30/05/2006

Hospital de Santa Maria !

Será que não existe ninguém preocupado com esta situação, em Portugal ?

Estudo hoje apresentado no Porto


Fonte: PUBLICO.PT

No Serviço de Medicina do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, os doentes estão internados em média nove dias e a taxa de ocupação é superior a 122 por cento, o que significa que, em regra, há sempre cinco pessoas em macas no corredor por falta de camas.

Num estudo que hoje será apresentado no Porto, os autores defendem que, com uma gestão mais rigorosa e uma redução do tempo de internamento de cada doente para a média nacional (seis dias), seria possível poupar 1,6 milhões de euros por ano, «garantindo aos utentes um atendimento mais condigno», defende Ana Maria Lopes, uma das autoras da investigação, que está a terminar o internato da especialidade em Medicina Interna.

O estudo - que hoje é apresentado no Congresso Nacional de Medicina Interna - avaliou o tempo de internamento de 3234 doentes que passaram pelo serviço durante dois anos. E conclui que os pacientes - a maioria idosos com várias doenças crónicas e outros problemas - estão internados durante muito mais tempo do que o seu estado de saúde exige, quer devido a falta de alternativas de tratamento, quer pela burocracia e organização interna do Santa Maria. «A maioria dos doentes não precisa de estar num hospital especializado. Precisa de cuidados de enfermagem ou de recuperação, mas não encontra resposta na comunidade», diz Ana Maria Lopes. «O serviço tem uma ocupação de 122 por cento, ou seja, em média, temos cinco pessoas internadas em maca, mas há dias em que são 20».

Perde-se tempo a preencher «papelada».

Para o serviço, «que é a espinha dorsal do hospital», são encaminhados doentes de outros serviços e muitos dos chamados casos sociais que chegam às urgências. Por outro lado, «perde-se muito tempo a pedir e a executar exames e outras técnicas de diagnóstico, a preencher papelada que acaba por prolongar o internamento do doente, além de consumir meios humanos escassos, que poderiam estar a desenvolver actividades mais importantes para o doente», defende.

O estudo concluiu que, mesmo serviços como a Medicina Interna, podem ser rentabilizados. «Analisámos apenas um quarto dos doentes atendidos no serviço em dois anos. E se, em média, cada doente estivesse internado menos três dias, pouparíamos 400 mil euros por ano. Mas a análise pode ser extrapolada a todo o serviço. E, desta forma, as poupanças seriam de 1,6 milhões de euros», conclui.

Joana Ferreira da Costa

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