08/04/2008

Jogadores do Boavista ameaçam fazer primeira greve no futebol desde o 25 de Abril

Os jogadores do Boavista podem entrar para a história como protagonistas da primeira greve do futebol profissional português no regime democrático, caso concretizem a ameaça feita hoje, devido a salários em atraso.
Por ainda não lhes ter sido pago a totalidade dos ordenados de Fevereiro e Março e 60 por cento do de Dezembro, os futebolistas do Boavista anunciaram uma greve para o jogo no Estádio do Bessa com o Nacional, da 27ª jornada da Liga, agendada para 20 de Abril.
O encontro do próximo sábado no terreno do Vitória de Guimarães não pode ser objecto de greve, uma vez que o pré-aviso tem que dar entrada no Tribunal do Trabalho com cinco dias úteis de antecedência.
Em temporadas anteriores, Vitória de Setúbal, Portimonense, Farense e Ovarense também se confrontaram com intenções de greve pelos mesmos motivos, mas nenhuma delas chegou a ser concretizada. "Ameaças, sim, já houve várias", sublinhou o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF).
Joaquim Evangelista lembra-se apenas de ouvir falar de uma acção grevista anterior ao 25 de Abril de 1974, referindo-se ao sucedido em Maio de 1962, quando a Académica faltou ao jogo com o Beira-Mar, em Aveiro, solidária com a luta da Associação Académica da Universidade de Coimbra.
O dirigente sindical participou na reunião, efectuada no Bessa Hotel, no Porto, em que o plantel profissional do Boavista tomou a "decisão unânime" de ir para a greve, por incumprimento salarial.
No Estrela da Amadora, igualmente com graves problemas financeiros, a ameaça de greve está latente desde há semanas, mas jogadores têm adiado uma de posição drástica e esperam receber hoje os seus ordenados.
O Vitória de Setúbal enfrentou uma situação idêntica na época passada, bem como em Dezembro de 2005. Na altura, foi também Joaquim Evangelista quem anunciou a "convocação de uma greve" por incumprimento salarial.
O que não é novo é o problema dos salários em atraso no futebol, nem no Boavista nem em grande parte das equipas profissionais. O presidente do SJPF reafirmou também hoje que o problema atinge "mais de metade" dessas equipas.
Evangelista recusou revelar quais são os outros clubes infractores, prometendo fazê-lo "no final do campeonato", mas, segundo o líder sindical, o Boavista não é o caso pior, porque há equipas em que os jogadores não recebem "há cinco meses".
 

 

Sem comentários: