10/05/2006

Árbitros permissivos com jogadores violentos

A tese de que o futebol está cada vez mais duro e de que os árbitros são muito permissivos nas sanções às entradas violentas, faltas por trás, o uso dos braços e cotovelos como forma de agressão, começa a ganhar seguidores. Os clubes exigem coragem para se proteger os artistas e a FIFA já mostrou ser sensível ao assunto. Nesse sentido, o organismo que rege o futebol irá instruir os 44 árbitros escolhidos para o Mundial a agir com enorme rigor no momento de avaliar diversas ocorrências durante os jogos, com ênfase para as entradas e lances violentos. A Liga portuguesa não foge à regra do que se passa na maioria dos campeonatos europeus, tendo--se verificado esta época vários lances que ultrapassaram a barreira da virilidade e que não foram devidamente penalizados.

Na recepção do Boavista ao Leiria, o defesa axadrezado Hélder Rosário entrou de forma extremamente violenta sobre Touré, tendo o leiriense sido transportado para o hospital. Cartão? Não viu.

Outro jogador do Boavista, Tiago, não se coibiu de utilizar qualquer forma de parar Simão. A violência foi tal que só por milagre o capitão encarnado não ficou gravemente lesionado. Por este lance o axadrezado foi sancionado com o amarelo.

No Sporting-FC Porto, Quaresma teve uma entrada fora de tempo a Tonel. Ao extremo portista foi-lhe perdoada a expulsão.

O médio do Benfica Petit também escapou ao cartão no encontro com o Guimarães, na Luz, após uma falta dura - entrada por trás - sobre Targino. Porém, acabou por ser submetido a um processo sumaríssimo, cumprindo um jogo de castigo.

Estes foram alguns dos casos que marcaram a temporada. No entanto, apesar das preocupações com os lances mais agressivos, não é correcto pensar-se que o futebol praticado actualmente tem níveis de violência mais elevados do que há umas décadas. Pelo menos é assim que pensam alguns profissionais da modalidade contactados pelo DN.

"O futebol sempre foi desporto agressivo, viril. Faz parte da sua natureza. O que não quer dizer forçosamente violento", defende o técnico Agostinho Oliveira, treinador da selecção de sub-21. O desporto-rei mudou muito e em várias vertentes.

"Comparar o futebol de hoje com o praticado há 20 ou mais anos é um exercício difícil", comenta o seleccionador, explicando depois as razões: "A agressividade que hoje existe no futebol advém em grande parte da melhor preparação física dos jogadores, da maior velocidade com que é praticado, do aumento da pressão sobre o jogador que tem a posse de bola."

"O profissionalismo é mais elevado. A pressão que existe, tanto a nível psicológico como a nível táctico, explica, em parte, o maior contacto físico e por inerência a existência de um conjunto de lesões graves", acrescenta Rodolfo Moura, fisioterapeuta do Benfica. Mas estas podem ser apenas algumas das razões para explicar o passar da fronteira entre agressividade e violência. "Não poderemos ignorar que o calçado desportivo, os vários tipos de relva, a própria bola ajudam a aumentar o desempenho e por consequência o contacto físico", afirma.

Para Carlos Mozer, o futebol "paga" pelo espectáculo em que está transformado. "O mediatismo é hoje muito maior. É tudo analisado ao pormenor. No meu tempo havia quatro câmaras de televisão ... actualmente existem 20, todos os ângulos são apanhados, todos os detalhes são explorados", diz o antigo defesa do Benfica, que sempre foi visto como um central duro e que não hesita em afirmar que no seu tempo "havia jogadores mais maldosos.

1 comentário:

Anónimo disse...

I really enjoyed looking at your site, I found it very helpful indeed, keep up the good work.
»