16/11/2008

Escândalo BPN .Louçã culpa antiga "elite política do cavaquismo".

"A burguesia do BPN era a elite política do cavaquismo", afirma o líder do Bloco de Esquerda que acusa o executivo de Sócrates de pretender que "seja o IRS das pessoas a pagar as falcatruas de gente que provavelmente nunca será julgada por estes crimes".
O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, afirmou hoje que o "escândalo" Banco Português de Negócios (BPN) é o primeiro de "cumplicidade" entre poder político e económico, envolvendo a antiga "elite política do cavaquismo".
As afirmações de Francisco Louçã foram feitas na sua intervenção de fundo no segundo dia do Congresso Internacional Karl Marx, que até domingo decorre na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e junta especialistas internacionais que vão debater a actualidade marxista na conjuntura de crise do capitalismo.
"A burguesia do BPN era a elite política do cavaquismo", começou por apontar o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda.
Em posteriores declarações aos jornalistas, Francisco Louçã aprofundou as suas acusações sobre o percurso do BPN em Portugal.
Segundo a tese de Louçã, "uma parte dos mais poderosos de Portugal - dos que acharam que eram sempre inexpugnáveis, que não eram obrigados ao cumprimento das leis - pensaram que podiam ter um banco, com grande proximidade face ao poder político e, partir daí, fazerem o que nós hoje sabemos".
"Sabemos que houve 30 milhões de euros que desapareceram para um gestor de fortunas privadas em Gibraltar; sabemos que foram aplicados mais de 200 milhões de euros numa empresa do Brasil, que depois foi vendida por cinco milhões; sabemos que houve 71 milhões de euros aplicados numa off-shore em Porto Rico; e sabemos que estes banqueiros desapareceram e hoje não respondem por isto", afirmou o deputado do Bloco.
"É uma galeria desta elite social, que, no caso do BPN, achou que podia fazer tudo, inclusivamente comprar secretamente um banco para fazer manobras ilegais em violação da lei e fazendo desaparecer milhões de euros", acrescentou.
Para Francisco Louçã, o caso do BPN "é o primeiro caso em que há uma enorme cumplicidade entre o poder político e o poder económico".
"Há pessoas que transitam de governos e, como ex-governantes, constituem um banco - e esse banco colapsa numa falência gravíssima, deixando um buraco enorme, que agora o actual Governo quer obrigar os portugueses a pagarem", protestou.
Neste contexto, Francisco Louçã acusou ainda o actual executivo socialista de pretender que "seja o IRS das pessoas a pagar as falcatruas de gente que provavelmente nunca será julgada por estes crimes".
"É esta irresponsabilidade tão grande que explica o facto de já ter passado mais de um ano e ainda não ter sido feita qualquer acusação", disse.

 

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