30/09/2008

DIAS HISTÓRICOS QUE ERA MELHOR NÃO CONHECER

Na sua autobiografia, Groucho Marx lembra aqueles dias em que se sentava no barbeiro, ouvia uma dica sobre acções que deviam ser compradas e corria - ainda com a toalha ao pescoço e o sabão de barba na cara - até à Bolsa mais próxima. Groucho era um humorista, preferia o sentido sorridente da vida, os dias do capitalismo feliz. A esses dias seguiu-se a Terça-Feira Negra (29 de Outubro de 1929) com banqueiros a atirarem-se das janelas dos arranha-céus. Interruptor para cima, interruptor para baixo - o mercado de capitais é assim e, ao que parece, não sabe ser de outra maneira. Enquanto focada na loucura por papéis - seja de jogadores tubarões ou pequenos accionistas - a Bolsa parece assunto de ficção. Dá bons filmes e livros, mas não lhe reconhecemos aquele suor com que se vive o quotidiano. Fazemos mal em pensar assim. Àquele crash de um dia, seguiram-se anos de Grande Depressão. Desemprego generalizado. Já não é tão fascinante e custa mais a passar.
Ferreira Fernandes

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