31/01/2006

Noruega e Dinamarca alvos da ira dos países islâmicos

A diferença entre países livres e países fundamentalistas !

"A publicação de uma dúzia de caricaturas satíricas do profeta Maomé, por um jornal da Dinamarca e uma revista da Noruega, desencadeou uma onda gigantesca de protestos no mundo islâmico contra os dois países escandinavos. Até agora, o incidente mais grave foi a agressão de dois trabalhadores da Arla Foods em Meca, cidade santa da Arábia Saudita, levando a empresa alimentar sueco-dinamarquesa a suspender a produção no país. Os desenhos, além de violarem a simples interdição de representar o profeta do Islão (ver caixa), mostram Maomé com um turbante em forma de bomba, cujo rastilho está a arder, entre outras coisas.Há quatro meses, quando o diário dinamarquês Jyllands-Posten publicou as imagens de Maomé, a polémica ficou circunscrita às fronteiras da Dinamarca. Mas depois de a revista norueguesa Magazinet ter repetido as caricaturas, no início deste mês, a onda de protestos extravasou-as. E estende-se já do Norte de África até à região do Golfo.No Egipto, o líder do grupo islamita Irmãos Muçulmanos e o sindicato das câmaras do comércio apelaram ao boicote dos produtos dinamarqueses e noruegueses, estando a medida a ser praticada em países como a Arábia Saudita ou o Koweit. A Líbia encerrou a sua representação diplomática em Copenhaga, os Emirados Árabes Unidos denunciaram um "extremismo cultural", o Líbano lembrou que "foi fundado sob o respeito por todas as religiões" e que "existem certas tensões que são desnecessárias nesta altura".Nos territórios palestinianos, membros das brigadas dos Mártires de Al-Aqsa deram 48 horas a todos os trabalhadores escandinavos para abandonar a Faixa de Gaza, havendo imagens de bandeiras dinamarquesas a arder na Cisjordânia. Também o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, de visita a Doha, condenou a publicação das caricaturas do profeta Maomé e pediu à Europa que "não substitua o anti-semitismo pelo anti-islamismo". Na Dinamarca, onde os autores dos desenhos e os directores do jornal foram ameaçados de morte, o primeiro-ministro liberal Anders Fogh Rasmussen repetiu a afirmação de há quatro meses "A liberdade de expressão é uma das bases da democracia dinamarquesa. O Governo não pode influenciar as decisões dos media privados". A União Europeia também saiu em defesa do seu Estado membro. A presidência austríaca lembrou o compromisso da UE para com a liberdade de imprensa. E o alto representante para a política externa da UE, Javier Solana, sublinhou que os 25 "países respeitam as religiões e não querem agredir ninguém".Apesar disso, o comissário europeu para o Comércio, Peter Mandelson, já avisou que, caso o boicote aos produtos escandinavos prossiga, a UE pode levar o assunto à Organização Mundial do Comércio. A Noruega também tenta esbater a polémica, com o Ministério dos Negócios Estrangeiros a aconselhar os embaixadores noruegueses em países islâmicos a lamentar o sucedido, recomendando simultaneamente aos cidadãos que não viajem para certos destinos nos próximos dias. "

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