26/05/2005

Bilionários - caso a a pensar !

texto RAFAEL BRAVO BUCCO
Nove brasileiros estão na lista dos mais endinheirados do mundo. Em comum, oito deles têm seus próprios bancos, e todos, bilhões de dólares nas contas total de R$ 50,5 bilhões é o que têm, juntos, os nove brasileiros mais ricos, segundo a revista americana Forbes, que todo ano faz um ranking dos bilionários espalhados pelo mundo.
Neste ano foram listadas 691 pessoas, cujas fortunas somadas chegam a um montante de R$ 6 trilhões (US$ 2,2 trilhões), e o Brasil passou a ter dois novos integrantes, Marcel Telles e Carlos Sicupira, ambos da Ambev. Com histórico de investimentos em bancos próprios, os maiores afortunados nacionais reforçam a máxima de que dinheiro atrai (e bastante) dinheiro.Mas não pense que isso não traz paradoxos. É difícil ter acesso às benesses de uma vida de luxo. Em um país marcado pela crescente violência, nossos bilionários estão sempre protegidos por uma leva de seguranças, com direito a terno preto, óculos escuros e cara feia. Até mesmo de entrevistas eles fogem, a fim de evitar a exposição. Apesar do acesso restrito, foi possível descobrir um pouco de suas vidas. Por isso, antes de pensar no que faria com montante$$$ como os deles, conheça esses afortunados.
Moise e Joseph Safra
Seguir os passos do pai parece ser o preceito da família Safra (ouro, em árabe), que possui uma rede de bancos em todo o mundo. O membro mais ilustre, o irmão mais velho Edmond, foi assassinado por seu enfermeiro em 1999 - o funcionário pôs fogo no apartamento dele, em Mônaco. Joseph (à direita), 66 anos, e Moise (à esquerda), 71, continuam a saga da família, concentrada no ramo bancário desde o século 19.Os dois juntos possuem nada menos que R$ 14,2 bilhões (US$ 5,2 bilhões), o suficiente para comprar uma frota de 710 mil carros populares. Ok, com esse dinheiro você não compraria um popular, certo? Então tá. Se preferir, os bilionários poderiam levar para casa, de uma só vez, 11.360 Ferraris F-360 F1 Spider, o top de linha da empresa italiana.Segundo a Forbes, eles ocupam o 91º lugar entre os mais ricos do mundo. Além de serem donos do Banco Safra do Brasil, Joseph e Moise possuem o Safra National Bank of New York, o Banque Safra-Luxembourg S.A., o Banque Safra-France S.A., a Cellcom Israel Ltd. (empresa de telefonia celular israelense), o Banco Safra Limited nas ilhas Cayman, o Safra International Bank and Trust Ltd. E, na Aracruz Celulose S.A., são sócios de Antonio Ermírio de Moraes.
Aloysio de Andrade Faria
Médico de formação, Aloysio de Andrade Faria, 85, se transformou em um dos maiores banqueiros do país quando herdou do pai o Banco Real (fundado em 1925 como uma simples cooperativa de crédito). Depois ele venderia o Real para o grupo holandês ABN Amro, em 1998, por US$ 3 bilhões de dólares, dos quais US$ 2,1 bilhões foram diretamente para sua conta particular. Hoje ele ocupa a 170ª posição da lista, com uma fortuna de R$ 8,7 bilhões (US$ 3,2 bilhões).Faria gosta de saber o que se passa em todos os âmbitos de seus negócios. Atualmente, cria cavalos árabes, é dono da fábrica de sorvetes La Basque e do Grupo Alfa, que tem banco, financeira, instituto, corretora de câmbio e de valores mobiliários.Ele fez pós-graduação em Medicina, em Chicago (EUA), e quando o pai morreu tentou conciliar a profissão de médico com a de banqueiro. Mas logo preferiu seguir carreira apenas no mundo dos negócios. Assim, financiou a construção do porto de Vitória, no Espírito Santo, na década de 40. Mais tarde, foi o responsável pelo financiamento da apropriação das terras onde Brasília seria construída. Também é dono do Banco Delta, em Nova York, da rede Transamérica de hotéis e rádios, da Transcheck, empresa que fabrica vales refeição, e da empresa �guas da Prata, que engarrafa água mineral.
