqueza é essencial à depreciação das suas causas. Um dia, caso a vida lhes corra bem, os albaneses receberão o presidente dos EUA com vaias e sem necessidade de o aliviar de um relógio de cinquenta euros.
Quinta-feira, dia 14
MARCAR O PONTO
Não tenho nenhum problema com o dr. Charrua. De tal maneira, que quando instituí, por força da lei, o relógio de ponto, ele ficou dispensado de marcar o ponto." As palavras são de Margarida Moreira, directora regional de Educação do Norte, em entrevista ao DN. Ler os desabafos da senhora é compreender de que modo uma alma compassiva é fustigada pelos baixos instintos da humanidade.
Veja-se o exemplo do "ponto". O "ponto", imposto à DREN "por força da lei", vigora lá dentro segundo a infinita gentileza da sra. Margarida, que sujeita os funcionários problemáticos ao rigor horário e isenta os restantes da pontualidade. O princípio é sublime. Apenas não prevê a ingratidão da espécie, que conduz ao abuso. O imoral prof. Charrua, um dos privilegiados do "ponto", reagiu à deferência com uma anedota sobre o eng. Sócrates. Uma anedota, vírgula. A sra. Margarida, atenta, esclarece tratar-se de "um insulto ao cidadão José Sócrates, que além de cidadão é o primeiro-ministro de Portugal." E um insulto tão reles que se dirige a um cidadão e atinge um governante merece quinze vergastadas públicas e o degredo. A sra. Margarida, caridosa, optou por um meigo processo disciplinar. Alguém lhe agradeceu? Pelo contrário, forças malignas iniciaram uma "campanha difamatória", que "ataca" a DREN para "chegar" (expressões dela) à pobre directora.
Claro que "durante dois anos", a sra. Margarida, incansável, "mexeu em muitos interesses". Claro que, embora não goste de se "vitimizar como mulher", a sra. Margarida, condoída, sente que os ataques não aconteceriam se ela "fosse um homem". E claro que há "gente a aproveitar a boleia para tentar alguma coisa". Quem? A sra. Margarida, tímida, não revela as fontes da "campanha", mas menciona de passagem os meios: metódica, ela guarda "tudo o que tem saído na comunicação social, nos blogues, ofícios, em tomadas de posição, em artigos de opinião".
Artigos de opinião? Conheço casos. Quanto a mim, e antes que surjam equívocos a propósito de crónicas anteriores, juro não ter sequer sonhado em "atacar" a DREN, "chegar" à sra. Margarida, "tentar alguma coisa" com ela e ainda menos tomar em consideração a sua feminilidade. Isso é próprio de criaturas com problemas, justamente forçadas a marcar o ponto.
Sexta-feira, dia 15
A FACA OU O FAX
Os alunos de Medicina da Universidade de Coimbra (UC) não querem fazer o exame final de curso. A solução comum seria trocarem de curso, de carreira, de escola ou de cidade. A solução folclórica consiste em protestarem até a direcção da UC invocar cansaço e desistir do exame. Sendo (suponho) portugueses, os finalistas escolheram a segunda. Por azar, a direcção teima em não ceder, pelo que os eventuais futuros médicos ponderam "outras formas de luta, mais ao desagrado do corpo docente".
Não desejo perturbar a ponderação, e nem digam que vão da minha parte, mas mirem-se no exemplo vindo do Norte, onde um discente de Direito da Universidade do Minho esfaqueou um professor por discordar de um pormenor curricular. À primeira vista, a navalhada parece-me uma forma de luta suficientemente desagradável para o corpo docente (e para o corpo de cada docente). Se é verdade que o professor em questão levou diversos golpes sem perder a vida nem, a crer nas notícias, o sentido de humor, isso não vos deve desmotivar. Um estudante de Direito encontra-se mais habilitado para o julgamento que para o crime. Um estudante de Medicina não deixará ninguém a rir. E dado que o faquista do Minho foi, para já, mandado em paz, o julgamento afigura-se fácil. Tão fácil quanto enviar o exame por fax, aliás uma terceira solução a considerar.
Sábado, dia 16
O REFUGIADO DO PÂNTANO
António Guterres ambiciona transformar a Europa num "asilo" (sic). À falta de melhor, eis uma utilidade possível. Desde que ultrapassados os obstáculos logísticos. Numa perspectiva optimista, sessenta por cento dos regimes da Terra são ditaduras, sob as quais se arrastam quase quatro mil milhões de desgraçados. Admitindo que dez por cento aspiram à bonança europeia (e admitindo, por omissão, que os outros noventa por cento se afeiçoaram à barbárie), teremos em breve 400 milhões de refugiados às portas, o que praticamente duplicaria a população do continente. Complicado? Para Guterres, célebre pelas noções impressionistas de aritmética, tudo se resolve com "abertura", "integração" e lirismos do género. Não esquecer: os refugiados não são números, são pessoas, uma divisa cujos resultados os portugueses verificaram antes de Guterres, ele mesmo, se refugiar no cargo que brilhantemente desempenha.

