31/07/2006

A “Passarola” do Padre Bartolomeu de Gusmão, o Padre Voador"

Com o devido respeito, pois foi retirado da pagina da Torre do Tombo, aqui transcrevo o que se sabe do grande padre voador:
Bartolomeu Lourenço de Gusmão nasceu em 1685 na Vila de Santos, perto de São Paulo, Capitania de São Vicente, Brasil, que era então parte integrante da coroa portuguesa.

Fez os primeiros estudos na sua terra natal, tendo seguido posteriormente para o seminário jesuíta da cidade da Baía. Aí, mostrou desde logo a sua aptidão e interesse pelo estudo da física. Mas não se ficou pelo interesse teórico. Deu provas de um espírito inventivo quando resolveu o problema de elevação da água a 100 metros de altura no convento onde se encontrava, tendo concebido uma máquina para o efeito, de que posteriormente teve alvará (23 de Março de 1707). Tal documento representa a primeira patente garantida a um inventor brasileiro em pleno período colonial. Infelizmente não são conhecidos desenhos nem esquemas e o modelo construído não resistiu à acção do tempo tendo sido destruído, pelo que não é possível ter uma ideia precisa do mesmo.

Em 1701, com 16 anos, partiu para a metrópole naquela que foi a sua primeira visita, com o objectivo de desenvolver a sua cultura e os seus conhecimentos. De volta ao Brasil em 1705, desenvolve os seus estudos secundários. Embarca de novo para a metrópole em 1708, já ordenado sacerdote, tendo-se matriculado na Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra, desenvolvendo os seus estudos de Física e Matemática.

Logo nesse ano trabalha afincadamente no projecto de um engenho “mais-leve-que-o-ar”. Consta que ao observar uma pequena bola de sabão pairando no ar, se inspirou para a concepção de um balão.

Entrega a D. João V a petição de privilégio sobre o seu “instrumento de andar pelo ar” – que se revelaria ser, mais tarde, o que hoje se conhece por “aérostato” ou “balão” - que lhe é concedido por alvará, a 19 de Abril de 1709. O monarca acaba por subsidiar os gastos da construção do aparelho, bem como lhe concede a mercê de Lente de Prima Matemática na Universidade de Coimbra, com um rendimento vitalício substancial.

Em Agosto de 1709, no castelo de São Jorge, perante o rei D. João V, a rainha D. Maria Ana de Áustria, do Núncio Apostólico Cardeal Conti (futuro papa Inocêncio XIII), do Corpo Diplomático e demais membros da corte, fez 3 experiências com balões de pequenas dimensões, por ele construídos: no dia 3, o protótipo pegou fogo antes de subir; no dia 5, fez elevar a uns 4 metros de altura um pequeno balão de papel pardo grosso, cheio de ar quente produzido pelo “fogo material contido numa tigela de barro incrustada na base de um tabuleiro de madeira encerada”, mas com receio de que o balão pegasse fogo aos cortinados da sala dos embaixadores da Casa da Mina, dois criados destruíram o balão - a experiência tinha sido coroada de êxito e impressionado todos os presentes; no dia 8, desta vez ao ar livre, no pátio da Casa da Índia, o balão subiu a grande altura e desceu suavemente.

A 8 de Outubro desse ano, Bartolomeu de Gusmão fez nova experiência no pátio da Casa da Índia, com um aparelho maior que os anteriores, mas ainda incapaz de carregar um homem. A experiência teve êxito absoluto.
O facto causou grande rebuliço na cidade e a notícia rapidamente se espalhou pela Europa, Bartolomeu de Gusmão ganhou a alcunha de “O Voador” e o seu invento, divulgado na Europa em estampas fantasiosas, é representado como uma barca com feitio de pássaro que ficou conhecido como a “passarola”.

No entanto estas experiências, apesar de presenciadas por ilustres personalidades, não foram suficientes para a popularização do invento e não estimularam a construção de um modelo grande, tripulável.

De 1713 a 1715 Bartolomeu vive na Holanda, Inglaterra e França, onde desenvolve a produção de trabalhos literários, de cariz científico, bem os seus Sermões.

Denunciado ao Tribunal do Santo Ofício como apóstata judaizante, devido à sua amizade com cristãos novos brasileiros vigiados pelo Santo Ofício, fugiu de Lisboa a 26 de Setembro de 1724, adoptando o nome falso de Miguel Santos.

Após dois meses em fuga e há vários dias doente com febre, morria a 18 de Novembro de 1724, no Hospital da Misericórdia, em Toledo, Espanha, aos 38 anos de idade, na mais completa miséria.


Código de Referência:
PT-TT- MSLIV/1011

Cota:
Manuscrito da Livraria, nº 1011 –Casa Forte

O Manuscrito da Livraria 1011 intitula-se “Cartas, consultas e mais obras de Alexandre de Gusmão: máquina aerostática do Padre Bartolomeu Guerreiro” (sic), em suporte papel, manuscrito, possui 204 páginas e as dimensões de 222mmx160mm. O desenho da máquina aerostática possui a dimensão de 300mmx216mm.

Trata-se de um manuscrito que contém documentos de 1722, 1740-1752, correspondendo às cópias de 32 cartas dirigidas por Alexandre de Gusmão, político e diplomata (1695-1753) e afilhado do Padre Alexandre de Gusmão, a diversas personalidades da sua época. Contém ainda 4 cartas dirigidas a familiares, bem como o “Cálculo sobre a perda do dinheiro do reino”, considerações sobre a Lei de 3 de Setembro de 1750, a consulta do Conselho Ultramarino sobre o Regimento das fundições das Minas, o “Discurso… da execução do Tratado dos limites da América…”, a representação de Alexandre de Gusmão a D. João V, o sermão da Paixão pregado pelo Padre Inácio Rodrigues, atribuído a Alexandre de Gusmão e impresso na Oficina de Pedro Ferreira, impressor da rainha. Contém também a petição do Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, sobre o instrumento que inventou para andar no ar e suas utilidades, objecto de consulta ao Desembargo do Paço, com despacho favorável dado em 17 de Abril de 1709, concedendo-lhe a mercê de primeira dignidade que vagasse na colegiada de Barcelos ou nas de Santarém, e o lugar de Lente de Prima Matemática na Universidade de Coimbra e inclui a explicação da máquina e respectivo desenho.

Encontra-se disponível uma versão online no seguinte endereço:http://ttonline.iantt.pt/dserve.exe?dsqServer=calm6&dsqIni=Dserve.ini&dsqApp=Archive&dsqCmd=show.tcl&dsqDb=Catalog&dsqPos=1&dsqSearch=(((text)='bartolomeu')AND((text)='de')AND((text)='gusmão')), através do TTonline.

Durante o mês de Agosto de 2006 a documentação encontra-se disponível ao público no Piso 1, no Hall principal, junto ao Bengaleiro, de 2ª a 6ª feira, das 9h30m às 17h15m.

Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo
Alameda da Universidade
1649-010 Lisboa
Tel: 217 811 500 / Fax: 217 937 230

Correio electrónico: dc@iantt.pt
Sítio Web: www.iantt.pt

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