12/10/2005

Droga e álcool aumentam na PSP e na GNR

Esta noticia do Diario de Noticias, vai dar pano para mangas....

Os casos de violência protagonizados por elementos da PSP e da GNR sobre civis estão a aumentar, assim como o consumo de tráfico de droga, dentro da própria PSP, especialmente nos comandos de Lisboa e do Porto. Mas não só. Nestas forças de segurança, continua a registar-se também um elevado consumo de álcool, apurou o DN junto de fonte do Ministério da Administração Interna (MAI). A Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI), entidade que fiscaliza o exercício da actuação policial, está sem inspector-geral há mais de oito meses. Este ano, oito cidadãos morreram com tiros disparados por agentes da PSP e da GNR, enquanto em 2004 não houve registo de qualquer situação semelhante."O Governo parece interessado em enfraquecer uma estrutura que é fundamental no seio da Administração Interna", disse ao DN José Manageiro, da Associação de Profissionais da Guarda, manifestando-se "surpreendido" por a IGAI continuar sem inspector-geral. "Os surpreendentes silêncios e indefinições do MAI ao longo destes oito meses vão ter consequências graves", garantiu"As consequências graves" já começaram a ser visíveis, segundo fontes policiais, as quais, dizem, que "uma delas é o facto de este ano já terem morrido oito civis em resultado de tiros disparados por agentes da PSP e da GNR." Num destes casos está envolvido um agente com um historial de alcoolismo, situação que era do conhecimento das hierarquias. Fontes contactadas pelo DN garantem que, nestes últimos oito meses, o consumo de álcool, especialmente na GNR, foi como que "liberalizado". Antes, o receio das "visitas" da IGAI afastava as garrafas da exposição nos bares dos postos. Agora, volta a ver-se bebidas alcoólicas como que "a convidar a um copo", contaram ao DN.Os agentes, por vezes, são "convidados" a fazer o teste do álcool, mas ninguém conhece os resultados. A GNR poderia, inclusive, actuar, caso algum dos agentes acusasse um consumo elevado, já que no seu seio existe uma estrutura interna de inspecção com competência disciplinar, chamada Núcleo de Deontologia e Disciplina (NDD). Porém, "essa estrutura não funciona", garantiram-nos.A violência sobre civis no interior de postos e esquadras é igualmente uma das consequências graves da indefinição por que está a passar a IGAI. "Há mais actos de violência", garantiram as fontes do DN, frisando que os próprios agentes reconhecem que muitos daqueles actos poderiam ser evitados. "Estamos numa fase de retrocesso", admite José Manageiro, explicando que antes da criação da IGAI, em 1996, era quase normal os agentes violarem os direitos humanos para atingir os seus objectivos. "Agora, pensava-se que a actuação dos agentes estivesse mais humanizada, mas não é essa a realidade", comentou ao DN uma fonte policial . Por outro lado, José Manageiro lembrou que já ninguém se importa em promover a formação contínua dos elementos das forças de segurança. Aliás, "já não há formação contínua". Além da violência e do álcool, em excesso, regista-se também o aumento do consumo e tráfico de droga no interior das forças de segurança, em especial, dizem as fontes do DN, na PSP de Lisboa e Porto. Se na GNR o NDD funciona mal, ou praticamente não funciona, na PSP esse núcleo disciplinar está em vias de ser extinto, apurou o DN. Neste sentido, com a IGAI numa "atitude amorfa" - segundo José Manageiro -, e com uma estrutura disciplinar interna inexistente, a acção dos agentes da PSP está praticamente sem controlo. No que respeita ao consumo de droga, os agentes nem sequer são submetidos a testes de controlo periódico, que são apenas obrigatórios na fase de recrutamento. Mas, garantem as fontes do DN, até nesta fase há quem troque a urina para ludibriar os resultados.Segundo as mesmas fontes, preocupante é o tráfico de droga em que estão envolvidos agentes das forças de segurança. A sua existência está detectada - garantem-nos -, mas sem que se vislumbre uma solução a extinguir .O DN apurou que várias situações já estão a ser investigadas, especialmente aquelas em que foram identificados agentes em situações de risco, sem que a sua presença tivesse sido solicitada. Tais casos foram registados em bairros em que abunda o comércio de estupefacientes.Estas questões não são novas. Em 1998 foram feitos vários estudos por um membro da IGAI, Maria João Militão, abordando precisamente a violência e o consumo de álcool e droga. Nesses estudos, noticiados pelo O Independente, já se denunciava a realidade que agora, apurou o DN, se mantém e que, por "inércia da IGAI", tende a agravar-se. O DN apurou que o plano de activididades da IGAI para 2004 já previa a realização de um outro estudo sobre a mesma temática, visando com parar os resultados obtidos em 1998. Segundo as nossas fontes, esta avaliação está agora a ser feita. O DN tentou obter uma reacção do Ministério da Administração Interna, mas até ao fecho desta edição não foi possível. O mesmo aconteceu com a Associação Sócio-Profissional da Polícia.

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