10/02/2008

Saber encarar o fracasso.

Interessante artigo de "Fio, de terra, David, Pontes, Director adjunto do JN"
"As declarações do director-geral da PJ, Alípio Ribeiro, sobre a oportunidade da constituição como arguidos dos pais de Madeleine McCann suscitaram um inusitado coro de críticas. Mesmo que possam ser julgadas pouco oportunas, se as ouvirmos no contexto percebemos que elas não têm a gravidade que muitos lhes imputaram e não justificam, de forma alguma, a demissão do director da PJ.
O que dói é entendermos nas palavras dele que a investigação mais mediática da Justiça portuguesa seguiu, porventura, um caminho errado e está, seguramente, num impasse. O que fez Alípio Ribeiro foi preparar-nos, com a verdade, para esse desconfortável desenlace.
De maneira muito diferente assistimos, durante esta semana, ao esvaziar, por arquivamento, de um dos mais mediáticos casos relacionados com o "Apito Dourado" ou, mais propriamente, com o livro de Carolina Salgado, as agressões a Ricardo Bexiga.
Quando a equipa especial de Pinto Monteiro/Maria José Morgado chamou a si os processos do "Apito" esperava-se que as declarações da ex-companheira de Pinto da Costa ajudassem a apurar a verdade. Hoje, sabemos que não serviram para nada. Como encarou a equipa especial este fracasso, que lança uma sombra sobre outros casos baseados nas declarações de Carolina? Assumindo que a suas diligências redundaram em zero? Não. Antes espalhando a suspeita de que, antes deles, outros tinham fracassado. Desde logo, com críticas no despacho de arquivamento que, lidas precipitadamente, pareciam dirigir-se ao DIAP do Porto, mas que tinham a PSP como alvo. Os agentes da PSP não tinham, neste caso de agressão num parque de estacionamento, agido como a gente vê no CSI. Às vezes é mesmo uma pena a vida não ser como nos filmes, mas a PSP garantiu que fez tudo o que é habitual nestes casos. Mas, com mais umas fontes não identificadas, estava montado circo que, durante alguns dias, colocou o DIAP do Porto debaixo de fogo, nem que para isso voltem a aparecer suspeitas que já têm meses. Assim, ninguém notou a falta de resultados da PGR neste caso.
Já agora, o actual director da PJ foi superior hierárquico do DIAP no Porto na altura dos factos. Mas isso deve ser coelho de outra cajadada, ou não?"

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