14/04/2006

Aonde

(Florbela Espanca )

Ando a chamar por ti, demente, alucinada,
Aonde estás, amor ? Aonde ... aonde ... aonde ?
O eco ao pé de mim segreda ... desgraçada ...
E só a voz do eco, irónica , responde!

Estendo os braços meus ! Chamo por ti ainda !
O vento, aos meus ouvidos, soluça a murmurar;
Parece a tua voz, a tua voz tão linda
Cantando como um rio banhado de luar !

Eu grito a minha dor, a minha dor intensa !
Esta saudade enorme, esta saudade imensa !
E só a voz do eco à minha voz responde ... Em gritos, a chorar, soluço o nome teu
E grito ao mar, à terra, ao puro azul do céu:
Aonde estás, amor ? Aonde ... aonde ... aonde ?

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