03/04/2006

Castelo-Branco, Camilo

"O pequeno pegureiro contou as cabras à porta do curral; e, dando pela falta de uma, desatou a chorar com a maior boca e bulha que podia fazer. Era noite fechada. Tinha medo de voltar ao monte, porque se afirmava que a alma do defunto capitão-mor andava penando na Agra da Cruz, onde aparecera o cadáver de um estudante de Coimbra, muitos anos antes. O povo atribuíra aquela morte ao capitão-mor de Santo Aleixo de Além - Tâmega, por vingança de ciúmes, e propalava que a alma do homicida, de fraldas brancas e roçagantes, infestava aquelas serras. O moleiro das Poldras contrariava a opinião pública, asseverando que a aventesma não era alma, nem a tinha, porque era a égua branca do vigário."
"Maria Moisés"
in Novelas do Minho, vol. I, p. 17

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