Antonio Ermírio de Moraes
Dono do maior grupo industrial brasileiro, o Votorantim, Antonio Ermírio de Moraes, 77, tem R$ 6,8 bilhões (US$ 2,5 bilhões) e ocupa a 243ª colocação do ranking. Desde pequeno já pensava em fazer negócios. Aos sete anos, comprou um caminhão de laranjas com o dinheiro que pegou na gaveta da escrivaninha do pai, José Ermírio de Moraes, com o objetivo de revendêlas. Mas em vez de êxito, acabou levando uma bronca, já que as frutas tomaram conta da casa.Estudou Engenharia Metalúrgica na Universidade de Columbia, em Nova York. Quando concluiu o curso, voltou ao Brasil para trabalhar com o pai, que havia comprado a empresa Fiação e Tecelagem, em 1918, embrião do que seria a Votorantim. Desde então, a diversidade dos negócios e a recusa a qualquer associação com o capital internacional têm sido a filosofia do grupo, que atua nos ramos das finanças, cimento, celulose, química, metais, agroindústria e energia.
Julio Bozano
Ex-sócio do Banco Bozano-Simonsen, Julio Bozano, 67, é conhecido pela habilidade em enxergar bons negócios. Com uma fortuna de R$ 4,3 bilhões (US$ 1,6 bilhão), ele ocupa a 413ª posição na relação da Forbes. Tanto dinheiro torna qualquer situação caríssima para o mortal comum. Quando seu casamento terminou, há sete anos, teve que desembolsar R$ 175 milhões, além de dar à ex-mulher vários de seus imóveis. Apaixonado por cavalos, possui criações em fazendas no Brasil, nos EUA e na ArgentinaIniciou a carreira nos anos 60, quando fundou o Banco Bozano-Simonsen em sociedade com Mario Henrique Simonsen, que foi ministro da Fazenda durante o regime militar. Na década de 80 passou a investir também em ouro. Em 1990, o banco já era um dos gigantes nacionais. Com as privatizações, o Bozano-Simonsen adquiriu a Usiminas, a Cosipa e a Companhia Siderúrgica de Tubarão, que logo depois foram vendidas, rendendo US$ 500 milhões ao banco.Em 1997, comprou o Banco Meridional, o qual vendeu ao banco espanhol Santader, três anos mais tarde, por um valor oito vezes acima do que pagou. Na mesma época, também vendeu o Bozano-Simonsen aos espanhóis. Hoje, o grupo Bozano detêm 20% da Embraer, fabricante de aviões, e investe em siderurgia, comércio (Barra Shopping) e empresas de tecnologia bancária (Eversystems).
Marcel Telles, Jorge Paulo Lemman e Carlos Sicupira
O três principais sócios da Ambev, maior grupo de bebidas da América Latina, já tinham dinheiro antes de internacionalizar o capital. Mas, em 2004, a fusão com a empresa Interbrew, da Bélgica, deixou o trio bilionário. Além de investirem na área de bebidas, são sócios das Lojas Americanas, uma das gigantes do varejo brasileiro, e eram sócios do Banco Garantia.Marcel Telles (à direita), 54, entrou este ano para o ranking, ocupando o 548º lugar com R$ 3,2 bilhões (US$ 1,2 bilhão). Estudou Administração em Harvard (EUA), e defende uma rotina de trabalho informal nas empresas por onde passa. Quando se tornou presidente da Ambev, derrubou paredes e diminuiu a altura das baias para que todos os funcionários pudessem se ver.Carlos Alberto Sicupira (acima), 55, é o 620º colocado com R$ 2,7 bilhões (US$ 1 bilhão) na conta. Fez Administração, também em Harvard. Além do ramo de bebidas e varejo, se mantém no mercado de capital de risco como sócio da empresa GP Investimentos.Telles e Sicupira vieram fazer companhia ao antigo sócio no Banco Garantia: Jorge Paulo Lemman (abaixo), 67. O ex-banqueiro ficou no 228º lugar e possui R$ 7,1 bilhões (US$ 2,6 bilhões). Lemman participa, ainda, dos conselhos da Gillette Company, da Daimler-Benz International e do Credit Suisse Group.
