23/09/2006

Ramadão: Muçulmanos começam hoje.

Começa hoje o mês de jejum dos muçulmanos.
Os mais de mil milhões de muçulmanos existentes no Mundo, incluindo 40.000 em Portugal, iniciam hoje o mês do Ramadão, nono do calendário islâmico, durante o qual praticam o jejum desde do nascer até ao pôr-do-sol.
«O objectivo do jejum é adquirir piedade, ser mais generoso e carinhoso», explicou o xeque David Munir.
O Ramadão vai prolongar-se até 23 de Outubro e decorre entre as 06:00 da manhã e as 19:30.
«O jejum só é obrigatório para muçulmanos adultos e saudáveis.
Os idosos, as crianças, mulheres grávidas, pessoas doentes e viajantes não cumprem o Ramadão«, adiantou.
Durante o mês do Ramadão, que termina com a festa de Aidl- Fitr, os fiéis devem abster-se de beber, de comer ou de ter relações sexuais desde o nascer ao pôr-do-sol, bem como evitar tudo o que possa magoar o próximo.
O jejum do Ramadão - que diariamente termina com a ingestão de uma tâmara quando o sol desaparece do horizonte - é um dos »cinco pilares« do Islão, sendo os outros, a profissão de fé (chahada), a oração (salat), a esmola (zakat) e a peregrinação (hadj) aos lugares santos de Meca e Medina.
Este ano o Ramadão será marcado por uma forte crispação com o Ocidente, exacerbada pelas recentes declarações do Papa Bento XVI e por vários conflitos armados.
Este nono mês do calendário islâmico, deve ser um período de piedade e tranquilidade para os muçulmanos mas, segundo a tradição, também é um mês de combate.
No Islão contemporâneo, este aspecto tradicional desapareceu e foi substituído pelo ambiente festivo em família.
No entanto, alguns grupos islamitas radicais, nomeadamente no Iraque, evocam aquela característica do Ramadão para multiplicar os ataques no âmbito da jihad.
Este ano, o alvo dos extremistas é uma figura emblemática dos católicos, o Papa, que desencadeou uma vaga de protestos por ter estabelecido uma ligação implícita entre o Islão e a violência.
A controvérsia sobre as declarações de Bento XVI surgem poucos meses depois das manifestações violentas e das quais, em certos casos, resultaram mortos, que se seguiram à publicação na Europa de caricaturas do profeta Maomé, que os muçulmanos consideraram blasfemas.
Numerosos muçulmanos também vêem a actuação das potências ocidentais, como os Estados Unidos e o Reino Unido, em conflitos regionais como no Iraque, territórios palestinianos, Líbano e Afeganistão como uma nova «cruzada» contra o Islão.

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