O COMANDANTE RONALDO E A PINDERIQUICE NACIONAL

Por : João Miguel Tavares

Um tipo vai ao Modelo comprar beringelas e de repente esbarra no Comandante Ronaldo - um metro e sessenta de cartão barato a olhar para nós. Uma pessoa folheia despreocupadamente uma revistita e pumba, lá parece o Comandante Ronaldo, aparado por duas senhoras com sorriso desmaiado. E pergunta o leitor que apenas devota os seus dias ao estudo da dialéctica hegeliana: mas quem é o Comandante Ronaldo? Bom, o Comandante Ronaldo é a nossa estrela planetária, Cristiano Ronaldo, vestido de piloto de aviação para uma publicidade chunga aos supermercados Modelo e a um livrinho mixuruca chamado Guia das Maravilhas de Portugal.
A contradição de tudo isto é absolutamente fascinante, e mostra o país saloio que insistimos em ser. Imagino que para contratar Cristiano Ronaldo para modelo do Modelo tenha sido preciso encher um camião de libras - coisa que não falta à Sonae. Mas depois de terem na mão o homem do momento o que é que fazem com ele? Uma superprodução à maneira? Um anúncio para ficar na história? Qual quê. Vestem-no com um fato manhoso de comandante das linhas áreas do Burundi bordado a dourado; vão buscar duas modelos ao centro comercial das Olaias para o acolitar (a sombra dos olhos delas combina com o azul-choque do lenço do pescoço, imaginem); e fazem umas montagens em Photoshop com a sofisticação de quem recebeu o primeiro computador há dois dias, das mãos da tia-avó.
Cristiano Ronaldo anda há três anos a esforçar-se para parecer um tipo cool. Curou a acne, endireitou os dentes, ajeitou o penteado. Tem um batalhão de jovens de várias nacionalidades a borboletear à sua volta. Mas depois vem a Portugal ganhar umas massas e decidem vendê-lo ao segmento das donas de casa - e ele, inacreditavelmente, aceita. Lá fora, o homem já foi a cara da Pepe Jeans, que o pôs ao lado da top model Jessica Miller. Lá fora, Cristiano Ronaldo é um ídolo masculino, fotografado em grande estilo para a Vogue americana. Cá dentro... bom, cá dentro é como se de repente retornasse aos tempos do Sporting, quando era um palito habilidoso e o seu jeito para jogar à bola competia com o talento (igualmente grande) para cultivar borbulhas.
Tristemente, o pobre Cristiano veio atrás do cheiro das notas e acabou a segurar o Guia das Maravilhas de Portugal. Na sua insignificância, a transformação em Comandante Ronaldo, promovida por uma cadeia de supermercados, é sintomática da nossa própria pequenez e de um gostinho provinciano que teima em não nos deixar. Guia das Maravilhas de Portugal? O mundo está cheio de ironias... |

06/08/2007

E Deus fez a mulher...

E houve harmonia no paraíso.
O diabo vendo isso, resolveu complicar.
Deus deu a mulher cabelos sedosos e esvoaçantes.
O diabo deu pontas duplas e ressecadas.
Deus deu a mulher um corpo de Barbie.
O diabo inventou a celulite, as estrias e o culote.
Deus deu a mulher músculos perfeitos.
E o diabo os cobriu com lipoglicerídios.
Deus deu a mulher um temperamento dócil.
E o diabo inventou a TPM.
Deus deu a mulher um andar elegante.
O diabo investiu no sapato de salto alto.
Então Deus deu a mulher infinita beleza interior.
E o diabo fez o homem perceber só o lado de fora.
Mas que droga!!! Só pode haver uma explicação para isso:
 
- O diabo só pode ser bicha!!!!!!!!!!!