Abílio Diniz
O presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar fica na 507ª posição entre os bilionários do mundo, com R$ 3,5 bilhões (US$ 1,3 bilhão) na conta. Diniz, 68, formou-se em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas e fez estágios e cursos de pós-graduação em Administração e Economia, nos Estados Unidos. Dedicou toda sua carreira ao Pão de Açúcar (fundado em 1948 por seu pai), desde as primeiras atividades como gerente de vendas até a posição que atualmente ocupa.No início da década de 90, tornou- se acionista majoritário do Grupo Pão de Açúcar e foi o responsável pela grande virada da empresa após sua quase ruína. Hoje, o grupo é a maior rede de varejo do país, com cerca de 600 lojas espalhadas por 13 estados. Entusiasta do esporte, incentiva a prática esportiva dentro e fora da empresa por meio de patrocínio de atletas, realização de maratonas e criação de programas de qualidade de vida.
Riquezas no mundo
A lista das pessoas mais ricas do mundo, elaborada pela revista Forbes, tem lá suas curiosidades. Uma delas é a presença do ditador cubano Fidel Castro, que, apesar de não ser um bilionário, teria acumulado uma fortuna de US$ 550 milhões. Pouco menos que a rainha Elizabeth II, que tem US$ 720 milhões.Entre políticos e chefes de Estado bilionários estão o rei Fahd Bin Abdul Aziz Alsaud, da Arábia Saudita, com US$ 22 bilhões; o sultão Haji Hassanal Bolkiah, de Brunei, com US$ 20 bilhões; o príncipe Hans-Adam, de Liechtenstein, com US$ 3,2 bilhões e o primeiro- ministro da Tailândia, Thaksin Shinawatra, com US$ 1,9 bilhão.E como o dinheiro vem e vai, apenas 52 pessoas do mesmo ranking feito pela Forbes, em 1982, entraram na relação de 2005. Na época, 400 afortunados foram listados, dos quais 205 saíram por erros ao administrar seu dinheiro, segundo o JP Morgan. Outras 145 pessoas morreram ou distribuíram sua fortuna a membros da família ou a fundações.Os bilhões parecem circular com mais facilidade entre os investidores na área de novas tecnologias. Dos 20 primeiros colocados, 11 são americanos. A mulher mais bem colocada é Liliane Bettencourt, 82, dona do grupo L'Óreal, que ocupa a 16ª colocação com US$ 17,2 bilhões de dólares debaixo do colchão. Os mais ricos do mundo em 2005, segundo a Forbes, são:
1 - Bill Gates (Microsoft), EUA, US$ 46,5 bilhões
2 - Warren Buffet (Berkshire Hathaway), EUA, US$ 44
3 - Lakshmi Mittal (Mittal Steel), �ndia, US$ 25
4 - Carlos Slim Helu (Telmex), México, US$ 23,8
5 - Alwaleed Alsaud, investidor árabe, US$ 23,7
6 - Ingvar Kamprad (Ikea), Suécia, US$ 23
7 - Paul Allen (Microsoft), EUA, US$ 21
8 - Karl Albrecht (Aldi), Alemanha, US$ 18,5
9 - Larry Ellison (Oracle), EUA, US$ 18,4
10 - S. Robson Walton (Wal-Mart), EUA, US$ 18,3

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