Letra e música: José Luís Tinoco
Interpretação: Carlos do Carmo
No teu poema
existe um verso em branco e sem medida
um corpo que respira
um céu aberto
janela debruçada para a vida.
No teu poema
existe a dor calada lá no fundo
o passo da coragem em casa escura
e aberta uma varanda para o mundo.
Existe a noite
o riso e a voz perfeita à luz do dia
a festa da Senhora da Agonia
e o cansaço
o corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio
acima de quem nasce fraco ou forte
o risco, a raiva e a luta
de quem cai ou que resiste
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não resigno
e os sonos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um canto-chão alentejano
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.
Existe um rio
um canto em vozes juntas, vozes certas
canção duma só letra e um só destino
a embarcar no cais da nova nau das descobertas.
Existe um rio
acima de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai ou que
resiste
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro
existe tudo o mais que ainda me escapa
um verso em branco à espera do futuro.
05/04/2006
No Teu Poema
Colocado por Anónimo na quarta-feira, abril 05, 2006
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